10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 34 - Injustiças e Impactos do Agronegócio na Saúde, Trabalho e Ambiente |
11444 - RELAÇÃO DO SUICÍDIO E INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA VIRGINIA LUIZA SILVA COSTA - UFMT, STEPHANIE SOMMERFELD DE LARA - UFMT, LUÍS HENRIQUE DA COSTA LEÃO - UFMT, WANDERLEI PIGNATI - UFMT
Período de Realização da experiência Período de Novembro de 2015 á Maio de 2016
Objeto da experiência O uso de agrotóxicos no Brasil teve início na década de 60, com intuito de combate a vetores e no controle de parasitas. Dentro da agricultura a sua utilização vem crescendo junto com a modernização das práticas agrícolas de monocultura. A alteração no processo de produção dos alimentos com o uso de agrotóxicos contribui-o para o crescimento da agricultura, e trouxe consigo efeitos negativos para o meio ambiente e principalmente para a saúde de trabalhador. A saúde dos trabalhadores do agronegócio em diversas áreas é ameaçada, devido à exposição a esses produtos durante a sua jornada de trabalho pode levar a intoxicação, podendo estar relacionado as ocorrência de suicídio na região.
Objetivo(s) Socializar experiência vivenciada pelas mestrandas e pelo NEAST sobre a análise das relações do suicídio e intoxicação por agrotóxicos em trabalhadores.
Metodologia Trata-se de um relato de experiência caracterizado pela descrição das dificuldades encontradas na construção e na execução do projeto que se propõem a analisar as variáveis suicídio e intoxicação por agrotóxicos. A pesquisa faz parte de uma pesquisa maior que vem sendo conduzida pelo Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador – NEAST do Instituto de Saúde Coletiva da UFMT, que compreende 3 municípios do estado do Mato Grosso, que fazem parte da Bacia do Juruena, sendo esses líderes na produção agrícola de soja, milho e algodão.
Resultados Na compreensão do fenômeno do suicídio encontramos dados que demostram quanto é relevante a discussão da existência de relação suicídio e intoxicação por agrotóxicos, pois, segundo dados da OMS, estima-se que por ano um milhão de pessoas morrem por suicídio em todo o mundo. No Brasil, a mortalidade segundo DATASUS em 2012 foi de 5,1/100mil hab, a incidência é maior três a quatro vezes em homens em idade produtiva. No MT o número aumenta para 5,3/100mil hab. É descrito na literatura números maiores de caso de suicídio nos estados do sul do Brasil, estando associados ao trabalho nas lavouras, o mesmo está acorrendo na região Centro-Oeste onde a incidência vem crescendo. A intoxicações está relacionada ao tempo de exposição e as condições gerais de saúde do sujeito. O trabalhador rural por estar diretamente e diariamente exposto ao agrotóxico está mais vulnerável a intoxicação. Em 2008 a OMS, referiu que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações em trabalhadores em todos os países.
Análise Crítica Dentro da questão do suicídio temos uma crescente discussão de que as ocorrências de intoxicação dos trabalhos do agronegócio, esta relacionado ao uso em grande escala de agrotóxicos. Essa discussão vai contra o modelo hegemônico, traz o debate sobre as lutas de classe pelo controle do mercado. Uma política neoliberal que reforçam a responsabilização do sujeito pela sua saúde, retirando do Estado a sua obrigação e isolando os fatores da interação como o ambiente e as atividades ocupacionais no processo saúde-doença. Essa compreensão tenta descaracterizar o suicídio como uma fato social, em que o sujeito exercendo papel na sociedade. No plano ideológico há disseminação de valores calçados no individualismo, no consumismo e na competição, os quais vêm minando as bases da solidariedade social e do coletivismo. O uso indiscriminado de agrotóxicos que leva o trabalhador à intoxicação é um exemplo claro da busca pelo controle do capital em que se perde o foco do objetivo da agricultura.
Conclusões e/ou Recomendações A compreensão do suicídio como um problema de saúde pública e sua relação com a intoxicação por agrotóxico traz a questão para o campo de intervenção da saúde coletiva, com objetivo de evitá-lo, sendo imprescindível a criação de ações eficazes para a prevenção do suicídio, com o pressuposto da melhoria da qualidade de vida dos grupos mais expostos. Sua relação com o uso de agrotóxicos pode estar associada, mas compreendemos que é necessário um aprofundamento maior sobre tema, pois, foi observado ainda a existência de grande resistência da sociedade frente a discussão do tema.
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