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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 28 - Saúde Mental e Trabalho

11844 - SOFRIMENTO PSÍQUICO NAS ESCOLAS MÉDICAS: VIOLÊNCIA SILENCIOSA E IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS NA VIDA DE ESTUDANTES DE MEDICINA
DENISE RIBEIRO BARRETO MELLO - FACULDADE REDENTOR EM ITAPERUNA/RJ, AMANDA PEREIRA VARGAS - FACULDADE REDENTOR EM ITAPERUNA/RJ, LIGIA COSTA LEITE - INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DA UFRJ, ADRIANA PEREIRA BOTELHO - INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DA UFRJ, ADRIANA DIAS NEGRÃO DE VASCONCELLOS - INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DA UFRJ, PAULO CAVALCANTE APRATTO JUNIOR - FACULDADE REDENTOR EM ITAPERUNA/RJ, PAULA COLODETTI SANTOS - INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DA UFRJ


Apresentação/Introdução
Este relato de pesquisa diz respeito ao estudo de doutorado desenvolvido no Instituto de Psiquiatria/UFRJ, na área de saúde mental, que verifica as repercussões da formação em medicina na vida do jovem estudante desse curso superior. Trata-se de um estudo qualitativo exploratório que investiga as alterações e transformações sobre o seu estilo de vida e os seus efeitos diretos e indiretos; os riscos psicossociais e psicopatológicos a que porventura estejam sendo expostos. O projeto foi aprovado pelo CEP/CONEP, Nº 1.481.682 e está em desenvolvimento. As entrevistas têm sido coletadas e uma das categorias discursivas analisadas tem sido amplamente percebida nas narrativas dos jovens: o sofrimento psíquico como algo inerente a prática médica, sendo passado para os alunos como uma imposição da qual não poderá fugir. Como desdobramento desses achados, decidiu-se entrevistar 10 professores médicos, tendo em vista ampliar a compreensão sobre a relação sofrimento/profissão médica.


Objetivos
Analisar qualitativamente entrevistas de 30 estudantes de medicina, buscando aprofundar a produção de violência durante o processo de formação profissional, e avaliando os riscos potenciais a saúde mental; construir novos conhecimentos científicos em torno desse tema; identificar questões relativas a riscos psicossociais/vulnerabilidades, indicadores de riscos psicopatológicos decorrentes da pressão advinda dos contextos sociais, culturais, familiares ou universitários; analisar aspectos da violência silenciosa que interferem na saúde mental desses estudantes.


Metodologia
A metodologia adotada é qualitativo exploratória pela possibilidade de abarcar não somente o sistema de relações para construir os modos de conhecimento exterior ao sujeito, mas também por considerar suas representações sociais construídas e vivenciadas nas relações objetivas. A rede de significações daí resultantes é sua matéria prima (MINAYO, 2007). As entrevistas têm sido coletadas por meio da metodologia da história oral e, ao todo, serão entrevistados 30 jovens de 16 a 25 anos. Jovens com mais de 25 anos ou adultos poderão ser entrevistados para o estabelecimento de comparações entre os dados obtidos. A metodologia de análise de narrativas de Boudon (1998/2002) tem sido utilizada pela sua eficácia em possibilitar a emergência de sentidos e significações não expressos e potencialmente geradores de mal-estar no campo da comunicação. É considerado como método ideal a proposta deste estudo, concedendo-lhe viabilidade e concretude metodológica.


Discussão e Resultados
A presente pesquisa tem investigado os riscos potenciais à saúde mental dos estudantes de medicina, desenvolvidos ou agravados durante os seis anos de curso e, posteriormente, na residência, etapa compreendida também na construção da identidade profissional do ser médico. Ansiedade, depressão, estresse e exaustão são sintomas que têm sido verificados, além de outros como distúrbios do sono, síndrome de Burnout, uso de álcool, outras drogas e automedicação. Embora os problemas referentes à saúde mental sejam parte do campo da saúde coletiva, estes sintomas nem sempre são visibilizados e tratados: este é o caso dos estudantes de medicina, seus formadores e profissionais de saúde de uma maneira geral. Segundo o que foi desenvolvido até o momento na pesquisa, uma das razões para isso é naturalização do sofrimento na formação e prática médica como algo inerente a medicina: caberá ao médico não apenas, por toda a sua vida, lidar com o sofrimento, perda, morte, adoecimento, mas sofrer, abdicar de vida pessoal para dedicar-se a curar doenças, extirpar males e erradicar a dor; deverá distanciar-se das pessoas para trata-las e negar a sua própria humanidade para alcançar esse objetivo.


Conclusões/Considerações Finais
Inúmeras mudanças e transformações tem ocorrido em torno da sociedade contemporânea e que tem afetado o campo da saúde. Essas alterações têm exigido, por sua vez, modificações na formação a fim de obter como produto um profissional mais apto para atuar de acordo com as demandas populacionais. A educação médica tem sido questionada e passado por reformulações afim de alcançar esse objetivo. Contudo, apesar dessas iniciativas, as ações formativas das escolas médicas seguem ainda numa perspectiva filosófica individualista e adaptativa, mantendo a exclusão da subjetividade dos pacientes e do próprio médico, dos contextos culturais, sem considerar a relação das dimensões biológicas, sociais e psicológicas implicadas no ato de cuidar. Esse modelo corrobora que o estudante passe também pelos efeitos desse apagamento e não seja visibilizado em seu desejo por cuidar de pessoas. Muito cedo abdica desse ideal e incorpora condutas defensivas para lidar com o sofrimento


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