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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 1 - Etnografias de/em Serviços de Saúde

11927 - PRÁTICAS DISCURSIVAS E INTERAÇÕES ENTRE ‘MÉDICO/A’ E ‘PACIENTES ONCOLÓGICAS’ NAS TENSÕES ENTRE A CLÍNICA TRADICIONAL E OS CUIDADOS PALIATIVOS
NAIARA ANDRADE BISCÁCIO - UFRJ, MARIA DE FÁTIMA LIMA SANTOS - UFRJ


Apresentação/Introdução
O avanço biotecnológico e dos recursos da medicina a serem utilizados em tratamentos ambulatoriais de doenças graves colaboram para que a crença em uma medicina curativa perpasse os pensamentos de profissionais e pacientes mesmo em contextos em que as doenças podem ter um prognóstico negativo. Diante deste contexto, pode tornar-se conflituoso o momento de comunicação de agravamentos de doenças com impossibilidade de cura, como pode acontecer ao longo de um tratamento oncológico. O encontro entre médico/a e paciente diante de notícias difíceis, pode trazer campos de tensão nessa interação tendo em vista como cada participante encara este processo. Nessas interações muitos desdobramentos e afetações podem acontecer entre locutor e interlocutor enquanto resposta aos momentos de conflito e o processo de cuidado vai depender das produções destas interações. O cuidado em saúde se desenvolverá de acordo como os participantes dessa interação sentirem e se portarem diante de tais tensões. Para tanto, busca-se a perspectiva teórico-metodológica qualitativa do campo da Sociolinguística Interacional de cunho etnográfico para ser a base metodológica da pesquisa de interação face a face neste complexo contexto


Objetivos
Diante do contexto descrito objetivamos investigar as tensões nas práticas discursivas e interações entre ‘médico/a’ e ‘pacientes oncológicas’ quando estas chegam a uma etapa em que não há mais recursos do tratamento quimioterápico e devem ser submetidas a cuidados paliativos.


Metodologia
Para realizar este estudo, tomarei como base estudos anteriores com a perspectiva teório-metodológica qualitativa do campo da Sociolinguística Interacional de cunho etnográfico. Para a elaboração da análise etnográfica (LADEIRA, 2007), realizou-se entrevistas individuais com profissionais médicos, enfermeiros e pacientes do Ambulatório de Mastologia do HSJA e analisou-se do ponto de vista microssociológico e microetnográfico os discursos e as interações dentro do contexto de atuação e de produção de cuidados na abordagem com os atores sociais envolvidos no contexto da pesquisa. Não buscou-se um olhar distanciado e neutro entre teoria e prática, tampouco vislumbro partir de verdades universais. Utilizou-se a técnica de coleta de dados da Observação Participante em um estudo microanalítico, para buscar entender o grupo por mim proposto em suas interações.


Discussão e Resultados
A partir da análise da gravação e da participação em consultas ambulatoriais percebeu-se que as interação entre médica e paciente inicialmente é comumente regada por esperança. Neste contexto, várias disputas de poder, também ocorrem na tentativa de dominar o conhecimento do "outro". Médica e paciente tentam, cada uma a seu tempo, e com seus recursos linguísticos alterar o enquadre interativo a partir de esquemas de conhecimento e mudanças de footing da/na consulta (termos utilizado por Goffman, 1981)na difícil tarefa de produzir saúde a partir da proposta ou das propostas de tratamento. Na prática da medicina, os atendimento são perpassados por assimetrias de poder muito claras e há uma dificuldade intensa em desenvolver e aceitar a alteridade dos sujeitos que buscam atendimentos pela característica que esta prática possui de ter em seus protocolos e prescrições pré-estabelecidas a única unica possibilidade de aplicação de seus recursos. Os resultados das interações mudaram na medida que a doença avançava. A partir de uma notícia de passagem para Cuidados Paliativos a ideia de morte fica ainda mais evidente.


Conclusões/Considerações Finais
No campo da saúde as interações tomam um viés muito específico e, por vezes conflitante já que a comunicação não é desenvolvida com tanta maestria.A medicina se importa em tocar a doença. mas pouco se lembra de tocar aquele que porta a doença. O profissional médico, o qual esta pesquisa contempla, não se atenta em sua rotina corrida que ele enquanto pessoa é o primeiro recurso a ser "aplicado" ao paciente. Apenas na interação e ao vivenciar os conflitos que a acompanha é que percebe-se, por vezes, uma gama de possibilidades tecnológicas a serviço e a disposição do paciente, mas uma impotência no trato e no alcance do conhecimento do paciente para que este seja efetivamente tratado como um ser diferente, único que precisa ser alcançado em sua totalidade para que a produção de saúde aconteça nas vivencias médicas, pois a medicina é uma prática que só existe diante do seu objeto de estudo que não "deve-ria" ser a doença, mas sim o sujeito que diante de nós se apresenta.


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