12/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 35 - Práticas de Cuidado e Operadores de Desinstitucionalização e de Recovery em Saúde Mental e entre Usuários de Drogas |
11818 - VISITA TÉCNICA À ASSOCIAÇÃO NOVA AURORA - REABILITAÇÃO E REINTEGRAÇÃO PSICOSSOCIAL (ANARP) NA CIDADE DO PORTO, PORTUGAL KARINE WLASENKO NICOLAU - UNB, FÁTIMA ALVES - UAB, PATRÍCIA MARIA FONSECA ESCALDA - UNB, PAULA GIOVANA FURLAN - UNB
Período de Realização da experiência 01 a 30 junho de 2016 (ainda em curso)
Objeto da experiência Visita técnica a uma unidade de referência em reabilitação psicossocial na cidade do Porto, região norte de Portugal, denominada Associação Nova Aurora – Reabilitação e Reintegração Psicossocial (ANARP), a qual oferece atividades para utentes com transtornos graves e persistentes, com destaque para as patologias do espectro esquizofrênico. Trata-se de uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos, reconhecida no país como Pessoa Coletiva de Utilidade Pública. Mantém-se com verbas públicas fixas destinadas a um número predeterminado de utentes e estabelece taxas de coparticipação definidas por situação socioeconômica.
Objetivo(s) a) conhecer uma unidade de referência no atendimento comunitário em Saúde Mental na cidade do Porto, ao norte de Portugal, notadamente pela organização dos serviços oferecidos aos utentes na esfera pública de atividades e serviços;
b) estabelecer relações de parceria acadêmico-institucional com profissionais que atuam em serviços de Saúde Mental na cidade do Porto, Portugal
Metodologia No decorrer do mês de junho de 2016 realizou-se visita técnica com observações sistemáticas e em caráter participativo das atividades oferecidas aos utentes na ANARP, com destaque para as atividades em grupo; organizou-se oficina para profissionais que trabalhavam em serviços de Saúde Mental na região e seminário aberto à comunidade com foco nas relações interculturais em Saúde Mental com profissionais da Sociologia da Saúde e pós-graduandos, todos integrantes do ensino superior público português.
Resultados Os resultados obtidos até o momento sugerem esforços continuados e êxitos em estabelecer redes e parcerias na comunidade que extrapolam a parceria com os serviços de saúde (embora presentes, notadamente com os serviços hospitalares): projetos artístico-musicais em espaços culturais junto a alunos de graduação, pós-graduação e profissionais (Projeto Contratempo); parcerias acadêmicas na área do desporto (Centro Politécnico do Porto/ Projeto Fintar o Estigma) e parcerias diversas com núcleos empresariais, ratificadas pela própria legislação de Saúde Mental do país, ainda que permeadas por dificuldades dos utentes na integração ao mercado de trabalho; fortalecimento da rede micropolítica em contraste com a organização de outros serviços na região; em relação aos grupos para utentes, especificamente, deve-se destacar a centralidade dessas atividades e o foco no desenvolvimento de competências e estimulação cognitiva, programações semestrais e anuais de atividades com metas e objetivos individuais.
Análise Crítica A visita técnica possibilitou a identificação de alternativas que poderiam ser incluídas em alguns serviços no Brasil, principalmente no que se refere ao estímulo cognitivo e ao desenvolvimento de competências para o espectro esquizofrênico, sem que se ignore a necessidade de ações no âmbito sociocomunitário. Confirma-se a necessidade de extrapolar os limites estabelecidos pelos serviços de Saúde Mental, em especial os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em direção a parcerias comunitárias diversas. Convém ressaltar que a ANARP, objeto da visita técnica, se apresenta como exceção na rede de serviços da região. No entanto, oferece importante referência para a organização dos cuidados em Saúde Mental de maneira diversificada e em rede.
Conclusões e/ou Recomendações A experiência ratificou a importância de projetos interculturais na área de Saúde Mental, considerando que a alteridade deve ter lugar na própria formação e/ou vivência profissional com base em outros olhares e concepções sobre o atendimento e sobre as relações estabelecidas com usuários/utentes, o que exige um equacionamento entre a prestação de cuidados e o desenvolvimento de autonomia, entre tendências autoritárias e prescritivas e a dialogicidade tão almejada pela nova configuração dos serviços substitutivos/alternativos.
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