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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 17 - Itinerários Terapêuticos nas Múltiplas Dimensões e os Desafios para a Integralidade em Saúde |
11123 - REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE SAÚDE-DOENÇA E ITINERÁRIO TERAPÊUTICO DE HOMENS QUE VIVEM COM HIPERTENSÃO ARTERIAL ADRIELLY DOS SANTOS MENDES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, FRAN DEMÉTRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, ELIANE TEIXEIRA DOS SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, YNHAM RAFAEL SOARES DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, ARTHUR HATIRO SILVA OZAWA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, EVERALDINO SANTANA RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, LUIZ MAURÍCIO ABDALLAH LOUIS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
Apresentação/Introdução Compreensões distintas acerca do processo saúde-doença estão atreladas, sobretudo, ao contexto sócio-econômico-cultural de cada indivíduo, que corrobora para a dinamização na busca por cura. Nesse sentido, por meio dos itinerários terapêuticos é possível analisar o processo de escolha, avaliação e aderência de uma pessoa ou um grupo, quanto ao tipo de tratamento, que não necessariamente, é compatível com o modelo biomédico. Essas peculiaridades no processo de cuidado em saúde, também podem ser observadas sob a perspectiva de gênero, pois em contraposição às mulheres, os homens, estabelecem restrições na procura por serviços de saúde. Isso é devido ao sentido de masculinidade hegemônica, na qual, culturalmente, o homem menospreza sintomas e inquietações e se considera invulnerável às enfermidades. Essa barreira cultural, proporciona o aumento das morbimortalidades, associadas majoritariamente às doenças crônicas, à exemplo da hipertensão arterial (HA), que segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, acomete em maior predominância os homens e está associada a principal causa de morte cardiovascular entre os brasileiros.
Objetivos O presente estudo pretende conhecer e analisar as representações sociais sobre saúde-doença e os itinerários terapêuticos de homens que convivem com hipertensão arterial em um município do Recôncavo da Bahia. Além disso, visa identificar quais os dispositivos disparadores e as redes de apoio presentes na busca e escolha por cuidados no período de agudição e silenciamento da doença estudada.
Metodologia Tratou-se de um estudo com abordagem qualitativa, exploratório-analítico, realizado com cinco homens idosos, cadastrados no programa HIPERDIA e residentes na área de abrangência de uma unidade de saúde da família de Santo Antônio de Jesus- Bahia. Utilizou-se a técnica da entrevista em profundidade, com um questionário estruturado para a obtenção das informações sociodemográficas e um roteiro de entrevista para adquirir as acepções dos homens, acerca do processo de adoecimento e de tratamento. Os participantes tiveram as suas identidades codificadas com nomes fictícios, afim de preservá-los. Adotou-se como ferramenta para análise dos dados, os referenciais teóricos de Alves e Rabelo (1999), para conhecer as falas dos homens e identificar os significados por eles atribuídos. Selecionou-se ainda, unidades de significação e foram feitos recortes de falas em torno de cada unidade.
Discussão e Resultados Observou-se que os itinerários terapêuticos dos entrevistados aconteceram de forma muito semelhante. Todos tiveram os aparatos biomédicos como principal fonte de tratamento e informação, pois hipervalorizaram o atendimento médico e a medicalização da doença em detrimento de outras práticas terapêuticas não biomédicas, tais como as medicinas integrativas e complementares ou outras. Foi possível perceber também que os conhecimentos masculinos sobre a hipertensão arterial tinham uma base macro e microcultural, e eram partilhados no senso comum . Essas noções, possivelmente, foram influenciadas pela construção sociocultural das realidades individuais e coletivas, e tonificadas pelos limitados serviços de saúde ofertados, os quais pouco disponibilizam informações e esclarecimentos que considerem as especificidades do gênero masculino. As representações masculinas sobre saúde e doença perpassaram pela noção de estar apto para realizar as atividades cotidianas, enquanto que a “saúde do homem”, segundo os informantes, foi representada pela pouca (ou nenhuma) procura por serviços e cuidado de saúde.
Conclusões/Considerações Finais As representações sociais sobre a hipertensão arterial e o itinerário terapêutico dos homens desse estudo foram construídas de acordo com o contexto cultural tanto no plano micro em que eles estavam inseridos, como pelo plano macrossocial que normatiza a forma oficial de tratamentos em saúde, qual seja os serviços de saúde. Tanto as representações sobre saúde-doença como dos itinerários terapêuticos foram determinados também pelas construções de gênero e masculinidade hegemônica que permeiam o incentivo, a organização e a realização do cuidado em saúde para homens, sinalizando que a não busca dos homens pelos serviços de saúde não decorre apenas de fatores socioculturais, mas também institucionais.
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