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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 13:30 - 15:30 GT 33 - Cor e Raça na Política Nacional da Saúde da População Negra |
11432 - ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS POR ACIDENTES DE TRABALHO FATAIS SEGUNDO RAÇA/COR, BAHIA, 2000-2012 FELIPE SOUZA NERY - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA, EDNA MARIA DE ARAÚJO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, NELSON FERNANDES DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, IONARA MAGALHÃES DE SOUZA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, MONA GIZELLE DREGER DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Apresentação/Introdução Acidentes de Trabalho Fatais (ATF) são impactantes e representam uma das principais causas ocupacionais de morte em todo o mundo. A análise dos acidentes de trabalho fatais a partir dos Anos Potenciais de Vida Perdidos apresenta grande potencial descritivo e possibilitam mensurar o prejuízo econômico, social e intelectual da mortalidade precoce em determinada sociedade. A inclusão do recorte racial nesse contexto pode revelar iniquidades expressas na hierarquia social e estrutural das ocupações de homens negros e brancos.
Objetivos Analisar a tendência temporal das taxas de APVP decorrentes de ATF em segmentos populacionais segundo a raça/cor da pele, no estado da Bahia, entre 2000 e 2012.
Metodologia Estudo de série temporal que analisou os dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) referentes às declarações de óbitos (DO) de residentes no estado da Bahia entre 2000 e 2012.Foram analisados os registros de óbitos referentes aos ATF, capítulo XX, códigos V01 a X59, do CID-10 e consideradas as variáveis: idade e raça/cor da pele. Foram calculados os números absolutos e médios de APVP; distribuição percentual de APVP; idade na qual, em média, os óbitos ocorreram (IMO); e a taxa de APVP por raça/cor da pele, considerando os dados intercensitários de 2000 e de 2010.Foram calculados o valor total de APVP (APVP= ∑〖ai×di〗) e obtido o número médio de APVP segundo causa e raça/cor da pele. Para análise temporal, foi realizado o modelo de regressão linear com correção de Prais–Winsten para estimação das retas de tendência (yi = b0 + b1xi) (IC 95%) e do coeficiente de correlação (R2) entre as taxas de APVP padronizadas e os anos incluídos no estudo.
Discussão e Resultados Ocorreram no estado 1.076 óbitos por ATF entre 2000 a 2012 com 33.997 APVP, dos quais 82,4% ocorreram em negros, com predominância de jovens, comprometendo a capacidade produtiva e econômica no estado. A maior média anual da taxa padronizada de APVP foi observada nos pardos (34,8/100.000 APVP e dp = 21,8 APVP). Em contrapartida, a maior média de idade em que o óbito ocorreu, indicando, menor impacto da prematuridade do óbito, foi observada nos brancos (39,6 anos). Os “acidentes de transporte” foram os mais frequentes (59,3%), assim como encontrado em outros estudos. Em relação à análise temporal, todas as categorias apresentaram tendência crescente, entretanto os pardos e análise conjunta de pardos e pretos apresentaram maiores coeficientes angulares (5,30 e 4,58 respectivamente) (p-valor ≤ 0,05). É possível que as diferenças encontradas na distribuição das ocupações classificadas como precárias, desfavorecendo os negros, estejam contribuindo para essas desigualdades. Além disso, o retrocesso na prevenção dos ATF no estado seguiu o padrão encontrado para o país. Entre 2000 a 2010, o Brasil registrou um crescimento médio de 8,95% nos ATF custando ao país mais de 12 milhões de reais.
Conclusões/Considerações Finais Os ATFocorreram predominantemente entre os homens, adultos-jovens, de raça/cor da pele negra. A questão racial emerge como elemento estruturante das alocações e condições de trabalho e vulnerabilidade para os homens negros. Esses achados sinalizam para a divisão hierárquica racial do trabalho atrelada a um processo de produção e reprodução de condicionantes históricos inaceitáveis que separam brancos e negros nos mais diferentes campos da vida social e ocupacional. Desse modo, propõe-se que medidas sejam adotadas e discutidas à luz das políticas públicas, objetivando superar essas desigualdades e melhorar a qualidade de vida do conjunto dos trabalhadores, e em especial, dos grupos mais vulnerabilizados.
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