Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 3 - As Injustiças nos Ambientes Familiares e de Formação

10847 - JUSTIÇA SOCIAL NA FORMAÇÃO EM SAÚDE: O QUE OCORRE NOS CORREDORES UNIVERSITÁRIOS?
MICHELLE CECILLE BANDEIRA TEIXEIRA - PPGBIOS/UFRJ, CARLOS DIMAS MARTINS RIBEIRO - UFF, MARIA CLARA DIAS - UFRJ


Apresentação/Introdução
Focamos nas interações, contextos e situações que se dão na rede de relações da formação universitária em saúde, para desvelar questões relacionadas à justiça social que interpenetram estruturas pedagógicas, políticas e organizacionais, trazendo à superfície situações, questões e contextos ainda velados e considerados polêmicos. No entanto, muitas vezes não são vistos como uma questão de justiça, aliás, sequer são enxergados como um problema.
Sempre nos causou estranheza que as exigências sobre o perfil de profissional de saúde ético e socialmente responsável se mantenha na esfera do “aprender a ser” (humanizado, politizado etc.), sem o questionamento sobre quem estes estudantes “são e estão sendo” ao longo de seu processo de formação. Desta forma, temas como violência, preconceitos, abusos de poder, discriminação e assédio sexual são investigados nesta pesquisa.
Utilizamos uma perspectiva de justiça - dos funcionamentos, de Maria Clara Dias, que define funcionamentos como estados ou ações (ser/fazer) que, “sob o ponto de vista da constituição da identidade do próprio indivíduo, devem ser reconhecidos como básicos ou fundamentais”.



Objetivos
O objetivo geral é analisar, à luz de uma perspectiva de justiça, contextos e relações de um processo de formação universitária em saúde (odontologia).
Os objetivos específicos são: Verificar os funcionamentos que são básicos para a identidade moral dos estudantes na esfera de justiça social; Verificar e analisar as condições, interações e processos que ampliam ou prejudicam estes funcionamentos; Identificar as condições de possibilidade para ampliar e não prejudicar estes funcionamentos levantados pelos próprios estudantes e professores como básicos na perspectiva de justiça social;



Metodologia
Utilizamos uma metodologia qualitativa, com uma combinação de entrevistas individuais e grupo focal, gravados na íntegra, colhidos no período entre fevereiro e julho de 2014 em uma universidade pública, em um curso de odontologia. Participaram estudantes (15 em entrevista individual e seis em grupo focal) e professores (oito) – incluindo um representante da coordenação de curso.
Para a escolha dos entrevistados, os próprios participantes da pesquisa que, ao final da entrevista, já conhecedores do teor das perguntas, indicavam possíveis estudantes ou professores que poderiam dar importantes contribuições. Quanto ao período que os estudantes cursavam, dividimos os estudantes em G1, que cursavam do segundo ao quarto período (oito estudantes), e G2, que cursavam do sexto ao último período (sete estudantes). E, para garantir o anonimato dos participantes, os nomes utilizados para identificar as falas são fictícios.



Discussão e Resultados
Existe um fio condutor que atravessa uma formação que se deixa escapar de violências, e hierarquias maléficas, de modo interrelacionado. Dos microprocessos pedagógicos autoritários e infantilizantes às violências, à discriminação e à exclusão social, está se formando uma única rede que reproduz injustiças na relação professor-estudante-paciente. As violências não originam de uma mesma natureza, mas um contexto alimenta o outro. O quanto uma conformação hierarquizada do curso alimenta uma relação de abuso de poder que reverbera na relação com estudantes e com pacientes. E o quanto, nesta conformação, os estudantes em desvantagem social e de gênero tornam-se ainda mais vulneráveis, e isto alimenta uma falta de diversidade que, subjetivamente, produz muito para este futuro profissional de saúde. Temos, ainda, uma norma social elitista que atravessa todas as interações. Para que se possa compreender e buscar solucionar a violência, o desrespeito, a discriminação, sejam estas explícitas ou ocultadas, é preciso ter este entendimento sobre o quanto as normas sociais, as relações de poder e as estruturas de cada curso são legitimadas e operam no cotidiano destas formações.


Conclusões/Considerações Finais
Os funcionamentos dos estudantes encontrados são: Ação moral, social e política; reconhecimento e respeito à diversidade; autorrespeito, confiança e integridade emocional e integridade física e moral. A análise dos funcionamentos conseguiu desvelar os microprocessos institucionais e pedagógicos que estão sendo justos ou injustos nesta formação e indicar caminhos como condições de possibilidade para viabilizar tais funcionamentos. Ficou claro que existe um longo caminho para que possamos considerar que a justiça social seja um tema abordado e praticado no interior da universidade. Sua relevância para a formação de profissionais de saúde não pode ser negada e a violência como parte desta formação tampouco pode ser naturalizada.
Por hora, enquanto temos uma reprodução das injustiças sociais formando profissionais de saúde que poderão continuar reproduzindo tais injustiças, negamos naturalizá-las e precisamos deixar as vozes ecoarem.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação