10/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 16 - Corpo, Corporeidade e Cuidado em Saúde |
11271 - REDE CEGONHA E MULHER: REFLEXÕES EM TORNO DO CORPO GRAZIELA MARIA DA SILVA GATTO - UNICAMP, JULIANA LUPORINI DO NASCIMENTO - UNICAMP
Apresentação/Introdução O modelo vigente brasileiro de assistência à saúde no tocante ao parto e nascimento tem revelado a necessidade de reconfingurações em sua concepção estrutural. Plantões cheios, profissionais sobrecarregados, cuidado centralizado no molde hospitalocêntrico, situações que, por vezes, refletem no exercício de práticas desumanizadoras. A Rede Cegonha, criada pela portaria 1.459 de 24 de junho de 2011, no âmbito do Sistema Único de Saúde, visa uma mudança na lógica de atenção materno-infantil no tocante ao parto e nascimento. Como programa da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, produz efeitos concretos na vida e no entendimento sobre o corpo da mulher, destacando uma relação direta entre compreensão do corpo e modos de funcionamento do programa. A partir de autores que compreendem o gênero como construção político-cultural e afirmam o corpo como local de produção de discursos e práticas, além de um espaço de tensão entre formas de sujeição e forças de experimentação, faz-se relevante discutir o modo como a Rede Cegonha se posiciona como instância de produção de corpos e identidades socioculturais.
Objetivos A partir da relevância das práticas e discursos produzidos em torno da humanização do parto e nascimento na atualidade, este trabalho objetiva analisar as representações e o modo de abordagem do corpo promulgado pela portaria da Rede Cegonha.
Metodologia O presente trabalho caracteriza-se enquanto metodologia qualitativa, no qual se realizará uma análise documental da portaria da Rede Cegonha. Aliado às contribuições foucaultianas e de autores que repensam o corpo a partir dos estudos de gênero, questiona-se: que programa é esse? A que corpos ele se refere?
Discussão e Resultados Depois de delimitado o objeto da pesquisa e respeitando que não há fronteiras específicas entre coleta de informações, início do processo de análise e interpretação, destacam-se como resultados parciais deste trabalho: 1) a Rede Cegonha como marco relevante para as políticas públicas de humanização de parto e nascimento; 2) a distinção entre política em discurso e política em ato; 3) a influência histórica do Estado e da Medicina para a concepção docilizada do corpo mulher; 4) ampliação da noção de corpo por meio dos estudos de gênero. Através destes resultados, infere-se que apesar da sua importância, a Rede Cegonha também exerce sua função como produtora de corpos e identidades socioculturais. Exemplo são as críticas por parte de movimentos de mulheres quanto à retomada da saúde materno-infantil por parte do programa, em detrimento à mulher como sujeito principal da política. Neste sentido, reafirma-se a importância dos estudos de gênero no intuito de desconstruir noções do corpo mulher historicamente pautadas tanto por distintos campos de saber, em especial a Medicina, quanto pelo próprio Estado.
Conclusões/Considerações Finais A proposta é que este trabalho possa contribuir para a reflexão crítica do discurso impresso na Rede Cegonha e a compreensão do corpo mulher enquanto recanto de produção de discursos e distintas práticas. Reafirma-se a importância de implantação e implementação de políticas públicas em torno da temática do parto e nascimento e do Sistema Único de Saúde quanto à garantia da universalidade, equidade e integralidade a todos os cidadãos brasileiros, em especial, às mulheres. De maneira que este corpo feminino possa ser acolhido e potencializado em suas diversas necessidades.
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