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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 8 - Representações Sociais, Experiências e Estigma

11330 - OS SIGNIFICADOS DA DOR NA EXPERIÊNCIA DE MULHERES COM ANEMIA FALCIFORME
KÉSIA MARISLA RODRIGUES DA PAZ - UFMT, RENI, APARECIDA BARSAGLINI - UFMT, MARTA GISLENE PIGNATTI - UFMT, PATRÍCIA DE LIMA LEMOS - UFMT


Apresentação/Introdução
A dor compõe a experiência de adoecimento por anemia falciforme, apresenta etiologia e manifestações multidimensionais que resulta da interação e interligação de aspectos sensoriais, afetivos e socioculturais sendo, assim, privada e coletiva (PIMENTA e PORTINOI, 1999). Considerando experiência como o que nos passa, o que nos acontece e nos toca e não apenas o que se passa, o que acontece ou o que toca (LAROSSA, 2015); a dor é marcante na vida cotidiana dos enfermos que convivem com esse adoecimento de longa permanência. Esta dor que se manifesta de forma aguda e crônica é apresentada pelos enfermos com destaque, os quais utilizam metáforas e detalhamentos para comunicarem as repercussões materiais e imateriais que transbordam à sensação corpórea biológica, alcançando a vida social dos enfermos e suas famílias (LE BRETON, 2007).


Objetivos
Como parte de pesquisa mais ampla sobre experiência de adoecimento crônico (PAZ, 2015), o presente trabalho analisa o significado da dor e suas repercussões para mulheres negras com anemia falciforme.


Metodologia
Estudo qualitativo em saúde, na perspectiva socioantropológica, alinhado à corrente de pensamento compreensiva, apropriando-se de conceitos da fenomenologia de Alfred Schutz para abordar a experiência de adoecimento de longa duração. A coleta de dados baseou-se na estrutura do Modelo Explicativo da Enfermidade, por meio de entrevistas em profundidade, gravadas, orientadas por roteiro semiestruturado, realizadas junto a 4 mulheres adoecidas com anemia falciforme. As observações realizadas na ocasião dos encontros foram registradas em diário de campo detalhado e acurado. Essas informações compuseram o corpus da pesquisa que foi tratado com base na análise temática.


Discussão e Resultados
A priori a dor advinda da anemia falciforme é apontada como um dos principais agravantes da qualidade de vida das adoecidas, presente desde os primeiros meses de vida, gerando repercussões materiais e simbólicas no cotidiano dessas mulheres. A dor foi relatada com o auxílio de metáforas, possibilitando a comunicação de forma inteligível dessa experiência tão singular e subjetiva. A dor foi apontada como algo ruim que gerava “pontadas”, como se um objeto entrasse dentro do osso, semelhante a dor de “um soco”. As diversas explicações sobre a dor esforçam-se em revelar, ainda, como ela é sentida e concebida por meio de uma descrição milimétrica das suas características, descrita como uma dor pulsante, forte, acometendo os braços, dedos, pernas. Essa dor é apresentada com uma identidade própria, como “a dor da anemia falciforme”, e que se exacerba durante a gestação levando ao incremento da relação com os serviços de saúde, além de gerar obstáculo em adentrarem ao campo de trabalho formal. Tal experiência confere aprendizado às enfermas, permitindo o reconhecimento do surgir da dor, além de alvitrar truques para o seu alívio que são aprimorados com o tempo de convivência.


Conclusões/Considerações Finais
Essa dor que se cronifica torna-se um sofrimento recorrente e impactante no experienciar a anemia falciforme. A vivência da dor perpassa pela experiência com o adoecimento, cuja significação, interpretação e explicação, são impetradas pela cultura, relações sociais, subjetividade do indivíduo e contexto social no qual está inserido. A dor em sua manifestação assume uma trajetória, dotada de autonomia e características próprias, sendo experimentada não só no nível biológico, como também nas corporificações sociais. Como propõe Le Breton (2007), a dor e os demais estímulos corpóreos fazem parte do pertencimento social do ator e da sua inserção particular no sistema cultural. Assim, ao se considerar a dor de pessoas negras com anemia falciforme faz-se necessário considerar as situações contextuais que os tornam mais suscetíveis às ações biológicas e sociais dessa dor, para a necessária distinção com possível sofrimento social.


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