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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 39 - Migração e Saúde 01 |
11445 - UM OLHAR ETNOGRÁFICO SOBRE AS PRÁTICAS DE CUIDADO JUNTO AOS IMIGRANTES BOLIVIANOS E BOLIVIANAS EM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NANA SILVA FOSTER - UNIFESP, CÁSSIO SILVEIRA - UNIFESP
Apresentação/Introdução Esta pesquisa situa-se na relação entre processos migratórios internacionais e saúde, considerando que há uma complexidade de elementos imbricados neste contexto, como as motivações para sair do país de origem, as condições em que os imigrantes chegam ao país de destino, as condições de acesso à moradia e ao trabalho, a forma de aceitação social por parte da população do país de destino, a necessidade de adaptação e compreensão de uma nova cultura, entre tantos outros aspectos. Neste trabalho almejamos analisar a relação entre migração internacional e saúde, considerando que a presença dos imigrantes bolivianos e bolivianas residentes na região metropolitana de São Paulo tem implicações para a organização dos serviços de saúde e para o modo como a equipe de um serviço de atenção primária realiza o acompanhamento e as práticas de cuidado desses imigrantes. O atual aumento do fluxo migratório no Brasil e em outros países, tem tornado necessário e urgente o debate desses processos articulando-os à história, à política e à economia mundial, sem desconsiderar as particularidades de cada país, cada cidade e cada realidade local.
Objetivos Compor um estudo etnográfico sobre as práticas de cuidado em saúde da equipe de um serviço de atenção primária juntos aos imigrantes bolivianos e bolivianas; observar e descrever como o serviço e a equipe organizam, discutem e criam essas práticas de cuidado; descrever as percepções dos trabalhadores sobre as noções de cuidado e saúde no contexto de sua prática de trabalho.
Metodologia A etnografia é o meio de pesquisa para observação do cotidiano de trabalho da equipe de um serviço de atenção primária. A aproximação do campo tem acontecido por meio dos trabalhadores do serviço nos diferentes espaços de acompanhamento dos imigrantes bolivianos e bolivianas. A sala de acolhimento, as salas de consulta médica e de consulta de enfermagem, as visitas domiciliares às oficinas de moradia-confecção, que tem sido mediadas pelos agentes comunitários de saúde. Os instrumentos de trabalho são a observação participante, os registros de campo e as entrevistas semiestruturadas com os trabalhadores. A intenção deste estudo etnográfico é que se possa, pela observação e pela descrição das interações, pelas conversas informais e pela análise das entrevistas, ampliar a compreensão da relação entre os trabalhadores e os usuários imigrantes, bolivianos e bolivianas, contemplando as diferenças socioculturais presentes
Discussão e Resultados A área da saúde ainda é bastante influenciada pela cultura biomédica, que parte de um referencial biológico, para a compreensão do corpo, da saúde e do adoecimento e de uma noção de sujeito individualizado, não coletivo. A antropologia da saúde e a antropologia médica buscam relativizar alguns conceitos presentes na área da saúde, tais como “saúde”, “corpo”, “doença”, “cuidado” para que possa haver uma maior problematização dos mesmos e, consequentemente, uma ressignificação das práticas nos serviços de saúde. Os discursos, normatizações, protocolos e diretrizes, que compõem as políticas de saúde podem ter influência dominante sobre o modo como se constroem as práticas de saúde e no próprio modo como as doenças são construídas e representadas e, por esse motivo, refletem na vida das pessoas migrantes, individual e coletivamente. Levando em consideração que os processos de saúde-adoecimento-cuidado não estão desvinculados do contexto social dos profissionais de saúde e das experiências de vida dos usuários imigrantes, a incorporação dessas reflexões partem de um exercício necessariamente interdisciplinar.
Conclusões/Considerações Finais A qualidade da assistência em saúde está ligada ao desafio da formulação de política públicas específicas para os usuários imigrantes, sem desconsiderar as especificidades dos diferentes grupos. A Política Municipal para População Imigrante está em processo de implementação no município de São Paulo. Com uma proposta intersetorial, está ligada às áreas de atuação da saúde, da assistência social, da educação, do trabalho, da cultura, dos esportes e lazer, da habitação e da participação social. Este processo de construção tem acontecido por meio de audiências públicas. Temas transversais, como igualdade de gênero e de raça e garantia dos direitos humanos pautaram todas as discussões. Desse modo, a produção de trabalhos acadêmicos voltados para as diferentes populações de imigrantes nas diferentes áreas mencionadas podem contribuir para criar visibilidade para as histórias de vidas individuais e coletivas dessas pessoas e para suas necessidades.
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