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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 8 - Política,Trabalho e Tratamentos dos Adoecidos de Longa Duração

11065 - O MÉDICO NO PRONTO SOCORRO: O CUIDADO DIANTE DOS LIMITES DA VIDA E DA MORTE
KARLA CRISTINA GIACOMIN - NESPE - FIOCRUZ/UFMG, JANAÍNA DE SOUZA ARÊDES - CPQRR - FIOCRUZ, JOSÉLIA OLIVEIRA ARAÚJO FIRMO - CPQRR - NESPE - FIOCRUZ/UFMG


Apresentação/Introdução
A medicina de urgência é recente e envolve decisões complexas no que se refere, principalmente, à vida e à morte, cuja responsabilidade é atribuída ao médico. Além disso, vários fatores influem e acrescentam complexidade à prática médica nesse contexto: o fluxo permanente de pacientes, a tomada de decisão rápida, a gestão simultânea do cuidado de vários pacientes, o estresse, a falta de tempo e o próprio tempo como variável importante para o cuidado.
Estudos sobre a temática do cuidado no contexto da emergência têm sido realizados no Brasil privilegiando, sobretudo, o profissional da enfermagem, porém não costumam incluir o médico e sua atuação. Esse cuidado médico também reflete o significado da experiência do adoecimento - físico ou mental - para a pessoa cuidada.
Em um pronto atendimento, os cuidados médicos direcionam todos os esforços à manutenção da vida e à cura do paciente. Uma etnografia realizada no contexto do maior Pronto Socorro localizado em Belo Horizonte/MG buscou investigar como essa categoria profissional percebe o cuidado ao paciente grave.



Objetivos
O presente trabalho busca compreender a percepção do médico que atua no Pronto Atendimento acerca do cuidado ao paciente grave, desde a admissão até o desfecho final, seja o óbito, a alta para o domicílio, ou a evolução com sequelas que resultarão na dependência definitiva de aparelhos e da ajuda humana.


Metodologia
Trata-se de um estudo etnográfico, ancorado nos pressupostos da antropologia médica. A análise dos dados foi orientada pelo modelo de “signos, significados e ações”, o qual parte do horizonte pragmático para remontar ao nível semântico.
O território escolhido é um Hospital de Pronto Socorro, situado no hipercentro de Belo Horizonte/MG, de reconhecida excelência no Brasil e na América Latina, especialmente pela formação de recursos humanos e desenvolvimento de pesquisa em saúde.
Ao longo de nove meses de observação participante (dezembro de 2012 a agosto de 2013), entre plantões noturnos e diurnos, foram realizadas e gravadas entrevistas semiestruturadas no próprio hospital. Os participantes foram selecionados a partir da técnica “bola de neve”.Nossa população de estudo foi constituída pelos médicos plantonistas que atuavam em setores destinados ao paciente grave.



Discussão e Resultados
Foram entrevistados 43 médicos plantonistas - 25 homens e 18 mulheres, de 28 a 69 anos, de distintas especialidades médicas.
À análise,emerge um cuidado médico que varia segundo os distintos contextos de atuação: a Porta de entrada destinada a atendimentos de emergência, os leitos de terapia intensiva a pacientes com chances de recuperação (o CTI) ou definitivamente sequelados (a Unidade de Crônicos).
O cuidado médico orienta-se pelos conceitos de vida e morte do profissional. “Vida” é a recuperação plena da funcionalidade prévia ou com sequelas leves. Morte significa “fracasso” da atuação profissional. Os médicos lutam pela vida, de modo imediato (Porta de Entrada), progressivo e controlado (CTI) ou com suporte contínuo de cuidados (Crônicos). Cuidar de pacientes “potencialmente” recuperáveis confere grande poder aos médicos, enquanto de crônicos os coloca em uma zona de penumbra. Diante do paciente crônico-sequelado, os profissionais reveem o sentido do cuidado médico, se esquivam e sofrem.
Saem a “adrenalina” da Porta de Entrada e o “controle do cuidado” do CTI - ambos experimentados “com paixão” pelos médicos - e entram a “dúvida”, o “conforto”, a “compaixão” da Unidade de Crônicos.


Conclusões/Considerações Finais
A grande questão que perpassa a atuação médica no Pronto Atendimento é a definição do que seja a vida e a morte, com implicações diretas no cuidado provido aos pacientes. O saber biomédico orienta os profissionais a atuar obstinadamente pela manutenção da vida – independente de a qual desfecho esse cuidado levará. Porém, quando precisam lidar com as sequelas grave e definitivamente incapacitantes desse cuidado, refletem que evitar a morte talvez não seja a finalidade única da medicina. Se tomada de forma extrema, essa obstinação pode gerar ainda mais sofrimento para o paciente, a família e a equipe de cuidados. No âmbito da saúde pública, outros trabalhos poderão aprofundar como os conceitos de vida e de morte são interpretados (e redefinidos) pelos médicos em sua práxis. O presente estudo reforça a necessidade de formação humanista e paliativista dos médicos, inclusive os da urgência, bem como a urgência de uma política de cuidados de longa duração para pessoas com incapacidades.


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