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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 23 - Educação em Saúde- Diferentes Estratégias para Trocas e Produção de Saberes e Conhecimentos |
11170 - A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E A DISTÂNCIA ENTRE SUAS DIRETRIZES E PRÁTICAS: PERCURSOS DA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA DELANE FELINTO PITOMBEIRA - UECE, MÁRCIA ANDRÉIA BARROS MOURA FÉ - UECE, LUCIA CONDE DE OLIVEIRA - UECE, LUANA PEREIRA DO NASCIMENTO LIMA - UECE
Apresentação/Introdução A atenção primária à saúde (APS) tem se constituído como grande desafio para o sistema de saúde brasileiro. Mesmo sendo apontada pela Política Nacional da Atenção Básica como ordenadora da rede e coordenadora do cuidado, ponto de partida para estruturação das Redes de Atenção à Saúde (RAS), tem-se observado que muitos são os passos ainda necessários para a concretização dessa diretriz. A APS abrangente e universal requer ações no âmbito individual e coletivo, envolvendo a promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde, a partir dos condicionantes e determinantes sociais implicados nas condições de vida da população. Ao considerar a APS como componente essencial na estruturação das RAS, constituindo-se como porta prioritária do sistema, necessário se faz uma reordenação do modelo de atenção à saúde. Ainda segundo essa política, a Estratégia Saúde da Família (ESF) apresenta-se como forma principal na organização da atenção primária no Brasil, contribuindo sobremaneira com os princípios de universalidade, integralidade e equidade tão caros ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Objetivos Apresentar as diferentes concepções sobre atenção primária à saúde presentes em artigos publicados em periódicos entre os anos de 2008 a 2015 e disponíveis no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), identificando os desafios e potencialidades para o reconhecimento e atuação de uma atenção primária abrangente. A base para análise foi a concepção de APS segundo a Política Nacional de Atenção Básica.
Metodologia Esse estudo faz parte da pesquisa “Organização das Redes de Atenção à Saúde no Ceará: desafios da universalidade do acesso e da integralidade da atenção”, desenvolvida por um grupo vinculado a uma instituição de ensino superior pública. Refere-se a uma pesquisa bibliográfica, a partir da base de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os descritores “atenção primária”, “modelos de atenção” e “integralidade”. A pesquisa foi realizada entre os anos de 2008 a 2015, considerando os artigos publicados no Brasil. Foram encontrados quarenta e um (41) artigos, dentre os quais, após a leitura dos resumos e artigos na íntegra, foram excluídos seis (06) deles por não apresentarem foco nas discussões sobre a atenção primária em saúde, restando para análise um total de trinta e cinco (35) artigos.
Discussão e Resultados Destaca-se a identificação de pesquisas que, ao envidarem comparação entre unidades de saúde que tem por base a ESF e aquelas tradicionais, apontam o reconhecimento do modelo ESF mais voltada ao cuidado integral, acolhedor e com construção de vínculo. Porém, ao confrontar essa concepção com muitos dos estudos analisados, pode-se observar grande distância entre os postulados presentes nas normas e aquelas encontradas nas práticas. Os artigos apontam importantes desafios ainda enfrentados na APS: dificuldades de integração da APS no sistema de saúde com outros níveis de atenção, comprometendo sua ação de coordenadora da rede; pouca ênfase em ações de prevenção e promoção, bem como na intersetorialidade; dificuldades nas condições de trabalho e nos processos de trabalho. Vale ainda ressaltar que em quase totalidade dos artigos foi apontada a contradição das concepções da APS e as práticas cotidianas, uma vez que na maioria das pesquisas empíricas identificaram-se práticas voltadas para queixa conduta, centralizadas no modelo biomédico.
Conclusões/Considerações Finais A atenção primária à saúde permanece, após mais de trinta anos de Alma Ata, como um dos maiores desafios na consolidação do SUS. Percebeu-se que no intervalo de tempo dos artigos selecionados, a acumulação de dificuldades na efetivação da APS como coordenadora do cuidado parece se avolumar com os processos de mundialização do capital, os quais acirram as desigualdades sociais e entravam o exercício da cidadania plena. Mesmo que, por vezes, se considere que as questões que envolvem a APS já foram largamente conhecidas, reafirma-se nesse trabalho a necessidade de aprofundar reflexões no cotidiano que se entrelacem com os desafios do cuidado integral, tais como a formação para a saúde, as dimensões e decisões entre macropolíticas e micropolíticas, os processos de globalização/exclusão, os determinantes sociais e suas repercussões para a produção da saúde ampliada, entre tantos outros fundamentais para a compreensão dos embates e recuos presentes nos modelos vigentes de atenção à saúde.
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