11/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 8 - Representações Sociais, Experiências e Estigma |
10982 - REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS SOBRE O EXAME PREVENTIVO DO CÂNCER DE PRÓSTATA MARCELA OLIVIERI - PMS, LÚCIA RONDELO DUARTE - PUCSP
Apresentação/Introdução O câncer de próstata é a segunda e mais comum neoplasia entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma no país. No mundo, é o sexto tipo mais comum e o mais prevalente entre os homens, representando cerca de 10% do total dos casos de câncer.
Essa neoplasia pode ser detectada precocemente por meio de alguns métodos, sendo o diagnóstico precoce a única maneira de evitar e reduzir a mortalidade desse tipo de câncer. Apesar de o homem ter conhecimento sobre o diagnóstico do câncer de próstata, a adesão às medidas preventivas ainda é baixa em relação ao toque retal.
Ainda há dificuldade para o público masculino incorporar esse exame na sua rotina, e mesmo os homens que já realizaram o exame preventivo não o fazem regularmente, intercalando longos espaços de tempo. O gênero, enquanto princípio ordenador do pensamento e da ação que constrói atributos culturais na perspectiva relacional leva os homens, muitas vezes, a negarem a existência de dor ou sofrimento, de vulnerabilidades, para reforçar a ideia de força do masculino na diferenciação com o feminino.
Objetivos O presente estudo objetiva investigar as representações sociais de homens que frequentam uma unidade móvel de atendimento ao homem de um município do interior de São Paulo sobre os exames preventivos do câncer de próstata e quais abordagens educativas eles propõem para aumentar a aderência aos exames.
Metodologia Trata-se de estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa, desenvolvido durante os atendimentos realizados pelo Ônibus do Homem, que percorre diferentes bairros do município de Sorocaba, estado de São Paulo. Participaram da investigação 12 homens que procuraram por atendimento na unidade móvel no período de novembro de 2014 a junho 2015. Foram incluídos munícipes que procuraram o atendimento pela primeira vez e também aqueles que procuraram por atendimento de rotina
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista oral, gravada em áudio, orientada por questões que abrangeram opiniões, sentimentos e motivos da recusa ou adesão dos entrevistados aos exames preventivos do câncer de próstata e sugestões para atrair os homens a realizarem o exame preventivo.
Ao dados foram organizados aplicando-se a técnica do discurso do Sujeito Coletivo e para analisá-los foi utilizada a análise de conteúdo, modalidade análise temática.
Discussão e Resultados A maioria dos entrevistados participa das atividades do ônibus do homem, porém somente 41,7% realiza exames preventivos regularmente.
As principais barreiras à realização do toque retal apontadas pelos participantes foram machismo, vergonha e preconceito. Sentimentos como vergonha ou machismo contribuem para a não adesão às práticas preventivas e têm relação com os estereótipos culturais de masculinidade que engessam os valores e crenças sobre o ser homem.
No entanto, o medo do sofrimento pelo câncer, a influência da companheira ou da mídia e novas abordagens educativas podem motivar a busca da prevenção. A saúde varia de acordo com as experiências obtidas ao longo da vida, influenciando o modo de agir e pensar dos homens. O toque retal é importante para a prevenção do câncer de próstata segundo alguns entrevistados. Também é considerado por eles o método mais eficiente.
Além da divulgação da importância da prevenção, da desmistificação do toque retal, e de propiciar muita informação também foi proposta a divulgação sobre o início silencioso do câncer e aconselhamento sobre o câncer para quem recusa o exame.
Conclusões/Considerações Finais Os resultados confirmaram que o machismo e os modelos hegemônicos de masculinidade levam à recusa do toque retal, procedimento que esbarra em aspectos simbólicos e culturais dos homens. . Essas são questões delicadas que requerem novas abordagens educativas para intervir no ciclo de adoecimento dos homens.
No entanto, o medo do sofrimento pelo câncer, a influência da família, da mídia e novas abordagens educativas podem motivar a busca da prevenção.
Sabe-se que a educação em saúde é um instrumento de transformação social e um caminho para mudanças de hábitos e adoção de novos valores.
A desmistificação do exame preventivo sugerida neste estudo pode ser trabalhada na educação em saúde com a estimulação da mudança de hábitos de vida, não devendo ser uma simples transmissão de informações. A prevenção deve se voltar ao contexto sociocultural, baseando-se nos valores, conhecimentos e comportamentos das pessoas, para se conseguir intervir em seus estilos de vida.
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