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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 10:45 - 12:00
GT 27 - Imagens, Memórias e Perspectivas sobre o Comer

11636 - A DINÂMICA DO CONTROLE EM DISCURSOS PRÓ-ANOREXIA E PRÓ-BULIMIA: UMA ANÁLISE DE BLOGS
CAROLINA DE OLIVEIRA COUTINHO - UERJ, SHIRLEY DONIZETE PRADO - UERJ, CRISTIANE MARQUES SEIXAS - UERJ


Apresentação/Introdução
Transtornos alimentares são tidos como síndromes psiquiátricas que possuem etiologia multifatorial, alto grau de morbidade e mortalidade e caráter crônico e refratário ao tratamento. Possuem enorme complexidade, situando-se na fronteira entre físico e moral, fisiológico e psicológico. Assim, além das explicações médicas, outras concepções teóricas são úteis para o entendimento dos quadros e para pensarmos os contornos assumidos no tratamento dos mesmos. Escritos feministas destacam a dinâmica do controle, ainda pouco estudada, como fator fundamental no desenvolvimento e manutenção dos transtornos alimentares. Na internet, campo de construção de discursos, comunidades pró-anorexia (ana) e pró-bulimia (mia) tratam os transtornos alimentares como um estilo de vida e constituem espaços onde os sujeitos podem compartilhar abertamente suas vivências e opiniões. Aqui, o limite entre o normal e o patológico não é fácil de precisar. As práticas recomendadas e as crenças compartilhadas por esses grupos, embora consideradas extremas e até mesmo patológicas, se inserem no mesmo sistema de crenças e práticas do que é considerado “normal” e “saudável”.


Objetivos
Desta forma, este trabalho objetiva compreender os contornos que a dinâmica do controle assume no discurso pró-ana e pró-mia e como esta pode influenciar a abordagem terapêutica da anorexia e bulimia nervosa, problematizando a prática do nutricionista. Além disso, analisa-se como o discurso biomédico é apropriado nos blogs pró-ana/mia, fundamentando práticas de controle.


Metodologia
Optou-se por realizar a análise de blogs, espaços que possuem aspectos peculiares de articulação entre as esferas do privado com o público, interessantes para o desenvolvimento das investigações. Como referencial teórico-metodológico para a pesquisa e análise, utilizamos a etnografia virtual, transposição do método etnográfico que tem como objetivo compreender o significado dos comportamentos e valores praticados virtualmente. O procedimento etnográfico virtual adotado neste trabalho é a “observação passiva”. Tal abordagem foi complementada com a Análise de Discurso, visando a compor um aparato que pudesse captar com maior precisão e abrangência a complexidade do objeto de estudo. Para a escolha do corpus analisado na pesquisa, foi realizada busca na plataforma Google utilizando os descritores “blog pró-ana” e “blog pró-mia”. Em seguida, seguimos os critérios propostos por Kozinets (2010) para seleção de comunidades online.


Discussão e Resultados
Nestes espaços, observamos que a identidade condenável pela medicina e pela sociedade se mantém imune e a tentativa de tomar para si o controle que está nas mãos do outro é franqueada pelo espaço virtual. Além disso, o movimento pró-ana e pró-mia permite que os indivíduos mantenham laços de amizade com sujeitos que têm os mesmos pensamentos e comportamentos, apoiando-se reciprocamente. No mundo virtual, o discurso dos sujeitos com transtornos alimentares ganha validade social. A diferença entre os comportamentos amplamente adotados e recomendados por profissionais de saúde para promoção do emagrecimento e aqueles classificados como sintomáticos nos quadros de transtornos alimentares, possuem limites tênues. Observamos preliminarmente, que é frequente a apropriação e adaptação de instrumentos utilizados pela biomedicina, como a pirâmide alimentar, para embasar práticas de controle do corpo. Fotos de mulheres extremamente magras - Thinspirations – e fotos de “antes e depois” são divulgadas como uma inspiração para construção do corpo, materializando códigos, normas, projetos a serem executados.


Conclusões/Considerações Finais
Nos transtornos alimentares, o controle está relacionado a poder. A perda de peso parece ser vista como reflexo de uma autodisciplina, representando uma importante conquista e refletindo em autoconfiança. Como tentativa de recuperar o controle sobre a própria vida, estes indivíduos investem no controle sobre o corpo e alimentação. Desta forma, não nos parece producente que as clássicas estratégias de tratamento dos transtornos alimentares que reforçam o controle sobre a alimentação do indivíduo sejam estimuladas, devendo-se diversificar as abordagens terapêuticas dos casos.


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