11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 27 - Diversidade de Significados na Diversidade das Culturas |
12032 - OLHA SÓ ONDE UMA GORDINHA CHEGOU? AGRICULTURA URBANA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL
THALITA MAGDALENA DOS SANTOS - UERJ, JULIANA PEREIRA CASEMIRO - UERJ, LAISA STEFANI DA SILVA NEVES - UERJ
Período de Realização da experiência
O trabalho de campo foi realizado de abril de 2015 a fevereiro de 2016.
Objeto da experiência
A horta comunitária da comunidade Getúlio Cabral surgiu após uma Visita Domiciliar realizada por estudantes do Internato de Nutrição em Saúde Coletiva da UERJ realizada junto com uma Agente Comunitária de Saúde. Nesta visita o foco era uma dona de casa acima do peso e com comprometimentos de saúde. Durante a conversa identificou-se que ela e seu companheiro atuavam na associação de moradores e já haviam vivenciado a experiência de horta que foi financiada por uma ONG e não conseguiu sustentar-se sem a ajuda externa. Em conversa com a comunidade foi identificada a disposição para de revitalizar a horta, com autonomia e o fortalecimento do poder local.
Objetivo(s)
Este trabalho apresenta experiência de implantação de horta comunitária na perspectiva da Agricultura Urbana. As atividades de extensão universitária de apoio à construção da horta foram registradas em uma linha do tempo e foi realizada uma sistematização do histórico de ocupação do território pela comunidade. Por fim, foram analisados os sentidos atribuídos pela comunidade à vivência de construção da horta comunitária e posteriormente apontadas possibilidades de interlocução entre estratégias de incentivo a agricultura urbana e de promoção de alimentação adequada e saudável.
Metodologia
Trata-se de estudo qualitativo, com registro sistemático em diário de campo com posterior criação de uma linha do tempo, realização de grupo focal realizado na Associação de Moradores em Getúlio Cabral no município de Duque de Caxias no Rio de Janeiro. Foram acompanhadas as atividades de revitalização da horta com a realização de atividades de rodas de conversas, oficinas e outras atividades com o intuito de apoiar o planejamento e a tomada de decisão coletiva. O Grupo Focal caracteriza um recurso para compreender o processo de construção das percepções, atitudes e representações sociais de grupos humanos. Tal técnica de pesquisa coleta dados por meio das interações grupais ao se discutir um tópico especial sugerido pelo pesquisador. Foram realizados dois grupo focais no mês de fevereiro com os seguintes temas: Território, Saúde e Nutrição e Organização Comunitária e Sustentabilidade da horta.
Resultados
O reconhecimento do território foi utilizado como eixo condutor para as atividades. O local onde a experiência foi desenvolvida não dispõe de mercados ou outros pontos de venda que comercializem frutas e hortaliças o que torna menos factível a adoção de padrões saudáveis de alimentação. As ferramentas utilizadas foram dos próprios moradores e apoio técnico de graduandos de nutrição e agronomia. Foram envolvidas oito famílias diretamente no plantio e organização da horta. A proposta de criação de Política Nacional de Agricultura Urbana que surge a partir de sistematização e troca de experiências vivenciadas em diversas comunidades Brasil à fora. A não existência de um lugar institucional para esta Política no âmbito do Governo Federal e nos municípios inviabiliza o investimento público. O registro desta experiência permite dar visibilidade ao tema e apresentar demanda.
Análise Crítica
O acompanhamento de pessoas com excesso de peso associado a doenças crônicas é um grande desafio para a Saúde Pública. Este quadro tem exigido que a Atenção Nutricional preveja cuidados que ultrapassem a simples prescrição de dietas. É preciso compreender que indivíduos, famílias e territórios têm dificuldades para manter uma vida saudável, mas também têm suas potencialidades, seus sonhos, expectativas e experiências. A importância da horta não está apenas na produção de alimentos, mas nas relações que ela cria. A horta comunitária demonstrou potencial para fortalecer autoestima, vínculo com o a terra e com o bairro. Permitiu discutir direitos básicos como saúde, saneamento, coleta de lixo, acesso à água potável e alimentação de qualidade. Em contexto de violações, investir numa horta comunitária é investir na esperança de dias melhores e plantar possibilidade de uma vida mais feliz e com mais qualidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A perspectiva da Agricultura Urbana contribui para um olhar sensível para o território. A implantação da horta facilitou o acesso a alimentos saudáveis por permitir que famílias produzam para autoconsumo, fortaleçam a organização comunitária e criem possibilidades de gerar renda, mecanismos de troca e experiência de economia solidária. Mostrou ser importante estratégia para apoiar os sujeitos a identificar potencialidades e analisar de forma crítica a realidade local, contribuindo para a redução da prevalência do sobrepeso, obesidade, e doenças relacionadas à alimentação e nutrição.
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