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10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 39 - Vulnerabilidade - Aspectos Conceituais/Casos Específicos

11879 - MODOS DE VIDA E VULNERABILIDADE: MODELOS QUE POTENCIALIZAM O USO ARTICULADO DESTAS CATEGORIAS NA PESQUISA EM SAÚDE
LENY - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


Apresentação/Introdução
No presente trabalho adota-se a definição de modo de vida como conjunto articulado das práticas da vida cotidiana, tal como propõe Almeida Filho (2004), entendendo a cotidianidade como “um processo de constituição que implica o conjunto das transformações do sujeito” (p. 881). Transformações entendidas na imbricação entre percursos históricos, contextos culturais locais e macro estruturas sociais.
É precisamente a partir dessa concepção em que se articula o cotidiano, a continuidade (ou historicidade) e as condições sociais mais amplas que se vislumbra a oportunidade para construir a ponte entre modos de vida e vulnerabilidade, particularmente, quando se aborda processos sociais envolvendo famílias e ou comunidades. Dentre os diferentes enfoques sobre vulnerabilidade, considera-se especialmente fértil o modelo de Kaztman et al (1999). Trata-se de um enfoque que dimensiona não apenas os ativos nos domicílios e a capacidade da família de mobilizá-los, como também, o modo como estes elementos se articulam às lógicas de produção, sem perder de vista como se dá a distribuição de ativos em uma dada sociedade.



Objetivos
Neste trabalho pretende-se discutir, a partir de experiências de pesquisas com famílias e comunidades de classes populares, o potencial analítico do entrelaçamento de duas categorias – modos de vida e vulnerabilidade social. A discussão se centrará em perspectivas teóricas que tem embasado pesquisas produzidas pelo programa integrado Comunidade, Família e Saúde (FASA) do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA), particularmente, envolvendo população negra, desigualdades raciais e saúde no Brasil.


Metodologia
A discussão proposta deriva da articulação entre pesquisas bibliográficas sobre as categorias em foco - modos de vida e vulnerabilidade, abrangendo, notadamente, as concepções referidas na introdução, e análises de experiências de pesquisas que vem adotando o uso articulado das referidas categorias.


Discussão e Resultados
Os ativos correspondem ao conjunto de recursos, tangíveis ou intangíveis, que são controlados por indivíduos e famílias, e cuja mobilização permite melhorar sua situação de bem-estar, evitar a deterioração de suas condições de vida ou diminuir sua vulnerabilidade; a estrutura de oportunidades, por sua parte, diz respeito às fontes de renovação e acumulação dos ativos necessários para participar plenamente da sociedade (KAZTMAN; FILGUEIRA, 2006). Na tipificação dos ativos, propõe-se a seguinte taxonomia: Capital Físico (ou Financeiro) – compreende bens materiais e renda (baseado em direitos) compreenderia a posse de bens duráveis como moradia, terras, animais, meios de transporte, assim como o capital financeiro, representado por poupança e crédito; Capital Humano – compreende o valor agregado ao trabalho, à educação e saúde (baseado nas pessoas) compreenderia o valor agregado à capacidade de trabalho por investimentos em saúde e educação.; Capital Social: compreende a rede de “relações interpessoais de apoio mútuo geradas com base em princípios de reciprocidade como ocorre, por exemplo, na organização familiar, na comunidade, nos grupos étnicos ou na religião” (KAZTMAN et al, 1999, p.167).


Conclusões/Considerações Finais
Ao centrar-se no recorte domiciliar, o modelo de Kaztman é especialmente oportuno para se trabalhar a vulnerabilidade desde um enfoque familiar, distinguindo no âmbito micro-social, onde precisamente se captura os modos de vida, os desafios da existência cotidiana, bem como, a capacidade de diferentes famílias de aceder, gerar e gerenciar ativos. Tal possibilidade tem se revela do particularmente promissora em pesquisas que tem como objeto o convívio cotidiano com condições vulnerabilizantes como a violência e as enfermidades crônicas.


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