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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 3 - As Injustiças nos Ambientes Familiares e de Formação

11934 - OPRESSÕES NA UNIVERSIDADE: CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO NARRATIVO-REFLEXIVO SOBRE A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NA FORMAÇÃO EM MEDICINA
VALERIA FERREIRA ROMANO - UFRJ, RAISSA DE ARAUJO FERREIRA CARDOSO - UFRJ, CESAR AUGUSTO PARO - UFRJ, BRUNO PEREIRA STELET - UFRJ, EVELIN GOMES ESPERANDIO - UFRJ, FERNANDA PEREIRA DE FREITAS - UFRJ, JORGE ESTEVES TEIXEIRA JUNIOR - UFRJ, ANA PAULA BORGES CARRIJO - UFRJ, MELLINA MARQUES VIEIRA IZECKSOHN - UFRJ, ANA CAROLINA ROORDA - UFRJ, CAROLINA VASCONCELOS MARANHÃO - UFRJ, CISSA NUNES SOARES - UFRJ, DIANA SADDI PORTELA - UFRJ, DIEGO ALBANO GARCIA - UFRJ, EMILLY BORRET - UFRJ, GILMAGNO AMADO SANTOS - UFRJ, GUILHERME CANESIN - UFRJ, GUILHERME FERNANDES TRITANY - UFRJ, LARISSA RODRIGUES JATOBÁ - UFRJ, MARCOS JANER RIBEIRO GODINHO - UFRJ, MARIA CAROLINA MENDES LIMA - UFRJ, MATHEUS MARTINES GOMES - UFRJ, NATHALIA OLIVEIRA BORGES - UFRJ, NILCEIA NASCIMENTO DE FIGUEIREDO - UFRJ, PAULA DE ALMEIDA RAMOS - UFRJ, RAQUEL LARA MELO COUTINHO - UFRJ, THAINA TAYLOR SANTOS - UFRJ, THAISA VANINI CURVO - UFRJ, THIAGO SANTOS ALLEYNE - UFRJ, CARLA PATRÍCIA MORAIS ÉVORA - UFRJ


Período de Realização da experiência
Este espaço de discussão e reflexão foi criado em julho de 2014 e continua em atividade até hoje.


Objeto da experiência
Trata-se de Projeto de Iniciação Científica (PINC) sobre Estudos em Atenção Primária à Saúde criado por um grupo de docentes médicos de família e comunidade e sanitaristas da Faculdade de Medicina e do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este PINC busca a produção de um pensamento crítico sobre a formação em Medicina e na saúde. Tal objeto reflete uma preocupação sobre a relevância de se pensar como os processos de ensino-aprendizagem têm valorizado ou não uma clínica do sujeito na formação médica e da saúde. Clínica do sujeito esta que inclui a subjetividade e a singularidade como fundamentais no ensino da abordagem profissional usuário.


Objetivo(s)
Sensibilizar e estimular o estudante de medicina e da área da saúde a escrever narrativas sobre seu processo ensino e aprendizagem. Vivenciar a construção de processos de ensino aprendizagem de práticas reflexivas. Construir conhecimentos, habilidades e atitudes que valorizem a subjetividade e a singularidade dos sujeitos. Produzir reflexões e ações que ativem a justiça social no trabalho em saúde.


Metodologia
A metodologia utilizada tem sido a de criar condições e espaços para o livre registro escrito de narrativas pelos estudantes com os temas da relação professor aluno e do cuidado em saúde, além de planejar e realizar atividades de educação em saúde em escolas municipais com utilização da arte da palhaçaria e do teatro do oprimido enquanto dispositivos de aproximação e troca de saberes e sentimentos.


Resultados
A descrição e a reflexão coletivas das narrativas sobre opressões sofridas pelos estudantes tem sido o resultado mais consistente, fazendo supor que há uma necessidade expressa e pulsante de expor incompreensões, injustiças, autoritarismos e assédios realizados quase que institucionalmente seja por docentes, gestores de ensino ou por outros estudantes. Nesse sentido, um resultado evidente, tem sido o do aumento da procura de estudantes de diferentes períodos que desejam frequentar o PINC, além da presença constante de ex-alunos que, formados, continuam a participar do coletivo.
As opressões sofridas pelos estudantes de Medicina e da área da saúde sinalizam que há um desgaste do modelo de ensino hegemônico, voltado para a transmissão de conhecimentos, a memorização e a avaliação somativa que com seu potencial punitivo, retira do outro o desenvolvimento de habilidades de iniciativa, criatividade e autonomia.


Análise Crítica
A crise da Universidade permeia também uma crise no campo da saúde que insiste em um modelo tecnoassistencial em que o profissional da saúde estabelece uma prática aprendida em sua formação que secundariza a subjetividade e reforça a fragmentação dos sujeitos, tornando-os simples portadores de doenças, despossuídos da legitimidade do reconhecimento da experiência sobre o seu adoecer. Refletir e relatar sobre as opressões sofridas, coletiviza o sofrimento e gera movimentos, estratégias de enfrentamento, posturas de questionamento e transformação importantes para o reconhecimento da dignidade humana como valor. Outra questão importante é o fato da maioria dos professores da saúde não possuírem preparo pedagógico ou didático para o exercício da docência. Geralmente são profissionais da saúde que sem qualquer capacitação específica na área da educação, iniciam atividades docentes, reproduzindo e perpetuando modelos de ensino aprendidos nos bancos escolares pelos quais passaram na vida.


Conclusões e/ou Recomendações
Se consideramos que a educação busca ampliar o pensamento, criar sentimentos de pertencimento e reforçar a autonomia dos estudantes, na formação na área da saúde parece operar uma lógica inversa. Com a universidade pública e a saúde em crise, resta-nos tecer caminhos a favor da produção de subjetividades. Apostamos no coletivo, na solidariedade, na coerência e no afeto em vínculo que um grupo de estudantes insatisfeitos procura encontrar junto a um grupo de professores igualmente insatisfeitos. Nos apoiamos na expectativa da construção cotidiana da igualdade e da dignidade humanas.


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