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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 16 - Corpo, Cuidado em Saúde, Identidades e os Marcadores da Diferença

11662 - CONCEPÇÃO DE CORPO DE PESSOAS COM ESTOMIA INTESTINAL SOB A LUZ DA FENOMELOGIA DA PERCEPÇÃO DE MERLEAU-PONTY
ANTONIO DEAN BARBOSA MARQUES - UECE, JULY GRASSIELY DE OLIVEIRA BRANCO - UNIFOR, LUANA FEITOSA MOURÃO - ESP/CE, ROCHELLE DA COSTA CAVALCANTE - UNIFOR, ISRAEL COUTINHO SAMPAIO LIMA - UNESA, ROSENDO FREITAS DE AMORIM - UNIFOR


Apresentação/Introdução
Nas sociedades, o corpo vem sendo muito valorizado, principalmente quanto aos aspectos que chamam a atenção como: a estética, a sexualidade e as relações sociais de gêneros. É comum depararmo-nos com o paradigma de que a imagem corporal é influenciada pelos padrões estipulados pela sociedade e a cultura que nos rodeia. O corpo, na filosofia de Merleau-Ponty, não é o corpo biológico, objetivo, e sim o corpo dos significados. É através da facticidade que o filósofo envereda no estudo da percepção, sendo esta o contato primeiro que estabelecemos com o mundo e que ocorre através do corpo, também entendido como corpo próprio ou corpo vivido. A pessoa com estomia intestinal sofre com as mudanças em sua imagem corporal, autoestima e sexualidade, devido à eliminação de fezes e gazes, através do abdômen. Assim, ela começa uma nova vida em diferentes condições que estão associadas à incapacidade e à perda, sentindo-se sem valor, com vergonha de outras pessoas e terminando em isolamento com relação à família, amigos e atividades de lazer e mudando sua qualidade de vida.


Objetivos
Este estudo tem como objetivo descrever a concepção de corpo de pessoas com estomia intestinal sob a abordagem fenomenológica de Merleau-Ponty.


Metodologia
O estudo foi extraído da dissertação de mestrado em saúde coletiva intitulada: Percepção da imagem corporal pela pessoa estomizada: estudo fenomenológico. A proposta metodológica se apoiou na interface descritiva, com abordagem qualitativa, baseada na perspectiva da fenomenologia de Merleau-Ponty. A pesquisa foi desenvolvida na Associação dos Ostomizados do Estado do Ceará (AOECE). Foi dado voz a 10 pessoas com estomia intestinal para que elas transcendessem a estrutura física do corpo, passando a narrar o fenômeno da percepção. Realizaram-se entrevistas por meio de um roteiro semiestruturado. Estas foram gravadas por aparelho MP4, transcritas na íntegra e analisadas à luz do referencial, seguindo os passos da descrição, redução e compreensão fenomenológica. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza sob CAEE nº 43624315.1.0000.


Discussão e Resultados
Os sujeitos se percebem como seres-modificados, alterados, transformados, irreconhecíveis, anormais, limitados, alguns se percebem saudáveis e normais, já outros, se enxergam de maneira completamente distinta do que era antes da cirurgia; em relação ao presente em toda sua cotidianidade, em virtude da presença do estoma, o que acarretou a experimentarem sentimentos de ordem negativa, sentimentos de exclusão, devido à percepção do corpo doente com alterações corpóreas. Destaca-se que a corporeidade, como modo relacional e como o mundo para os indivíduos estomizados, expressa nos discursos está ancorada nas dimensões físicas, psicológicas e espirituais. Para a fenomenologia da Percepção a subjetividade se desloca para a corporeidade (para a relação corpo-mundo), ou seja, o que é incorpóreo (de instância subjetiva, inteiro) passa a se constituir em projeto concretizado pelo corpo que “vive”, que se “movimenta”, que se “expressa”, que “cria” em contexto e tempo histórico determinado. O ato de se perceber como ser-estomizado-no-mundo, evidencia uma relação direta e autêntica com o mundo, relação essa que é assentada na corporeidade.


Conclusões/Considerações Finais
A percepção de ser-estomizado passa a ser compreendida mesmo que de modo involuntário ao movimento de contrapor-se aos rótulos impostos pela sociedade sobre o corpo perfeito e corpo eficiente, pois a experimentação de sentimentos de alienação e transfiguração em relação ao próprio corpo prejudica a consciência de ser-estomizado-no-mundo. A experiência de corpo pela pessoa com estomia possibilita ao mesmo tempo em que se configura como local, o encaminha para este a perceber-se como corpo-objeto. Por conseguinte, ser-estomizado-no-mundo, converge a si próprio consoante com “sou meu corpo”. Por vez, ele não se restringe a um objeto que se contrapõe à reflexão e conserva-se em si.


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