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10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 16 - Corpo, Corporeidade e Cuidado em Saúde

11293 - “QUIETINHOS” E “DISCIPLINADOS”: DISCURSO BIOPOLÍTICO E DE BIOPODER NA MEDICALIZAÇÃO DE ESCOLARES COM “PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM” NAS ESCOLAS BRASILEIRAS
CARLOS HENRIQUE MACENA BARBOSA - UFMT


Apresentação/Introdução
Algumas explicações para o fraco desempenho escolar e para o comportamento indisciplinado dos alunos sobressaltam-se, no discurso dos professores, sobretudo aquelas assentadas em fatores extra-escolares. Uns dos alvos principais destas atribuições de causalidade são a “família desestruturada” e a origem socioeconômica dos alunos.
Contudo, há uma o fator causal recorrente no discurso docente sobre estes “alunos-problema”, qual seja a presença de alguma “disfunção” ou algum “distúrbio” de cunho neurológico.
Este fenômeno, amplamente estudado na atualidade, constitui-se nas chamadas “medicalização da educação” e “medicalização do comportamento”. Ressaltam-se as dinâmicas do biopoder e da biopolítica, no âmbito escolar, sendo reafirmada a lógica do adultocentrismo, estando os escolares numa condição de assujeitamento e de desprestígio de poder ao serem classificados como “anormais” ou “doentes”.
Acentuam-se os encaminhamentos de alunos para serem submetidos a exames neurológicos e/ou a atendimentos psicológicos, resultando na maciça prescrição de Ritalina® e Concerta®, drogas que têm o metilfenidato como princípio ativo, representando um efetivo risco à saúde destas crianças.



Objetivos
O intento desta pesquisa foi o de constatar a tentativa atual de reafirmação da proposta moderna de educação. A hipótese de trabalho da pesquisa voltou-se para o fato de que, os rótulos patologizantes do desempenho e da conduta dos alunos, aquém do esperado, fariam parte de uma estratégia para dar sentido a um “novo aluno” contemporâneo, que estaria abalando os sedimentados e tradicionais pilares da educação moderna. Este novo aluno, que questiona e desafia a autoridade docente, deveria ser reenquadrado e normatizado, como ocorria outrora, mas, agora, nos moldes biomédicos de anormalidade.


Metodologia
Este estudo foi de cunho teórico, acerca da manifestação do processo de medicalização no âmbito escolar. Esta conjuntura deslanchada, sobretudo, pelos docentes, acaba por subsumir os alunos “indisciplinados” e com as aludidas “dificuldades de aprendizagem” à lógica do assujeitamento simbólico.
Desta forma, este trabalho objetivou alcançar dados suficientes, a fim de sedimentar uma posição, teoricamente, validada sobre o suposto estatuto de subalternalidade, portado por alunos (crianças) em relação aos professores (adultos). O aludido lugar simbólico ocupado pelos alunos é constituído por meio de rotulações patologizantes e biologizantes, categorias estas classificatórias e explicativas de seu suposto “fracasso escolar”.



Discussão e Resultados
A racionalidade científica biomédica da modernidade implementou a perseguição àqueles que destoam dos padrões normativos vigentes. Na Contemporaneidade, o “cérebro disfuncional”, é um dos critérios primazes que definem o normal e o anormal do comportamento.
Esta lógica tem fundamentado, comumente, o discurso dos docentes sobre os alunos “fracassados”, na aprendizagem. Destarte, há, atualmente, uma “epidemia de diagnósticos” que justifica uma “epidemia de tratamentos” médicos e psicológicos. Esta dinâmica se serve de dispositivos biopolíticos e de biopoder, com vias a controlar, disciplinar, gerir e “docilizar” os corpos dos alunos, diante nas normas escolares, na contemporaneidade.
O Brasil, hoje, destaca-se na prescrição de Ritalina® e de Concerta®, medicamentos utilizados, sobretudo, para o tratamento da alardeada “hiperatividade” dos alunos.
A escola perdeu o papel tradicional da transmissão de saberes. Há uma dificuldade enorme para a escola contemporânea dar sentido ao aprender e ao ensinar para seus alunos. Então, os alunos não se identificam, nem respeitam a figura do professor como antes, gerando um “não saber o que fazer” nos docentes, diante deste “novo aluno” contemporâneo.



Conclusões/Considerações Finais
O imaginário da medicalização está arraigado no cotidiano das escolas brasileiras. Os alunos, quando não aprendem e/ou se comportam de forma “disciplinada”, são entendidos pelos docentes através de classificações patologizantes, sendo as preferidas as de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e de “problemas neurológicos”.
Este trabalho apontou para a crescente implementação da dinâmica da medicalização do não aprender e da conduta dos alunos, no contexto escolar atual, correlacionada ao adultocentrismo, que pauta a relação entre professores/adultos e alunos/crianças.
Concluindo, a patologização e de culpabilização destas crianças evidencia a permanência das crianças no lugar de assujeitamento e desprestígio simbólico, em relação aos adultos, na escola e na sociedade contemporânea como um todo, esta última enredada pelo individualismo, consumismo e gestão de comportamentos.


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