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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 28 - Saúde, Produção e Trabalho |
11055 - INOVAÇÃO E CONTROLE GERENCIAL DE SEGURANÇA E O DESGASTE DO COLETIVO NOS TRABALHADORES DA MINERAÇÃO MURILO DA - UESC, ADRIANA ALVES NERY - UESB
Apresentação/Introdução No gerenciamento organizacional o trabalhador e os grupamentos são postos em relações de desconforto ligados aos valores consagrados nas inovações gerenciais de segurança, as quais expropriam as possibilidades criativas de gestão destes trabalhadores. As inovações gerenciais no trabalho podem provocar a desagregação dos vínculos sociais, afetivos e de cooperação, o que se dá quando normas de qualidade não são cumpridas e quando padrões de produtividade não são atingidos. As novas estratégias gerenciais nas empresas têm levado os coletivos a se desfazerem, não sendo retomada a sua construção mesmo em vista da sua importância para os trabalhadores.
Deste modo, torna-se pertinente a preocupação com os trabalhadores da extração mineral no Brasil, enquanto ramo da atividade econômica que tem destaque tanto nos momentos de crescimento econômico, nos quais existe o aumento no número de acidentes e doenças ocupacionais em decorrência do aumento da produção, quanto nos momentos de crise em que se destacam o endurecimento das relações no trabalho, adoecimento e sofrimento coletivo, silêncio dos movimentos sociais, conflito entre os valores individuais solidários e a precarização das condições de trabalho.
Objetivos A transferência da responsabilização sobre normas e procedimentos gerenciais de segurança, exigem que o trabalhador se mantenha dominado pelos processos do trabalho causando as desgastes individuais e sociais, para terem direito ao trabalho. Diante das questões já expostas, que envolvem as desarticulações que o capital impõe aos trabalhadores, o desamparo da representação sindical, dificuldades da assistência do SUS e do MTE, objetivou analisar a inovação e controle gerencial de segurança, assim como o impacto no coletivo nos trabalhadores da mineração frente às exigências individuais e coletivas no trabalho.
Metodologia Caracterizou-se como um estudo compreensivo de natureza qualitativa, aprovado pelo CEP/UESB. O cenário foi uma empresa de mineração do município de Brumado/BA, sendo os sujeitos da pesquisa trabalhadores dessa empresa, selecionados pelo critério fundamental de estar ativos em seu quadro de funcionários. A produção de dados envolveu multitécnicas, entre elas a observação sistemática dos controles gerenciais; a análise documental dos protocolos e inovações gerenciais de segurança; e entrevistas, realizadas com os trabalhadores durante a atividade de visita realizada nos setores da empresa. A análise guiou-se pela triangulação dos dados produzidos diante dos seguintes inovações e controles gerenciais de segurança: Diálogos Diários de Segurança (DDS), Regra de Ouro, Processo de Observação Segura do Trabalho (POST), Sistema de Gestão da Qualidade Corporativo (SGQ), de acordo com a norma internacional ISO 9001 e Alertas de Segurança.
Discussão e Resultados Com resultado da análise: as temáticas de segurança são direcionadas à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais; Protocolos em que um trabalhador observa o trabalhador executor da ação e averigua se este segue as normas do trabalho; Práticas de segurança que devem ser rigorosamente seguidas, sendo que a sua inobservância pode implicar na demissão imediata; Diminuição acidentes por meio de metas para atender os programas e certificados da empresa; Lições pontuais das situações em que os acidentes ocorreram e a reprodução dos mesmos, por meio de fotos e imagens. A inovação e controle gerencial têm realizado o papel de transferência da responsabilidade da segurança ao trabalhador, isentando a empresa neste processo, quanto à co-responsabilização, voltadas ao aumento da produção e a segurança nos ambientes de trabalho. Estes controles desenvolvidos pela empresa, juntamente com as fotografias e filmagens, transmitem ao trabalhador uma sensação de desconforto. Pois não sabem se a finalidade das imagens seria para adverti-los, puni-los ou para outra finalidade, que implique em demissão. A sensação de fiscalização permanente, demonstra gerar desagregação do indivíduo e de seus pares.
Conclusões/Considerações Finais Tanto a mecanização quanto as novas tecnologias aplicadas aos processos construtivos, como os movimentos de controle gerenciais de segurança induzem o trabalhador a vigiar para punir e não para proteger os seus pares. A supremacia das normas se sobrepõe a valorização do saber de quem faz a atividade. O trabalho passa a ser solitário, a confiança mútua e a interoperabilidade se tornam menos evidentes. Deste modo, a instituição dos laços de cooperação nos espaços e as relações sociais são desgastados pelas empresas. A saúde permanece subentendida, ou mesmo esquecida, ficando a reflexão de ate quando os trabalhadores, resistirão em espaço produtivos em que as articulações de classe estão cada vez mais desestruturadas em consonância com o panorama descrito. Cabe ainda destacar que esta agregação do coletivo pode constituir como um elemento em questões relacionadas à saúde e segurança do trabalhador, criando uma camada de vigilância mútua entre os mineradores.
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