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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 18 - Direitos Humanos, Saúde e Populações Específicas

11035 - A SEGREGAÇÃO NA CULTURA DO ‘’NÃO ASFALTO’’: IMPLICAÇÕES PARA A DEMOCRATIZAÇÃO NA ATENÇÃO À SAÚDE
JESSYCA KAROLINE FRANÇA BIASI - UFRJ, CÉSAR AUGUSTO PARO - UFRJ/UERJ, NEIDE EMY KUROKAWA E SILVA - UFRJ


Período de Realização da experiência
Atividades discentes desenvolvidas entre 12/4/2016 e 7/6/2016, carga horária: 60 horas.


Objeto da experiência
Relato a partir de experiência em disciplina teórico-prática denominada Atividades Integradas em Saúde Coletiva III, do curso de graduação em Saúde Coletiva do IESC-UFRJ, em unidade de atenção primária localizada no município do Rio de Janeiro. Nesta disciplina são realizadas atividades de observação e interação, tanto no serviço de saúde quanto na comunidade pertencente ao território adscrito. O aspecto que desencadeou o interesse pelo presente relato foi a reiterada menção dos moradores a um lugar denominado por eles de “lá no asfalto”, indicando uma nítida distinção este e a comunidade. Que distinções e suas implicações sociais e culturais, no plano da atenção à saúde, seriam estas?


Objetivo(s)
Compreender os significados do termo “lá no asfalto”, no contexto do território em que se deu a experiência e as suas implicações na relação entre a comunidade e o serviço de saúde.


Metodologia
Através de roteiro orientado pelos docentes da disciplina, que buscou aproximar-se do referencial da observação participante, foi feita observação do território pertencente à Clínica da Família (CF) examinada, em seus determinantes socioculturais e da atenção à saúde promovida na comunidade. Foi realizada uma visita ao território, guiada por agente comunitária de saúde durante sua rotina de trabalho. Além das conversas com moradores e comerciantes da comunidade, cujo teor foi gravado com a autorização dos mesmos, foram feitas anotações em diário de campo, registrando as impressões sobre o local, as interações e a dinâmica de vida no território. Na CF procedeu-se do mesmo modo, observando-se a dinâmica de trabalho e de interações na unidade. Ao final de cada dia, eram relatadas e discutidas as observações feitas, visando levantar e compreender as questões mais relevantes do ponto de vista da saúde coletiva, e uma delas foi a evidente diferenciação entre a comunidade e “o asfalto”.


Resultados
O território tem uma dinâmica própria de vida, com lojas, salões de beleza, mercadinhos e bares. Entretanto, o trabalho dos moradores e a maior parte dos serviços públicos como a CF e as escolas localizam-se “no asfalto”. Não obstante as situações de violência na comunidade, é “no asfalto” que os moradores vivenciam situações que atentam contra sua dignidade, como a falta e/ou as condições de transporte, de atendimento de saúde, a discriminação e o estigma, além da violência policial. A observação do trabalho das ACS permitiu identificar o seu duplo papel, junto à comunidade e dentro das CF: no primeiro, é nítido o poder que detêm, na medida em que são responsáveis pelos agendamentos de consultas; no segundo, sua influência restringe-se ao atendimento na recepção e no preenchimento de fichas, com pouca penetração na equipe de saúde como um todo. Por ocasião das visitas, algumas ruas da comunidade estavam sendo asfaltadas, o que não impedia o uso da metáfora em relação ao outro mundo.


Análise Crítica
A distinção contida na noção de “lá no asfalto” reflete e reproduz o processo mais geral de apartação social, que segrega os excluídos do sistema por meio da diferenciação cultural, social e de valoração entre os territórios e os seus habitantes. Tal diferenciação implica em hierarquização de saberes e poderes, em um processo de colonização da cultura do asfalto sobre a do não asfalto. É relevante o fato de que a CF localiza-se no e expressa a cultura do “asfalto”, como espaço de assistência no qual os moradores do não asfalto têm nenhum ou pouco poder de influência e de decisão. A aposta nos ACS como mediadores destes mundos parece pouco valorizada na dinâmica da CF e o seu conhecimento sobre a comunidade assume caráter apenas instrumental e não como potente canal de diálogo entre saberes. Perversamente, na comunidade, os ACS podem exercer seu poder, na medida em que algumas ações, como os agendamentos, ficam a seu cargo.


Conclusões e/ou Recomendações
Ao tomar o exercício da cidadania como base central para a consolidação do Sistema Único de Saúde, é preciso não negligenciar a ameaça que representa a apartação social e cultural, expressa sob diferentes níveis de reprodução de hierarquizações e de exclusões de valores, saberes, territórios e pessoas. Torna-se também urgente refletir sobre as implicações dessa reprodução, nas dinâmicas internas dos serviços de saúde, ressaltando-se a importância da inserção e o papel dos ACS como um importante indicador da democratização dos saberes e práticas no âmbito da atenção à saúde.


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