11/10/2016 - 10:45 - 12:00 GT 23 - Políticas de Saúde e as Práticas de Cuidado |
11041 - ANÁLISE DAS CONDIÇÕES E DOS MEIOS DE TRABALHO DE UMA EQUIPE DE NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA DE SALVADOR, BA. LEIDE DIONNE PEREIRA DE JESUS SANTOS - UFBA, VLADIMIR ANDREI RODRIGUES ARCE - UFBA
Apresentação/Introdução O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) foi criado em janeiro de 2008 pelo Ministério da Saúde, com o intuito de apoiar a inserção da Estratégia Saúde da Família (ESF) na rede de serviços. Cada NASF é composto por profissionais de diferentes áreas de conhecimento que atuam em conjunto com os profissionais das equipes de Saúde da Família.
Para efetivar o processo de trabalho junto às equipes de SF e a população, o NASF dispõe de meios imateriais e materiais para desenvolverem suas atividades. Neste contexto, compreende-se meio de trabalho como aquilo que o trabalhador insere entre si e o seu objeto de trabalho, a fim de dirigir sua atividade sobre esse objeto, podendo ser os instrumentos, as habilidades e conhecimentos empregados para alcance da finalidade do processo de trabalho.
Já as condições de trabalho são entendidas como tudo o que exerce influência sobre o trabalho. Assim, o acesso aos meios exerce papel peremptório sobre as condições de trabalho, que também são influenciadas pela interação estabelecida entre os profissionais do NASF e destes com as equipes de SF, usuários e comunidade.
Objetivos Considerando-se a necessidade atual de construção de elementos que permitam compreender quais são os meios e as condições facilitadoras e dificultadoras do processo de trabalho dentro do NASF, este estudo teve como objetivo identificar e analisar os meios e as condições que caracterizam o processo de trabalho de um Núcleo de Apoio à Saúde da Família do município de Salvador-Ba.
Metodologia Trata-se de estudo de caso de abordagem qualitativa, onde a escolha da equipe se deu por conveniência, considerando o vínculo que a pesquisadora estabeleceu com a equipe durante um estágio curricular da graduação.
A coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2014 e abril de 2015. Todas as profissionais da equipe são do sexo feminino e a média de idade foi de 33 anos, com variação entre 28 e 58 anos. Sobre a forma de ingresso, todas são concursadas e atuam sob regime estatutário, com carga horária semanal de trabalho de 20 ou 40 horas. A maioria já havia trabalhado em equipe multidisciplinar e tido contato com o SUS antes de atuar no NASF. Foram incluídas na pesquisa todas as 7 profissionais da equipe.
O material empírico foi obtido através de observação direta não sistematizada, preenchimento de ficha de identificação e entrevistas individuais. O material coletado foi submetido à análise de conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUPES/UFBA.
Discussão e Resultados Sobre os meios imateriais percebeu-se que neste NASF, além do saber específico de cada núcleo, há a valorização de outros conhecimentos e habilidades, especialmente relacionados ao campo da saúde coletiva, além de políticas de saúde e tecnologias leves de cuidado. Ressalta-se também a articulação com outros setores, evidenciando uma ampliação das práticas de saúde.
No tocante aos meios materiais utilizados pela equipe, as entrevistadas sinalizaram a utilização de materiais de baixa densidade tecnológica, que são empregados geralmente em atividades educativas, que ocorrem principalmente em grupo. Não se observou a utilização de equipamentos específicos dos diferentes núcleos para ações de diagnóstico e reabilitação.
Sobre as condições de trabalho notou-se uma série de facilidades e dificuldades que permeiam o processo de trabalho. Dentre as facilidades estão o vínculo estatutário, a boa relação interna do NASF e deste com as equipes de SF. As dificuldades referem-se à falta de apoio da gestão, a carência de meios materiais para a realização do trabalho, o excesso de atividades, de equipes de saúde da família para apoiar e a dificuldade para organizar e planejar o trabalho.
Conclusões/Considerações Finais Foi possível identificar as repercussões positivas e negativas que os meios e as condições de trabalho acarretam ao fazer dos profissionais. Conclui-se que, no que concerne aos meios de trabalho, tanto materiais quanto imateriais, observa-se uma busca das profissionais para adequar e utilizar na prática os meios preconizados e que atendam às exigências encontradas ao longo do desenvolvimento do trabalho no NASF, reforçando uma perspectiva de superação da hegemonia do modelo biomédico de atenção à saúde. Conquanto, as precárias condições de trabalho ainda representam grandes desafios à prática do NASF que, se não melhoradas, podem comprometer o trabalho da equipe e o propósito transformador de apoio e fortalecimento da Estratégia Saúde da Família.
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