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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 35 - Práticas de Cuidado, Promoção da Saúde e Formação em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas

11605 - A ESCUTA DA CRIANÇA NA SAÚDE MENTAL: UM DESAFIO PARA ALÉM DOS DIAGNÓSTICOS E PSICOFÁRMACOS.
ALINE ALVES DA SILVA TRAVAGLIA - USP, PAULA GALDINO CARDIN DE CARVALHO - USP, HELENA MORAES DE OLIVEIRA - USP


Apresentação/Introdução
Este trabalho apresenta os resultados de uma investigação em que se analisou as narrativas de crianças e de seus familiares nos corredores e salas de espera de uma instituição de saúde mental para crianças e adolescentes da rede pública. A referência a psicodiagnósticos e o lugar dos psicofármacos é o foco da presente análise. Concluímos que o trabalho de escuta com perspectiva crítica, pautada em preceitos ético e políticos, é o que permite ao sujeito, a um só tempo, uma fala e uma escuta que produzem elaborações mais complexa das demandas e queixas relativas as crianças, para além das nomenclaturas diagnósticas e das soluções medicamentosas.


Objetivos
Promover a escuta qualificada é uma das apostas no sistema de saúde mental para superação do modelo manicomial. Porém, se as políticas públicas e os movimentos sociais se esforçam no sentido da desconstrução do aprisionamento manicomial, as práticas mais capilares e diretas do campo da saúde podem seguir o mesmo modelo que lutam contra . A “camisa de força química” ou a supermedicalização das questões psicológicas como forma de contenção de comportamentos indesejados é uma das reedições manicomiais que se alastra pelas instituições de atenção psicossocial.


Metodologia
Se o capitalismo se desenvolveu sobremaneira no pós-guerra, suas contradições também se desenvolveram, algumas de formas mais sutis. A expansão da indústria de psicofármacos se encontra como epicentro desta problemática. Se os medicamentos nos servem para aliviar um tanto de sofrimentos, eles também se prestam a conter comportamentos desviantes, moldar a subjetividade, anestesiar a indignação. A medicalização vem expandindo suas fronteiras em muitas dimensões da vida. Cita-se, por exemplo, a medicalização da infância, que na modernidade passou a ser alvo de estudos científicos para encontrar na fisiologia explicações de comportamentos socialmente inadequados ou indesejáveis para a manutenção da ordem social. Coletamos relatos e falas de pacientes e seus familiares para analisar a presença dos psicodiagnósticos e psicofármacos em seus discursos.


Discussão e Resultados
A institucionalização dos sofrimentos psíquicos se dá por meio de construção de categorias médicas, e tem sua legitimação figurada, por exemplo, pela produção do Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais. O DSM é alvo de muitas críticas a respeito da permeabilidade de conflitos de interesse nele presente. A versão IV conta com 297 diagnósticos e expandiu pela primeira vez a hiperatividade em crianças e se tornou também um transtorno identificado em adultos (o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). O TDA/H configura um caso paradigmático para analisarmos o crescimento e expansão da indústria farmacêutica e consequentemente a leitura do sofrimento mental e dos comportamentos através de processos de medicalização. Milhares de crianças e adultos no mundo tornaram-se desatentos e hiperativos após a instauração dessa categoria diagnóstica, fortemente propulsionada pela indústria farmacêutica e suas campanhas de marketing. Levantar discussões como essa é de extrema relevância social e abre caminhos a participação democrática ao tornar possível o questionamento e a desnaturalização do que sejam psicopatologias.


Conclusões/Considerações Finais
O diagnóstico é o elemento chave para compreensão da relação de poder instituída por determinados grupos científicos sob um discurso objetivista aplicados nas práticas cotidianas, de forma verticalizada, tornando humanos em “doentes”. Se democracia pressupõe participação ativa de todos os envolvidos nas relações, os diagnósticos são uma ilha de autoridade com a força simbólica da ciência para produção de subjetividades passivas. As práticas pós reforma psiquiátrica exigem um olhar e uma escuta aguçados para discernir as novas maneiras de contenção, anulação e silenciamento dos sujeitos. A realidade sociobiopolítica comporta riscos de dominação por discursos patologizantes que solapam o reconhecimento das subjetividades, do movimento desejante e de uma voz para falar sobre si que não seja através de uma conformação ao campo biomédico, em que sofrimento e inquietação tornam-se doenças.


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