10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 41 - Tecnologias Contraceptivas e Reprodutivas: Inovação e/ou Controle dos Corpos? |
11326 - AGRAVOS À SAÚDE DECORRENTES DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO MARCIA AGOSTINI - FIOCRUZ, VANDA D`ACRI - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução A violência afeta todas as camadas sociais, mas seus efeitos são mais prolongados entre os grupos historicamente marginalizados e vulneráveis, como as mulheres, negros, indígenas, lésbicas e transgêneros. A violência constitui portanto, um fenômeno social que influencia sobremaneira o modo de viver, adoecer e morrer e está relacionada com as formas de gênero expressas na vida social e laboral.
Sua expressão diversificada em todos os ciclos de vida das mulheres e da vida familiar (desde a infância até a velhice) nos leva a considerar a violência como um dos agravos à saúde de maior impacto em razão de sua manifestação ampla, de forma objetiva e/ou subjetiva que produz uma classificação de amplitude, ou seja, física, emocional, psicológica, psicossomática e moral.
O setor Saúde deve ser considerado como espaço privilegiado para acolher, identificar, assistir e notificar os casos de violências com o olhar de gênero, respeitando as diferenças e buscando a igualdade de gênero a partir dos problemas de violência doméstica e/ou sexual, que chegam às portas dos serviços públicos de saúde.
Objetivos Apontar temas emergentes nos discursos das mulheres a partir de fatores como: ausência de decisão, submissão e o silêncio em situação de violência; a diminuição das atividades no espaço público; as obrigações domésticas sem apoio dos componentes da família e o peso da jornada de trabalho contínua como agravante do processo de adoecimento das mulheres, dentre outras vivências femininas.
Metodologia Privilegiamos as metodologias feministas, e neste caso, as Oficinas de Reflexão, onde mulheres buscam sua saúde, em todas as fases de sua vida sexual, reprodutiva, procriativa e de trabalho.
Nas oficinas, a metodologia reflexiva vai além do pensar, do julgar e do agir, ao introduzir o sentir e a consciência corporal como elementos fundamentais para que se construa uma visão integral do ser feminino, partindo da vivência do cotidiano para a compreensão da realidade na qual estão inseridas em seus espaços privados e coletivos.
Discussão e Resultados Refletir sobre o impacto das oficinas de reflexão como espaço de ação e conhecimento onde as mulheres possam identificar em sua própria história e em seu próprio corpo, suporte, registro e esteio de sua vida e de identidade ao incluir as fases e os momentos de sentir, do saber e do atuar no mundo.
Conclusões/Considerações Finais Compartilhamos aqui neste trabalho alguns subsídios aos profissionais de saúde, trabalhadoras, mulheres vítimas de violência em suas diversas formas e condições de gênero, afirmando que: a construção do conhecimento em saúde não pode ser deslocada da lógica da vida e de suas fases em ciclos; não podemos falar de vida se não falarmos de nós mesmas refletindo sobre nossas histórias. E assim, ao abordar a violência de gênero através das Oficinas impulsionamos a fala feminina, para dar um sentido novo às experiências e alcançar condições de se descobrir e conquistar o lugar de sujeito de sua própria história, apropriando-se de seu corpo para ser mais para si com os outros. Este aprendizado poderá fluir, num processo permanente de produção de sentidos e de agir em saúde, uma oportunidade para promover solidariedade e fortalecer o poder da mudança diante das violências e das (ad)diversidades de gênero.
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