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11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 40 - Interfaces Epistêmicas

10757 - FORMAÇÃO EM MÉTODOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA (2002-2012)
SUELY FERREIRA DESLANDES - FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
O subcampo das Ciências Sociais Humanas em Saúde (CSHS) agrega milhares de pesquisadores e estudantes no país(Abrasco,2013;Trad, 2012). Sua presença nas disciplinas formadoras dos programas de pós graduação em Saúde Coletiva também se verifica (Nunes et al, 2010) e a produção de dissertações e teses em CSHS é considerável (Marsiglia,2003). A despeito de sua essencialidade, estudiosos apontam que as CSHS enfrentam importantes desafios, especialmente os relativos à formação. O uso inadequado ou reducionista dos aportes teórico e metodológicos das Ciências Socias tem sido debatido (Knauth e Leal,2014; Deslandes,2012; Deslandes e Iriart,2012; Cohn,1992,2013; Loyola,2008; Luz,2009).
A falta ou insuficiência de disciplinas nos programas acadêmicos de pós graduação em Saúde Coletiva que produzam um nivelamento e assentamento de conhecimentos essenciais têm sido apontadas como uma das explicações para as deficiências de incorporação adequada dos conhecimentos teóricos e metodológicos e dos “modos de compreender, apreciar e produzir julgamentos” sobre a análise da realidade social, i.e, reforçam a hipótese de um processo frágil de inculcação de um habitus científico no campo das CSHS.



Objetivos
O estudo aqui apresentado buscou analisar a formação promovida pelos programas de Pós Graduação em Saúde Coletiva para o ensino de métodos em ciências sociais. Esse recorte integra um estudo mais amplo (Conformação do capital científico e a construção do habitus em Ciências Sociais e Humanas em Saúde ) que busca analisar 1.os tipos de capitais acadêmicos que embasam o subcampo das CSHS; 2.a conformação do habitus em CSHS em relação à formação e os modos de incorporação das teorias e métodos de ciências sociais nos âmbitos do ensino em pós graduação e da divulgação de trabalhos científicos.


Metodologia
As fontes analisadas foram os arquivos das “Disciplinas –DI” que integram os “Cadernos de Indicadores” (disponíveis no site da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior-CAPES ) de todos os programas de Pós Graduação em saúde Coletiva. Foram examinadas as ementas de cada disciplina identificada como de métodos em ciências sociais, considerando seus temas, obras, autores, duração e estatuto (se obrigatória ou eletiva). Foi considerado o período de 2002 – 2012.



Discussão e Resultados
No ano inicial de análise (2002), 58% dos 25 programas apresentavam apenas uma disciplina de metodologia em CS, em franca desigualdades com a larga e continuada oferta de disciplinas de métodos quantitativos. Em 2012, as disciplinas de métodos em CS estavam presentes em 70% dos 64 programas. A participação dessa formação indica ganho de reconhecimento na área, mas a oferta continuou pontual (caracterizada por disciplinas introdutórias), com persistente desigualdade em relação aos demais métodos, sobretudo os estatísticos-epidemiológicos.
A incorporação de mais disciplinas e cientistas sociais nos quadros da pós graduação, a retomada dos autores clássicos e contemporâneos são ações sugeridas como relevantes para consolidar uma competência para a pesquisa em CSHS (Knauth e Leal,2014; Minayo,2012). Todavia, a incorporação do habitus científico não se dá somente pela apropriação de conteúdos intelectuais, mas pela incoporação “de ver operar praticamente ou de observar o modo como este habitus científico(...)reage perante opções práticas” demandadas pela investigação científica (Bourdieu,2009:p22). Assim, reabre-se o questionamento sobre as práticas de formação em pesquisa em CSHS.



Conclusões/Considerações Finais
Conclui-se que a formação de quadros para a pesquisa em Ciências Sociais embora desfrute de inegável legitimidade no campo, ainda representa presença pontual, com pouca oferta de disciplinas de consolidação e aperfeiçoamento. Consideramos que a continuidade da formação, com maior oferta de disciplinas temáticas seria essencial, mas as experiências de compartilhamento de práticas de pesquisa seriam igualmente estratégicas.


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