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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 18 - Direitos Humanos, Saúde e Populações Específicas

11275 - SOU MORADOR DE RUA E TENHO TUBERCULOSE: NARRATIVAS DO ADOECIMENTO
KHIVIA KISS DA SILVA BARBOSA - UFPB, ANNELISSA ANDRADE VIRGÍNIO DE OLIVEIRA - UFPB, RODRIGO PINHEIRO FERNANDES DE QUEIROGA - UFCG, RITA DE CASSIA CORDEIRO DE OLIVEIRA - UFPB, ARIELI RODRIGUES NÓBREGA VIDERES - UFPB, TATIANA PIMENTEL DE ANDRADE BATISTA - UFPB, MARIA LUÍSA DE ALMEIDA NUNES - UFCG, KÁREN MENDES JORGE DE SOUZA - UNIFESP, MARCELO EDUARDO PFEIFFER CASTELLANOS - UFBA, LENILDE DUARTE DE SÁ - UFPB


Apresentação/Introdução
Historicamente, nos espaços urbanos, a existência de pessoas em situação de rua encontra-se vinculada às noções de perigo e medo presentes no contexto da violência urbana. As relações sociais estabelecidas na rua são complexas e, de modos distintos, podem ser afetadas por eventos que exigem uma (re)organização do viver em situação de rua, como na experiência de uma doença estigmatizada. As condições sanitárias precárias, a subnutrição, o uso de drogas, o acesso restrito aos serviços de saúde e os aglomerados espaciais onde vive este grupo populacional ampliam a vulnerabilidade desse grupo ao adoecimento por tuberculose, que produz problemas de ordem psicológica, social e de saúde. O adoecimento por tuberculose, biologicamente relacionado a um bacilo, é também um processo subjetivo e interpenetrado por saberes, discursos e práticas, que afetam os modos da pessoa acometida lidar com as repercussões que o adoecimento produz na vida da pessoa e de seu entorno social, tornando-se mais complexo, considerando as adversidades do contexto do viver na rua.



Objetivos
Considerando a relevância social desse campo de investigação e seu alinhamento às ciências sociais e humanas aplicadas à saúde, o objetivo deste artigo é compreender a experiência de adoecimento por tuberculose por pessoas em situação de rua, mediante a produção de narrativas.


Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, que utilizou a narrativa como estratégia metodológica. Reconhece-se que ouvir uma narrativa de adoecimento implica testemunhar o sofrimento alheio, mediante uma escuta ativa, que pode manter, em relação ao relato, diferentes graus de entendimento, compreensão e reconhecimento. A pesquisa foi desenvolvida em João Pessoa - PB, no período de fevereiro de 2015 a janeiro de 2016, compondo 10 entrevistas, feitas segundo a definição de entrevista em profundidade. Nesta trabalho, analisa-se a narrativa de um homem de 30 anos, em situação de rua e adoecimento por tuberculose, selecionada aleatoriamente. Os eixos temáticos identificados respondem ao propósito do objetivo do estudo. O projeto de pesquisa do qual resulta este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba.


Discussão e Resultados
Os resultados foram organizados e discutidos em torno de seis eixos temáticos: (1) “A vida na rua fica mais difícil”; (2) “O morador de rua é gente ruim”; (3) “A gente nasce, trabalha, adoece e morre”; (4) “A doença é a pior coisa que existe no mundo”; (5) A tuberculose foi “resto de pneumonia”; e (6) “Fiquei abandonado, sozinho! Agora eu vou me cuidar para depois cuidar de alguém que me queira”. Verificou-se que a experiência de adoecimento por tuberculose em situação de rua implica em dificuldades de diversas ordens, como o abrigo improvisado para dormir, as mudanças climáticas, a falta de alimentos, a ausência do repouso, a violência na rua, a exclusão social e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Nesse contexto de iniquidades, a população em situação de rua é socialmente significada como grupo de pessoas perigosas, usuária de drogas, violenta, inadequada e vagabunda, cujo motivo de viver nas ruas é interpretado como fuga de responsabilidades e obrigações sociais. Verifica-se que alguns serviços de saúde reproduzem esses sentidos, dificultando o acesso da pessoa em situação de rua, afetada pela tuberculose, de ser cuidada em serviços do Sistema Único de Saúde.


Conclusões/Considerações Finais
A experiência de adoecimento por tuberculose para pessoas em situação de rua revela um panorama de sofrimento e abandono. A doença é vista como algo que os impede de ir em busca do sustento e isto representa comprometer a sobrevivência. Há desconhecimento acerca do que significa ser doente de tuberculose e os mitos que a cercam afetam a adesão ao tratamento e o cuidado a ser promovido na perspectiva da integralidade. Apesar da complexidade do sofrimento em ser acometido pela tuberculose e se encontrar em situação de rua, existe a perspectiva de ser de alguma maneira cuidado e de ter “um futuro melhor”. Diante disso, esse grupo requer atenção especial por parte das políticas de saúde o que implica em pensar, apesar das ações já existentes, a promoção do cuidado na perspectiva da integralidade, com vistas a garantir, principalmente, o acesso dessas pessoas aos serviços de saúde, a redução do preconceito, viabilizado pelo fortalecimento de redes sociais de apoio.


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