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10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 8 - Adoecimentos de Longa Duração: Reflexões e Pesquisas

11857 - NOTAS SOBRE AS REPERCUSSÕES/IMPACTOS E OS MEDIADORES DA EXPERIÊNCIA DE PESSOAS COM ADOECIMENTOS DE LONGA DURAÇÃO
RENI BARSAGLINI - UFMT


Apresentação/Introdução
Os adoecimentos de longa duração trazem repercussões/impactos que transbordam o plano biológico, alcançando e afetando o fluxo da vida, as biografias, as condições de vida e as relações sociais dos sujeitos, incluindo os profissionais e os serviços de saúde, diante dos quais há interpretações, ressignificações, traduções e práticas provisórias com desdobramentos cotidianos na busca de reequilíbrios. Tais repercussões se referem às transformações decorrentes de algo “novo” (ou que se renova ao longo da vida), introduzido numa dada realidade, podendo ter expressões materiais e simbólicos não excludentes. E é na experiência com os adoecimentos que estas repercussões se dão sempre mediadas por elementos biográficos contextualizados (social, relacional, institucionalmente) que as amenizam ou exacerbam, integrados à corporeidade. Remete, portanto, ao corpo onde o adoecimento é experimentado e o mundo é corporificado. Assim, para compreender esta relação repercussões/mediadores faz-se necessário considerar a complexidade e interconexão entre elementos intrínsecos e extrínsecos, objetivos, subjetivos, intersubjetivos, individuais e coletivos referentes à experiência do adoecimento.


Objetivos
Propõem-se reflexões sobre as repercussões e os respectivos mediadores da experiência de pessoas com adoecimentos de longa duração. Decorrem de discussões, orientações, projetos, produções e publicações de uma linha de investigação instaurada e compartilhada desde 2005 no Grupo de Pesquisa “Cultura, Saúde e doença” sob coordenação da Profª Drª Ana Maria Canesqui/Unicamp e composição interinstitucional.


Metodologia
Trata-se de pesquisas qualitativas, na perspectiva socioantropológica, com estudos da experiência de adoecimentos de longa duração como, por exemplo, sobre diabetes, hipertensão arterial, anemia falciforme, insuficiência renal crônica, câncer (mama, leucemia), reações hansênicas, obesidade, deficiência física, dor crônica, menopausa (estes como condições crônicas). Fundamentam-se em conceitos da fenomenologia de Alfred Schutz complementados pela sociologia da vida cotidiana de Berger & Luckman ou abordagens que consideraram elementos macro-estruturais como de Claudine Herzlich. Estudos de experiência privilegiam o ponto de vista dos adoecidos em situações concretas, o modo como lidam com a doença, interpretando-a e desenvolvendo formas originais e cotidianas para enfrentá-la (Canesqui, 2015; Corbin e Strauss, 1985). Parte do material empírico consultado advém das pesquisas e publicações do Grupo supracitado, com dados coletados por meio de relato oral e entrevistas semi-estruturadas.


Discussão e Resultados
As repercussões se mostram processuais marcadas por transformações desde os incômodos corporais/sociais até a descoberta em que o diagnóstico formal nomeia um conjunto de sinais e sintomas e é indicado o tratamento. Neste momento há mediações das repercussões devido à enfermidade: pelas representações mobilizadas (estigmatizante, ameaçadora, impeditiva, que afeta a aparência); se sintomas são deslegitimados pelo saber profissional adiando ou dificultando o diagnóstico; quando pressupõe significativas mudanças na estrutura dos significados, no sentido da existência, nas relações concretas da vida. Seguem-se repercussões ao iniciar o tratamento contínuo em que as prescrições são cotejadas, balizadas e ajustadas em meio às demandas cotidianas não médicas e às sensações corporais. Pesam como mediadores o curso e características da enfermidade (progressiva, assintomática) e tratamento (invasivo, agressivo, debilitante, iatrogênico, tecnologicamente complexo), relação com profissionais, co-morbidades. Tem lugar neste processo, mediadores como gênero, classe social, raça/cor, políticas de saúde, associações de adoecidos, ocupação, fase da vida, idade (inclusive casos congênitos).


Conclusões/Considerações Finais
As repercussões dos adoecimentos de longa duração incidem nas características socioculturais e biográficas das pessoas, nos seus corpos (funcionamento, aparência, imagens corporais), nas condições de vida e trabalho e, também, nos valores, saberes, símbolos, crenças, significados e sentidos que se influenciam circularmente marcando a experiência dos adoecidos e mobilizando as fronteiras imprecisas entre natureza e cultura. Em meio às mudanças engendradas pelo adoecimento e seus desdobramentos as pessoas reagem (re)criando normas de vida possíveis, viáveis e sempre provisórias, pois a enfermidade tem um curso, os corpos se desgastam e os recursos ao cuidado mudam, outras enfermidades podem se instalar. Neste processo os mediadores são importantes pelo potencial de amenizar ou exacerbar as repercussões dos adoecimentos, sem incorrer, no entanto, em tomá-los em si como decisivos, determinantes e absolutos, mas operando em intersecções inscritas em biografias contextualizadas.


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