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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 16 - Corpo, Corporeidade e Cuidado em Saúde

10917 - CORPOS AMBÍGUOS: CUIDADO MÉDICO E CORPOREIDADES TRANS
PAULA GAUDENZI - FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Tomo como objeto de análise condições que exigem a reflexão sobre as interfaces entre corpo, cuidado, tecnologia, sexualidade e identidade: a intersexualidade e a transexualidade. O intersexual apresenta caracteres biológicos masculinos e femininos e, no Brasil, faz-se a intervenção cirúrgica para "adequação do gênero". A transexualidade é vista como questão de saúde pública que carece de manejo de hormônios e intervenção cirúrgica de transgenitalização. Ambas as condições nos levam a pensar sobre a construção do sentido de identidade sexual; os efeitos das intervenções corporais a serviço da construção/(re)adequação dessa identidade; as experiências de corporeidade articuladas às intervenções médicas e sobre a despatologização. O uso de biotecnologias sexualiza os corpos e quando é tutelado pelas instâncias legítimas costumam ser manejados de forma afinada às normatividades vigentes. Mas há os usos que escapam dessa tutela e que reinventam corpos dissonantes em relação aos gêneros inteligíveis. Apresentarei reflexões sobre experiências de inter e transexualidade e discursos/práticas profissionais, a partir de uma pesquisa em 2 hospitais de referência no manejo dessas condições.


Objetivos
A pesquisa analisa as experiências vividas da intersexualidade e da transexualidade e os saberes implicados na compreensão da mesma, particularmente através das narrativas dos sujeitos inter e transexuais e através dos discursos e das práticas direcionados aos mesmos na realidade de dois hospitais de referência no Brasil


Metodologia
O método da pesquisa é de natureza qualitativa. Trabalho com pesquisa de campo, de inspiração etnográfica, através de múltiplas técnicas: observação direta, entrevistas semi-estruturadas e o Método de História de Vida. Neste trabalho priorizarei o material relativo às Histórias de Vida e entrevistas semi estruturadas com os profissionais de saúde.


Discussão e Resultados
Em relação aos saberes e discursos profissionais, identifico 3 categorias de análise que merecem ser aprofundadas. A primeira se refere às noções de falta e excesso e se articulam com a ideia de design natural da espécie. Faltar o sexo ou ter um excesso de sexos são ideias marcantes nos discursos utilizados para fundamentar a necessidade de "correção”. A outra ideia que marco é da medicalização do social ou a tensão entre prática médica e valores da sociedade. Em nome da beneficência médicos se colocam como produtores de um gênero definido com vistas à evitação do sofrimento futuro e se percebem como capazes de corrigir problemas sociais. A última noção que trago é a da percepção da teoria como invenção e da prática como descoberta. Tensões entre ciências naturais e ciências humanas e entre verdade e construção são evidentes nesta seara. Em relação aos indivíduos, há a dimensão do silêncio no caso dos intersexuais e do barulho no caso dos transexuais. Vergonha e militância são marcas da diferença encontrada. Ademais, os usos políticos do corpo e a tecnologia a favor da realização de desejos individuais são questões interessantes para se pensar no caso dos inter e transexuais.



Conclusões/Considerações Finais
Seria precoce apresentar conclusões fechadas sobre o problema. Por enquanto pode-se considerar que a gestão dos corpos sexuados se encontra no imbróglio entre demanda e oferta, uma influenciando a outra. Pergunta-se, no caso dos transexuais, qual o papel da biotecnologia na reinvenção dos corpos de acordo com o desejo do sujeito e no caso dos intersexuais qual seria o papel das biotecnologias na normatização dos corpos sexuados. Em ambos os casos é importante refletir sobre a relação do corpo com o sentimento de identidade sexual, sem esquecer da importância do registro civil (nome masculino ou feminino e sexo definido) como mais uma forma de afirmação do sexo pelo reconhecimento do outro.


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