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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 16 - Corpo, Corporeidade e Cuidado em Saúde

10824 - O TEMPO DO DESEJO: TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL COMO SINTOMA SOCIAL, YOGA COMO CAMPO E PSICANÁLISE COMO MÉTODO
FABIANA RODRIGUES BARBOSA - UPM-UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE, BERENICE CARPIGIANI - UPM-UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE, BRUNA SURUAGY DO AMARAL - UPM-UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


Apresentação/Introdução
Investiga-se a Tensão Pré-Menstrual em articulação com a psicossexualidade de mulheres entre 20 e 50 anos na cidade de São Paulo, a partir da teoria e método de escuta psicanalíticos, como contribuição a hipóteses etiológicas, terapêuticas, de educação e aprendizagem. Na pesquisa-intervenção cartográfica, da imersão em campo resulta produção de subjetividade pelo acompanhamento de processos do coletivo de forças, construindo-se um olhar vibrátil. Foram colhidos, analisados e discutidos conteúdos latentes nos discursos de dez praticantes de Yoga, entrevistadas presencialmente, com base teórica apoiada sobre três pilares: 1) Etiologia, história e questões éticas sobre TPM; 2) Psicossexualidade e cultura na metapsicologia de FREUD; 3) Yoga como prática de si em IYENGAR. Os principais conflitos encontrados nos discursos são a centralidade do trabalho que atravessa afetos e tempo de lazer; o desejo e as fantasias que evoluem em rota de fuga para atitude narcísica; e a TPM como sintoma e tentativa de resolução. A apresentação qualitativa das resultantes psicossociais que impactam no equilíbrio hormonal fornece bases para promoção de saúde e prevenção da TPM enquanto patologia do social.


Objetivos
O objetivo da pesquisa foi investigar o fenômeno da Tensão Pré-Menstrual em articulação com a psicossexualidade feminina nos anos 2000, na capital paulista, por meio da análise comparativa do conceito, conforme descrito pelos autores da psicanálise e de discussões entre o material teórico e os dados coletados em campo.


Metodologia
Para coleta e análise dos dados bibliográficos e discursos dos sujeitos entrevistados utilizou-se o método cartográfico de pesquisa-intervenção e produção de subjetividade, em que, segundo PASSOS et al. (2012), a pesquisadora implica-se no campo fenomenal e é desafiada quanto às identificações, transferência e contratransferência, que tornam-se objeto de análise. A intimidade ao fenômeno traz qualidade ao olhar crítico para camadas profundas dos discursos.
Aprovada pelo Comitê de Ética nacional, amostra aleatória composta de dez mulheres foi convidada em 1/7/2015 às entrevistas, com texto explicativo e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As primeiras dez respostas positivas contemplando critérios, participaram da entrevista individual discursiva semiestruturada, com forma e conteúdo dos discursos preservados. Sem a necessidade de grupo controle, buscou-se descrever a cultura deste grupo social. As falas foram gravadas com autorização, transcritas e analisadas.


Discussão e Resultados
Apoiado em bibliografia sobre a TPM, o conteúdo latente no discurso dos sujeitos praticantes de Yoga é analisado pela teoria e método metapsicológico de FREUD. O Yoga, prática de si que inclui o corpo físico, é campo de manifestação. A psicanálise, método de análise e discussão da experiência, parte do discurso do sujeito em direção a seu inconsciente.
Na banalização da TPM a mulher “enlouquece” (sic), manifesta incômodos. A sociedade nomeia como disfunção hormonal, desinvestindo a subjetividade. O mal-estar, ainda que narrado como presente em outros períodos do ciclo menstrual, perde importância. Nomeada pelas mulheres “ansiedade” (sic) de TPM, a tentativa de acomodação psíquica a angústias inconscientes se perde com a menstruação, por ausência de recursos, na sociedade em que indícios de loucura são castrados. O desejo de sentir-se normal, patologicamente adaptada (CANGUILHEM, 2009), conta com o fluxo menstrual para expurgo de angústias. Aqui, o que está disfuncional é o ambiente.


Conclusões/Considerações Finais
Na busca por pistas da feminilidade, angústias permanecem latentes e recalcadas, mas deixam rastros no inconsciente e retornam no próximo mês, com nova roupagem, produzindo nova versão do mal-estar. O papel social da TPM seria tornar-se uma lupa para análise das angústias. Assim, como fazer para que o manejo do desconforto siga ao longo de todo o ciclo? Será que este trabalho já tem continuado timidamente, haja vista o próprio processo histórico de evolução das compreensões de TPM? Se pudermos comparar as características do manejo do período pré-menstrual de um mês ao dos subsequentes, o que este estudo transversal nos mostraria? Em termos de recursos internos haverá evolução, regressões, ou estariam as mulheres girando em círculos? A vivência repetitiva dos ciclos mês a mês estaria criando oportunidade para o que prevê FREUD (1914-B, p. 193-209) sobre recordar, repetir e elaborar?


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