12/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 39 - Minorias Étnicas/Saúde Indígena/Interculturalidade |
11678 - PREVALÊNCIA DE DOENÇAS AUTORREFERIDAS POR MINORIAS ÉTNICAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS RAQUEL RODRIGUES FERREIRA ROCHA DE ALENCAR - UFAM, BRUNO VIANEI REAL ANTONIO - UFAM, TAÍS FREIRE GALVÃO - UNICAMP, MARCUS TOLENTINO SILVA - UFAM
Apresentação/Introdução Minorias étnicas são grupos cujas características históricas, étnicas, linguísticas, religiosas e culturais diferem daquelas existentes na maior parte da população. Muitas pesquisas relataram associações entre doenças autorreferidas e minorias étnicas em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Estudos como esse poderão nortear políticas públicas para a diminuição e prevenção de doenças autorreferidas por minorias étnicas na região metropolitana de Manaus.
Objetivos O objetivo deste estudo é determinar a prevalência de doenças autorreferidas por minorias étnicas na região metropolitana de Manaus e identificar as etnias mais proprensas a desenvolver doenças crônicas.
Metodologia Estudo transversal de base populacional, realizado na Região Metropolitana de Manaus. Foi realizada uma amostragem probabilística, por conglomerados em dois estágios. As variáveis foram aferidas por meio de um questionário respondido pelo próprio participante por meio de entrevista face a face, previamente validado. Utilizou-se estatística descritiva para analisar todas as variáveis de caracterização da amostra. A razão de prevalência ajustada através da Regressão de Poisson com variância robusta foi calculada para identificar os fatores relacionados à prevalência de doenças autorreferidas por minorias étnicas na Região Metropolitana de Manaus. Foi considerado o delineamento amostral complexo nas análises. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (parecer 974.428/2015, CAAE 42203615.4.0000.5020) e recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Discussão e Resultados Foram entrevistadas 4.001 pessoas. O presente estudo mostra que há diferenças na prevalência de hipertensão arterial, hipercolesterolemia e diabetes entre etnias da Região Metropolitana de Manaus. Os indígenas foram a minoria étnica com maior prevalência das doenças investigadas. Quando comparados aos brancos, os amarelos procuraram mais serviços médicos no último ano e os pardos têm menos plano de saúde e autorreferiram menos hipertensão arterial e diabetes. Alterações demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas ocorridas no Brasil nos últimos 30 anos levaram a uma transição nutricional, que também tem afetado a população indígena. Este processo é resultado da aculturação sofrida pelos indígenas ao entrarem em contato com a civilização urbana. A Região Norte é a mais populosa em indígenas no país. A menor cobertura por planos de saúde entre os pardos e prevalência diminuída de hipertensão arterial e diabetes, quando comparados aos brancos, são justificadas pelo nível de instrução e rendimento domiciliar mais elevados entre os últimos. Como limitação, o delineamento transversal não permite estabelecer relações de causalidade.
Conclusões/Considerações Finais Hipertensão arterial, hipercolesterolemia e diabetes foram as doenças autorreferidas mais prevalentes entre os indígenas na Região Metropolitana de Manaus. Os índios dessa região estão sendo afetados pelo processo de transição nutricional. No entanto, as condições de saúde dos povos indígenas continuam precárias. São necessárias ações intervencionistas de saúde que se adaptem às mudanças culturais que os indígenas estão vivendo, garantindo melhor qualidade de vida para essa população. Apesar de existir um grande contingente populacional composto por indígenas na Região Norte, poucos estudos avaliando as doenças crônicas não transmissíveis relacionadas a esta minoria étnica na Região Metropolitana de Manaus foram encontrados. Ainda existem muitas desigualdades relacionadas ao acesso a serviços de saúde públicos e privados entre as minorias étnicas.
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