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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 39 - Cuidado Materno-Infantil, Parentalidade, Saúde da Criança

10850 - INTEGRALIDADE, CUIDADO E SAÚDE MATERNO-INFANTIL EM UM ACAMPAMENTO CIGANO CALON DO RIO DE JANEIRO
CLÁUDIA VALÉRIA FONSECA DA COSTA SANTAMARINA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, FATIMA MARIA GOMES DA ROCHA - FIOCRUZ - IOC, SANDRA LÚCIA FILGUEIRAS - SES-RJ


Período de Realização da experiência
De maio de 2012 a setembro de 2015.


Objeto da experiência
Gestantes, puérperas e bebês ciganos da etnia Calon, que vivem de modo itinerante e que acamparam na cidade de Rio das Ostras, no Estado do Rio de Janeiro, no período de realização.


Objetivo(s)
Conhecer e analisar a relação de gestantes e puérperas ciganas com unidades básicas de saúde e seus efeitos na saúde do bebê, considerando os princípios da universalidade e da integralidade do Sistema Único de Saúde. Contribuir no debate sobre a adoção de perspectivas interculturais nas ações de saúde como prerrogativa para a promoção do acesso ao cuidado por populações ciganas nômades.


Metodologia
Observação participante com quatro mulheres ciganas acampadas no município de Rio das Ostras, com utilização de entrevistas semi-estruturadas e abordando os aspectos relacionados à gestação, parto e saúde de seus filhos. Adotando a perspectiva qualitativa, analisamos o conteúdo das observações e entrevistas com base nos referenciais teóricos dos estudos pós-coloniais e considerando os princípios de Integralidade, Equidade e Universalidade que regem o Sistema Único de Saúde. Ponderou-se para as análises a diferença epistemológica que orienta as práticas em saúde dos serviços públicos e das mulheres entrevistadas. Os conteúdos das entrevistas foram organizados em três eixos de análise: a percepção da gestante cigana sobre a necessidade de cuidado durante a gravidez e o parto, o acesso ao cuidado integral durante o pré-natal e parto e cuidados de saúde recebidos relacionados ao bebê.


Resultados
A percepção das gestantes ciganas acampadas sobre a necessidade de cuidado durante a gravidez, parto e puerpério é orientada por visões de mundo ancoradas em práticas culturais distintas das de seu entorno não-cigano. Essa diferença produz iniquidades pouco problematizadas por gestores da saúde. Duas ciganas entrevistadas fizeram pré-natal de forma irregular. As outras duas, com vida mais itinerante, não consideraram necessário realizar o pré-natal. Das quatro gestantes, que realizaram parto em hospital, apenas uma voltou ao serviço de saúde para uma consulta pediátrica. Em seu retorno, não recebeu orientações adequadas à sua condição de vida e suficientes para suprimir a doença de seu bebê. As ações de saúde no pré-natal das duas mulheres e no parto das quatro mulheres foram ineficazes para que adotassem novas práticas de saúde durante a gestação, o puerpério e 1º ano de vida da criança.


Análise Crítica
A noção peculiar de tempo dos ciganos itinerantes, seu modo de aprendizado oral e seus deslocamentos frequentes demandam práticas organizadas dentro de uma lógica diferente da urbana, sedentária/geográfica e letrada. A acessibilidade ao pré-natal, parto e acompanhamento materno-infantil em unidades de saúde é insuficiente diante de suas necessidades. A nota técnica do CONASEMS de 10 de maio de 2016 - Portarias 958 e 959, recomenda “o fortalecimento de possibilidades da autonomia do gestor em organizar o sistema local com estratégias que melhor respondam as necessidades de saúde do território” e “o estabelecimento de nova modalidade de equipe com financiamento adequado, para além das modalidades existentes, contemplando a ampliação das ações de saúde e a perspectiva do desafio da transição demográfica e o perfil epidemiológico da população”, o que permite ao gestor regional viabilizar modos eficazes de beneficiar a saúde de famílias ciganas acampadas via Estratégia Saúde da Família.


Conclusões e/ou Recomendações
As ações de saúde junto aos ciganos precisam ser problematizadas. Incorporar à ESF o cuidado em saúde como “(…) um diálogo entre cuidador(es) e cuidando(s) nos quais os objetos da intervenção, os meios para realizá-la e as finalidades visadas são definidos com saberes e experiências, científicos e não científicos, dos profissionais e usuários, de modo compartilhado, de forma a identificar e mobilizar os recursos necessários para se prevenir, tratar e recuperar situações de saúde” (AYRES et al, 2012) é inadiável para a adoção de uma perspectiva intercultural nas práticas de saúde cotidianas.


Realização:



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