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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 34 - Injustiças e Impactos do Agronegócio na Saúde, Trabalho e Ambiente |
11621 - CONSUMO DE AGROTÓXICOS E RISCOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO EM MUNICÍPIOS DA BACIA DO RIO JURUENA/MT LUZANIL CORRÊA DE SOUSA MARTINS - UFMT, MARCIA LEOPOLDINA MONTANARI CORRÊA - UFMT, WANDERLEI ANTÔNIO PIGNATI - UFMT, JACKSON ROGÉRIO BARBOSA - UFMT, FRANCCO ANTÔNIO NERI DE SOUSA LIMA - UFMT
Apresentação/Introdução Inúmeras doenças crônicas tem sido atribuídas ao uso e exposição aos agrotóxicos. Mato Grosso é um estado cuja economia está assentada no agronegócio, que tem como base para aumento de produção e lucro o uso intensivo de agrotóxicos. Neste sentido, os municípios de Campos de Júlio, Sapezal e Campo Novo dos Parecis, tem sua agricultura baseada no monocultivo crescente da soja, algodão e milho. Este modelo de agricultura é extremamente dependente do uso cada vez mais intensivo de diversos ingredientes ativos de agroquímicos. Há diversos estudos que correlacionam os agrotóxicos a ocorrências de variados agravos à saúde, entre eles, problemas respiratórios, malformações congênitas, cânceres, entre outras morbidades.
Objetivos O presente trabalho tem como objetivo levantar as principais culturas produzidas, identificar os ingredientes ativos mais utilizados e descrever as consequências à saúde ocasionadas pelos ingredientes ativos mais usados nos municípios de Campos de Júlio, Campo Novo dos Parecis e Sapezal e sua possível relação com os casos de intoxicação aguda e neoplasias notificados nos municípios.
Metodologia Trata-se de um estudo descritivo de abordagem quali-quantitativa, realizado nos municípios de Campo Novo dos Parecis, Campos de Júlio e Sapezal. O estudo foi realizado por meio de pesquisa documental. Os documentos analisados foram os receituários agronômicos utilizados para aquisição dos agrotóxicos em cada uma das revendas dos municípios estudados, e as autorizações de importações emitidas em cada uma das Unidades Locais de Execução do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso - INDEA-MT. Os dados epidemiológicos de intoxicação exógena e neoplasias foram obtidos junto as Secretarias Municipais, Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN e Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH-SUS.
Discussão e Resultados Observou-se que as principais culturas desses municípios são a soja, milho e algodão, sendo estas plantadas em forma de monocultivo. A monocultura favorece o aparecimento e aumento de pragas e doenças na planta, o que certamente ocasiona o uso cada vez mais intensivo de inseticidas, herbicidas, fungicidas. Segundo os dados analisados, o principal ingrediente ativo usado na safra 2014/2015 foi o glifosato, herbicida de classe toxicológica I, aplicado na soja; seguido pelo clorpirifós, também de classe toxicológica I, inseticida usado em larga escala na soja e no milho. O glifosato, o mais consumido nos três municípios, foi classificado como provável carcinógeno em humanos é um herbicida de largo espectro, que, na atualidade, possui os maiores volumes de produção dentre todos os herbicidas, devido a sua ampla utilização em lavouras transgênicas resistentes, ou seja, da variedade RR. Com relação aos dados epidemiológicos, os dados registrados de intoxicação exógena e neoplasias são sugestivos de sub-notificação, mas ainda assim, são elevadas as prevalências de câncer, máformações e outras doenças possivelmente associadas a exposição aos agrotóxicos.
Conclusões/Considerações Finais Conclui-se que há limitação de informações do real perigo do contato e uso dos agrotóxicos, no entanto, esta falta de informação não deve servir como sinônimo de inocuidade dos mesmos. Deve-se levar em conta o princípio da precaução, já que para certos riscos, como o de desenvolvimento de câncer, qualquer nível de exposição deve servir de alerta. Mato Grosso é um estado essencialmente agrícola, sendo o maior consumidor de agrotóxicos do Brasil. Os municípios estudados, também vivem essa realidade de alto consumo de agrotóxicos, expondo trabalhadores e população a agravos de saúde. Daqui decorre a necessidade de implantação de um sistema rígido de fiscalização do uso de agrotóxicos, bem como de vigilância em saúde para detecção de casos de intoxicação e agravos advindos do agronegócio.
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