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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 8 - Cuidado e Adoecimentos de Longa Duração

10807 - ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA DOENÇA RENAL CRÔNICA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PACIENTES EM HEMODIÁLISE E EM TRATAMENTO CONSERVADOR
GERALDO BEZERRA DA SILVA JUNIOR - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ANTONIO MARCELO DE OLIVEIRA BARBOSA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, GUILHERME PINHEIRO FERREIRA DA SILVA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, LILIANE NUNES DA SILVA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, GABRIELA ROCHA LIMA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, CIBELE CUNHA SANTANA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, TAYNARA GUEDES DA SILVA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, ANA LARISSE TELES CABRAL - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, SONIA MARIA HOLANDA ALMEIDA ARAÚJO - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA


Apresentação/Introdução
Os rins são órgãos fundamentais para a homeostase do corpo humano. A doença renal crônica (DRC) caracteriza-se pela presença de alterações estruturais ou da função dos rins, por um período maior que 3 meses, e com implicações na saúde do indivíduo. Atualmente considera-se a DRC como importante problema de saúde pública, que atinge milhões de pessoas no mundo todo. No Brasil existem mais de 100 mil pessoas em diálise e estima-se a ocorrência de alguns milhões de brasileiros com DRC nos estágios iniciais (ainda sem necessidade de diálise). Os aspectos psicossociais da DRC ainda são pouco estudados. Pacientes em terapia renal substitutiva experimentam comprometimento de vários aspectos de sua vida incluindo condições clínicas, nutricionais, emocionais que geram limitações físicas, sociais e laborais e que podem influenciar negativamente na sua qualidade de vida. A depressão é o transtorno mental mais identificado na DRC, tanto em pacientes adultos como pediátricos. Faz-se necessário estudar os aspectos psicossociais da DRC como uma das formas de melhor compreender o contexto em que estes indivíduos estão inseridos e prover uma abordagem holística para as pessoas com DRC.


Objetivos
Investigar sintomas depressivos, qualidade de vida e estratégias de enfrentamento (“coping”) entre pacientes com DRC.


Metodologia
Foi realizado estudo transversal com pacientes portadores de DRC em hemodiálise e em tratamento conservador. Foram entrevistados pacientes acompanhados em duas clínicas de diálise (Santa Casa de Fortaleza e Hospital Fernandes Távora) e em um ambulatório de Nefrologia (Núcleo de Atenção Médica Integrada da Universidade de Fortaleza), situados na cidade de Fortaleza, Ceará, no período de junho a outubro de 2015. Foram aplicados os seguintes instrumentos: ficha de coleta de dados sócio demográficos; questionário de qualidade de vida SF-36 (“Medical Outcomes Study 36 – Item Short – Form Health Survey”), Inventário de Depressão de Beck e Escala de Coping de Jalowiec, que caracteriza o estilo de enfrentamento adotado pelas pessoas frente a eventos estressores, incluindo aqueles relacionados às doenças.


Discussão e Resultados
Foram entrevistados 147 pacientes, com média de idade de 54+16 anos, sendo 61% do sexo masculino; dos quais 96 (65,3%) encontravam-se em hemodiálise e 51 (34,69%) em tratamento conservador. Sintomas depressivos foram encontrados em 47 pacientes (31,9%), sendo 14,9% com sintomas leves, 9,5% moderados e 4,7% sintomas graves. Dentre os pacientes em hemodiálise 30 (31,2%) apresentaram sintomas depressivos, e entre aqueles em tratamento conservador, a frequência de sintomas depressivos foi de 25,5% (p=0,2). Na análise multivariada foram identificados os seguintes fatores relacionados à qualidade de vida quanto ao coeficiente físico: idade avançada, estado civil (casados) e preparação para transplante. Quanto ao coeficiente mental do escore de qualidade de vida, os fatores associados foram: estado civil (casados) e histórico de tratamento prévio para doença mental. O estilo de enfrentamento predominante foi o otimista, estando presente em 28 pacientes em hemodiálise (30%) e 16 em tratamento conservador (31%). O enfrentamento focado no problema foi encontrado em 74 casos (50,3%), e focado na emoção em 59 (40,1%).


Conclusões/Considerações Finais
Detectou-se um número significativo de pacientes portadores de DRC com sintomas depressivos, tanto em tratamento conservador quanto em hemodiálise, não havendo diferença significativa entre as diferentes modalidades de tratamento. Foram encontradas correlações negativas entre estado civil casado e coeficiente mental do questionário de qualidade de vida. O tratamento prévio especializado demonstrou ser fator de proteção para o mesmo coeficiente. Evidenciou-se idade avançada e tratamento prévio para transtorno mental como fatores de risco para depressão e estado civil casado como fator de proteção. A maioria dos pacientes com DRC entrevistados apresentaram uma estratégia de enfrentamento otimista, com predomínio do enfrentamento focado no problema entre aqueles em hemodiálise. Mais estudos são necessários para melhor compreender a dinâmica de adaptação às condições de vida e ao tratamento impostos pela DRC, incluindo pesquisas com abordagem qualitativa.


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