|
Grupos Temáticos
11/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 37 - A Pesquisa da Formação na Saúde: Pedagogias e Práticas para o Agir Crítico |
11053 - MUDANÇAS CURRICULARES: ESTUDO DE CASO SOBRE O DESAFIO DE TRANSFORMAR O PERFIL DO CIRURGIÃO-DENTISTA SIMONE RENNÓ JUNQUEIRA - USP, CELSO ZILBOVICIUS - USP, GRACIELA SOARES FONSÊCA - UFFS, MARIA ERCILIA DE ARAUJO - USP
Apresentação/Introdução O desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação, a necessidade de superar a fragmentação do conhecimento e a modernização de estratégias pedagógicas são imperativos para provocar movimentos de inovação no contexto educacional. Este desejo de modernizar a formação profissional, respondendo aos anseios da sociedade e acompanhando os avanços sociais, culturais e econômicos bem como as transformações no mundo do trabalho, requereu um aprofundamento em questões estruturais de cursos superiores, movimentações de representações corporativas e governos, no sentido de produzir transformações na produção de conhecimento que de fato representasse o momento histórico e as necessidades que o mesmo demandava dos órgãos formadores. Uma das questões mais contundentes diz respeito ao currículo.
Objetivos O trabalho objetiva apresentar os movimentos de adaptação das matrizes curriculares dos cursos de odontologia, do mundo e do Brasil, bem como relatar o processo de reestruturação curricular ocorrido na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).
Metodologia Estudo de caso descritivo (YIN, 2001), cujo método contribui para a compreensão dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. Foram questões: por que se instituiu um processo de mudança curricular? Como esse processo foi conduzido? A investigação beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas, alicerçadas pela revisão da literatura. O tempo foi delimitado entre a publicação das DCN, em 2002 e o ano de 2010, ano de ingresso da primeira turma do currículo modificado. Foram unidades de análise: o processo indutor de mudança, o confronto das estruturas curriculares e a disponibilidade para mudança percebida pela Comissão de Reestruturação (CR). A coleta dos dados consistiu na busca e acesso à documentação relativa à estrutura curricular disponível no site e em atas de reunião da Comissão de Graduação, registros em arquivos, e observação direta por membros da CR. Como critério de análise utilizou-se a adequação ao padrão, pela generalização analítica.
Discussão e Resultados Transformações curriculares na Europa e nos Estados Unidos revelam tendências à interdisciplinaridade, à flexibilização do currículo e ao anseio pela formação reflexiva e crítica. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) propiciou a flexibilidade na organização curricular, também retificada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), em oposição ao currículo mínimo. As DCN buscam um profissional crítico, generalista, com formação técnico-científica, humanística e ética, que trabalhe em equipe considerando a realidade social. O caso: Na FOUSP, a partir de decisões em colegiados representativos e oficiais, constituiu-se, em 2006, a CR, responsável por construir a estrutura de formação pautada em diálogos com os departamentos, a vigorar em 2010. As inovações contemplavam a criação de um eixo central clínico e transversal, acompanhado de núcleos disciplinares que complementariam a formação, além de ciclos integradores para aprofundamento de temas interdisciplinares e de disciplinas optativas. A disciplina Estágios Vivenciais, transversal, permite uma reflexão crítica a partir da realidade do trabalho. Propôs-se a criação de clínica multidisciplinar, sem disciplinas estanques.
Conclusões/Considerações Finais Processos indutores de mudanças curriculares assumidos pelo país foram reflexos do contexto internacional e a FOUSP sentiu a necessidade de se adequar. O confronto dos currículos mostrou que, embora se tenham criados os Núcleos Integradores, manteve-se a estrutura disciplinar, a matriz clássica ainda é hegemônica, o que requer amadurecimento, inclusive em relação à integração ao Sistema Único de Saúde. O aumento no tempo de formação possibilitou o cumprimento da carga horária de trabalho, inserindo alguma flexibilidade, inclusive ao oferecer disciplinas optativas. Quanto à disponibilidade para mudança, embora houvesse um movimento favorável, isso não se reverteu em ação. Encontram-se resistências que dificultam a adoção de uma estrutura integral e interdisciplinar. As mudanças sinalizam um esforço em aproximar a formação às necessidades de saúde bucal da população. Como o processo deve ser revisto e avaliado, incluindo outros atores envolvidos, sugere-se a continuidade de estudos.
|
|
|
|