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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 16 - Corporeidade, Cuidado em Saúde, Identidades e os Marcadores da Diferença |
11070 - MULHER, CUIDADO E PREVENÇÃO DE CÂNCER DE COLO UTERINO: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE USUÁRIAS EM UBS ATRAVÉS DO MODELO DE CRENÇAS EM SAÚDE MICHELLY BEZERRA DOS SANTOS RABELO - FAP, SUSANNE PINHEIRO COSTA E SILVA - UNIVASF, GLAUCCO BAIOCCHI NETO - FAP, ROSANE SILVIA DAVOGLIO - UNIPAMPA, EZEQUIEL GOMES DE FREITAS - UNIVASF, THAYANE BARROS - UNIVASF, MIKAELLA TUANNY BEZERRA CARVALHO - UFCG
Apresentação/Introdução A prevenção e controle do câncer de colo uterino é realizado através de ações que vão desde a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis até aquelas voltadas para detecção precoce do câncer através do exame preventivo ou Papanicolau, ofertado na Atenção Primária em Saúde. Apesar desse rastreamento fazer parte da rotina nas Unidades Básicas de Saúde, é fato que existe uma dificuldade no controle deste, seja pelo acesso comprometido ou acompanhamento deficitário, entre outros. O sucesso na concretização de um programa de rastreio exige compreensão e atenção aos fatores comportamentais das mulheres, que devem ter a sua própria concepção do câncer cervical valorizada e percepção de risco de adquiri-lo, além do conhecimento dos benefícios do rastreio; somado a isso, uma boa comunicação sobre o câncer de colo e o processo de seleção de rastreamento nos serviços de saúde, orientando sobre as consequências e as questões que afetam a sua participação ou não. Para estudar estes fatores comportamentais, muitos pesquisadores têm utilizado o Modelo de Crenças em Saúde (MCS). O MCS tem quatro conceitos: percepção de susceptibilidade; de gravidade; de benefícios e de barreiras.
Objetivos Investigar o comportamento de mulheres usuárias de Unidades Básicas de Saúde do município de Lagoa Grande/PE sobre prevenção de câncer de colo uterino, utilizando o Modelo de Crenças em Saúde, identificando os fatores motivacionais e impeditivos das mulheres para realizar o exame de Papanicolau.
Metodologia Este estudo é parte de dissertação de mestrado em Oncologia Clínica da Fundação Antônio Prudente e Universidade Federal do Vale do São Francisco. Trata-se de um estudo analítico observacional do tipo transversal. Para este trabalho, foi selecionada uma a amostra de 165 mulheres que responderam ao questionário aplicado em unidades básicas de saúde de zona urbana e rural no município de Lagoa Grande/PE. Este instrumento de coleta de dados foi desenvolvido para pesquisa investigando aspectos socioeconômicos e comportamentais relacionados ao histórico ginecológico e obstétrico da mulher, além de conter a Escala MCS de Champion. Foram incluídas mulheres entre 25 e 64 anos, sexualmente ativas, independente de ter ou não filhos. Como critérios de exclusão estão mulheres com o histórico de histerectomia total e diagnóstico confirmado de câncer. Os dados coletados foram analisados pelo pacote estatístico SPSS.
Discussão e Resultados A média de idade das mulheres que participaram do estudo foi 36 anos, com renda de 01 salário mínimo e 04 pessoas por residência. Dentre as respondentes, 79,4 % eram casadas ou em união consensual. Das mulheres sem cônjuge, 55,9% tinham parceiro fixo. A grande maioria (95,8%) já havia realizado preventivo pelo menos uma vez na vida, sendo que 84% fizeram o último como exame de rotina. Em relação aos dados do Modelo de Crenças em Saúde, percebeu-se que no que tange aos benefícios do preventivo as afirmações tiveram concordância significativa para as mulheres do estudo. 57,6% delas concordaram com a afirmação "quando eu faço o exame preventivo, não me preocupo muito com o câncer do colo do útero". Em relação às barreiras para realização do preventivo, as afirmações "Fico com vergonha de fazer o exame preventivo" e "Tenho medo de descobrir alguma coisa se eu fizer o exame preventivo" tiveram discordância de 56,3% e 50,3%, respectivamente. Assim como na literatura, o trabalho identificou medo e desconhecimento sobre o câncer uterino e sua evolução. Os resultados reforçam a discussão sobre a importância da atuação da ESF com as mulheres sobre sexualidade, gênero e o exame Papanicolau.
Conclusões/Considerações Finais Os resultados do trabalho demonstram avanço no acesso aos serviços oferecidos na atenção básica, como o exame Papanicolau através dos programas de “Saúde da Mulher”. Porém, muito precisa ser discutido para que os aspectos comportamentais das mulheres possam ser considerados no cotidiano dos serviços de atenção primeira, para que o seu público possa ter espaço ampliado nas discussões sobre sexualidade, gênero e prevenção de agravos, como o câncer de colo uterino. É preciso investir no planejamento e nas ações educativas relacionadas ao rastreio, para que além do acesso, possa ocorrer também qualidade e resolutividade neste serviço. Além disso, os fatores de risco relacionados diretamente ao agravo como multiparidade, que foi detectado no estudo; tabagismo, alimentação inadequada e sedentarismo devem estar sendo elencados para incentivar autonomia e estímulo ao autocuidado das mulheres.
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