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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 4 - Vulnerabilidade, Direito à Saúde e Humanização

12139 - REDE CEGONHA, HUMANIZAÇÃO DO PARTO E OS LIMITES DA PRÁTICA
SARAH ALVES MOURA COSTA - UFBA, MARIZA SILVA ALMEIDA - UFBA, EDMÉIA ALMEIDA CARDOSO COELHO - UFBA


Apresentação/Introdução
A mudança de paradigma da assistência tecnocrática para uma atenção humanizada interfere nos processos de trabalho na medida em que é necessário incorporar um novo conjunto de crenças e valores orientados para um modelo sem intervencionismo. A luta pela humanização do parto tem como princípios a busca de garantias dos direitos reprodutivos e redução da prática de excessivas intervenções, visto que o uso irracional de técnicas durante o parto causa mais prejuízos que benefícios. A Rede Cegonha segue as diretrizes desse novo modelo de atenção à saúde, que se constitui em redes de cuidados que devem organizar e qualificar a assistência materno - infantil. Fundamentada no princípio da integralidade e no Sistema Único de Saúde, deixa em evidência a relação entre política e direito à saúde. Nessa perspectiva, o cumprimento dos princípios do SUS, a confiança no direito e coexistências das ações, asseguram o acesso à saúde e afirmam a dignidade humana e a cidadania. Portanto, repensar o cuidado implica na construção de práticas eficazes embasadas nos princípios da integralidade que conduza à formulação de novos paradigmas para a saúde.


Objetivos
Este estudo foi desenvolvido com objetivo de analisar a humanização do parto a partir do olhar da equipe de Maternidade que orienta sua prática sob as diretrizes da Rede Cegonha.


Metodologia
Trata-se de estudo exploratório, de abordagem qualitativa, desenvolvido em uma Maternidade pública do Estado da Bahia vinculada à Estratégia da Rede Cegonha desde 2012. A pesquisa foi realizada com dezesseis profissionais que compunham o quadro permanente da Maternidade, que atenderam aos critérios de ter vivenciado a experiência do cuidado a parturientes e estar em atividade na Maternidade desde 2011. Foi utilizada entrevista semiestruturada para produção do material empírico, e duração média de 40 minutos/cada, durante as quais foi utilizado gravador de voz. O material empírico foi analisado pela técnica de análise de discurso segundo Fiorin. Respeitou-se todos os preceitos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, referente às normas éticas de pesquisas envolvendo seres humanos.


Discussão e Resultados
A Rede Cegonha, criada para o desenvolvimento de ações com ampliação e qualificação do acesso ao planejamento reprodutivo, pré-natal, parto e puerpério,sua elaboração reafirma compromissos com a mudança de indicadores relativos à mortalidade materna e neonatal, mas também quanto à efetivação de práticas acolhedoras e resolutivas para mulheres, cujas demandas requerem que o sistema de saúde, faça da integralidade da atenção uma realidade nos serviços. Na Maternidade em que nosso estudo foi realizado, tem em suas bases o trabalho realizado pela Maternidade Sophia Feldman, Belo Horizonte- MG. Entretanto o reduzido número de profissionais na assistência impede uma atenção mais qualificada e retarda respostas às demandas das mulheres. A análise dos discursos de profissionais que participaram do estudo mostra que embora expressivo esforço de profissionais do cuidado e da gestão, problemas estruturais identificados que limitam a implementação. Nessas circunstâncias criam-se contradições entre a proposição política e as práticas, comprometendo a qualidade da assistência e autonomia das mulheres no processo de parturição.


Conclusões/Considerações Finais
Profissionais de saúde revelam incorporação das diretrizes da Rede Cegonha e as aplicam nos limites institucionais. A infraestrutura material impõe limites e o acolhimento, importante dimensão da integralidade e da estratégia compromete a qualidade e a resolutividade do cuidado.O respeito aos direitos das mulheres é reconhecido, mas há limites por se manter uma estrutura ainda atrelada à precarização da assistência, garantindo-se o mínimo para mudar a qualidade da experiência das mulheres no parto. Assim, recai sobre a equipe o ônus de fazer sobreviver uma proposta que se propõe a superar iniquidades. Em síntese, concretizar a Rede Cegonha requer comprometimento em transformar o paradigma da assistência. Os problemas constatados, são passíveis de solução, envolvendo investimento financeiro e vontade política de instâncias centrais de decisão, que contarão com profissionais mobilizadas/os a continuar revendo valores incorporados às práticas.


Realização:



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