10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 23 - Educação em Saúde- Diferentes Estratégias para Trocas e Produção de Saberes e Conhecimentos |
11591 - REPERCUSSÕES DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL NA ATENÇÃO À SAÚDE ANGELO GIUSEPPE RONCALLI DA COSTA OLIVEIRA - UFRN, MÁRCIA CAVALCANTE VINHAS LUCAS - UFRN, NATÉRCIA JANINE DANTAS DA SILVEIRA - UFRN
Apresentação/Introdução A política de provisão de profissionais médicos em territórios com lacunas assistenciais, viabilizada com o Programa Mais Médicos para o Brasil (PMMB), vem contribuindo para consolidar a universalização do acesso à saúde no SUS, e já contempla mais de 4.000 municípios, incorporando 18.240 médicos e beneficiando cerca de 63 milhões de habitantes. Dos 167 municípios do Rio Grande do Norte, 101 implantaram o programa, com incorporação de 264 médicos, sendo 185 cooperados e 79 brasileiros e intercambistas, alcançando 729 mil pessoas que passaram a contar com a regularidade do trabalho de equipes da ESF. Ao completar dois anos de implementação, o Programa Mais Médicos para o Brasil apresenta resultados bastante significativos, particularmente na dimensão do provimento de médicos em regiões e localidades em que vivem populações vulneráveis.
Objetivos O propósito do estudo foi analisar os efeitos do programa mais médicos para o Brasil em municípios de pequeno porte e de maior vulnerabilidade do estado do Rio Grande do Norte, mapeando os principais avanços das experiências exitosas, bem como os sentidos e percepções dos sujeitos sociais envolvidos com as práticas de saúde nos contextos analisados.
Metodologia O estudo teve um caráter exploratório e descritivo e combinou metodologias essencialmente qualitativas que suportaram a análise imbricada dos dados e informações que ajudaram a compreender o sentido e os significados da experiência vivenciada por sujeitos e atores no cotidiano da práxis em saúde em pequenos municípios do interior do Rio Grande do Norte. A pesquisa foi realizada em quatro municípios de pequeno porte, que foram identificados como experiências exitosas e a seleção tomou como base uma sucessão de momentos analíticos. O processo observacional combinou a análise de informações sociais e de saúde, o registro fotográfico, a análise documental, observação das unidades de saúde, entrevistas e grupos focais com os sujeitos que vivenciam o cotidiano dos serviços de saúde no município. Os principais resultados foram expressos em um conjunto de categorias que emergiram dos principais instrumentos de produção de dados: grupo focal e observação direta.
Discussão e Resultados Na primeira categoria, situada em um primeiro nível temos o processo de trabalho, que representa a feição cotidiana do Programa Mais Médicos, traduzida nas práticas da equipe e dos médicos cooperados. Em seguida temos o efeito observado no fortalecimento da Atenção Primária em Saúde, que surge a partir dos resultados significativos na resolutividade e na longitudinalidade.da atenção, atributos da APS. No nível que adere os demais, temos o Modelo de Atenção, percebe-se uma perspectiva de mudança que se expressa em uma maior satisfação dos usuários, gestores e profissionais de saúde com a qualidade da atenção, as boas práticas, a iniciativa de promover a intersetorialidade, e um olhar sobre as necessidades de saúde do território. Identifica-se também que essa perspectiva de mudança é atravessada por questões de oferta de ações, serviços e programas de saúde e tem potencialidades e limites inerentes à complexidade e diversidade da gestão e da atenção no âmbito de um sistema de saúde como o SUS.
Conclusões/Considerações Finais O estudo conclui que as mudanças no processo de trabalho, o fortalecimento da APS e as mudanças no modelo de atenção citadas, são desencadeadas a partir do provimento de médicos cooperados com disponibilidade para atuar e com compromisso com o cuidado, conferindo aplicabilidade prática ao conjunto dos atributos da APS. Em um movimento de mudança que se inicia no espaço territorial de atuação do médico cooperado e da equipe na qual atua, os espaços macro e micropolíticos de encontro promovidos pelo Programa Mais Médicos, têm potencial de provocar transformações positivas na lógica predominante de organização do trabalho com potencial para repercutir em mudanças no modelo de atenção à saúde médico centrado para um modelo centrado no usuário.
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