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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 28 - Saúde, Produção e Trabalho |
11852 - PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO EM SAÚDE: UM ESTUDO DE CASO MARCIA JOÃO PEDRO - UFSCAR, GEOVANI GURGEL ACIOLE - PPGGC UFSCAR
Apresentação/Introdução A criação do SUS trouxe novas exigências para os trabalhadores da saúde, de papéis, responsabilidades, desempenho, na relação da equipe consigo mesma e com seus usuários. Neste cenário, interagem com a sociedade contribuindo para a definição de determinado valor de uso para a vida, operando com relativa autonomia apesar dos constrangimentos gerenciais e administrativos a que estão sempre submetidos. O estudo do trabalho em saúde é de interesse para o desenvolvimento do SUS. A questão é investigar como se encontra este profissional? Ampliar o entendimento de que dores e delícias se constrói o trabalho se torna essencial para a construção deste trabalhador e a produção da saúde e bem estar destes agentes. A saúde, vista como um recurso para a vida diária, existe na medida em que um indivíduo ou grupo é capaz de realizar aspirações, satisfazer necessidades e lidar com o meio ambiente. Esta definição, próxima do proposto pela Psicodinâmica do Trabalho (PDT), faz menção à saúde como um estado de equilíbrio entre o indivíduo e sua realidade numa visão mais ativa do sujeito diante das relações entre prazer, sofrimento em seu cotidiano de trabalho.
Objetivos Investigar as vivências de prazer e sofrimento no trabalho em profissionais de uma unidade ambulatorial de média complexidade destinada à assistência, ensino, pesquisa e extensão, localizada numa universidade pública no interior do Estado de São Paulo, por meio da construção do inventário das situações de prazer e sofrimento vivenciadas, dos riscos potenciais a saúde dos trabalhadores existentes no ambiente de trabalho para mobilizar os participantes na adoção de estratégias de prevenção e promoção da saúde.
Metodologia TEstudo descritivo exploratório, baseado no Inventário de Riscos de Adoecimento no Trabalho (ITRA) aplicado numa unidade de saúde-escola. O ITRA analisa distintas modalidades do mundo do trabalho e é composto por quatro escalas: do Contexto de trabalho (ECT), de Custo Humano no Trabalho (ECHT), Vivência de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EPST) e de Avaliação de Danos Relacionados ao Trabalho (EDRT). Dos resultados extraiu-se média e desvio padrão, escla Likert, e serão apresentados de forma descritiva. A análise foi ancorada na Psicodinâmica do Trabalho (PDT), uma teoria crítica do trabalho e uma clínica proposta por Dejours (1986, 2004), que pressupõe a indissociabilidade entre a pesquisa e ação. Os participantes foram voluntários e as informações tiveram o sigilo de identidade na descrição e análise do projeto. O projeto de pesquisa foi submetido ao CEP, tendo a aprovação em parecer 748.758.
Discussão e Resultados 100% dos participantes são mulheres, idade superior a 35 anos; 73% há mais de seis anos no trabalho. A ECT: nos itens a)Relações Socioprofissionais (2,3) e Condições de Trabalho (2,1) os resultados são satisfatórios. Organização do trabalho (2,4), está acima do satisfatório para esse fator (2,3). A ECHT: satisfatória no Custo Emocional (2,3) e Custo Físico (1,6). Custo Cognitivo (3,4) próximo de níveis críticos (3,7): há dispêndio intelectual para aprendizagem, resolução de problemas e tomada de decisões no trabalho. A EPST mede prazer e sofrimento. Os primeiros são satisfatórios, indicando haver estratégias defensivas eficientes. Liberdade de Expressão (4,0) e Realização Profissional (3,9), satisfatórios. Falta de Reconhecimento (1,8) satisfatório; Esgotamento profissional (2,6) em alerta: estresse e Sobrecarga relativos a organização do trabalho, ritmos acelerados, número insuficiente de funcionários. A EDRT: resultados satisfatórios em todos os itens. Danos Físicos (1,9): Danos Sociais (1,9) e Danos Psicológicos 1,8. O inventário indica um ambiente de trabalho acolhedor em que há problemas potenciais na organização do trabalho e na sobrecarga da equipe.
Conclusões/Considerações Finais Conclui-se que as incompatibilidades entre o prescrito e o real do trabalho constituem a principal tônica das vivências de sofrimento disparadas a partir da relação com os contextos de trabalho. Em primeiro plano pela organização de trabalho estão tangenciadas pela identificação que esta equipe estabelece com o SUS, com todas as variáveis relacionadas que configuram este cenário político e assistencial de saúde no Brasil. O esforço empregado por estes profissionais em seguir os trabalhos prescritos é apreendido acentuadamente no empenho para dar conta do volume de trabalho que supera a capacidade de recursos humanos disponíveis na unidade. Cumprir com a demanda de trabalho quanto à quantidade e diversidade de tarefas impõe uma sobrecarga de trabalho, que reflete sensivelmente no estado emocional destes profissionais. Esta prerrogativa atinge objetivamente os trabalhadores da enfermagem e da área administrativa, que são os profissionais que mais apresentam sofrimento relacionado a este fator.
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