Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 39 - Vulnerabilidade - Aspectos Conceituais/Casos Específicos

10874 - RUAS, VIELAS; BECOS, PINGUELAS: PONTO DE ENCONTRO DA JUVENTUDE APENAS COM “COISAS ERRADAS”?
THAÍS FABIANA FARIA MACHADO - UNIFESP/BS, EUNICE NAKAMURA - UNIFESP/BS


Apresentação/Introdução
Em um contexto de violência urbana, o espaço público tem sido abandonado pelas mais diversas formas de privatização da vida, entre elas, as habitações entrincheiradas que revelam tanto a arquitetura do medo quanto o processo de guetos voluntários formado por condomínios fechados. Em contrapartida, os bairros periféricos, com os chamados aglomerados subnormais, sugerem que o espaço público e o privado quase se confundem, havendo, portanto, escassas formas de proteção. Acrescenta-se a essa forma de vulnerabilidade a violência simbólica que é produzida pelas formas desiguais de habitar a cidade em seu contexto particular de segregação. Bairros considerados violentos têm implícito o estigma de que todos os seus moradores são suspeitos. Esta concepção colabora tanto para a discriminação entre seus munícipes quanto para a atuação abusiva da polícia militar que, em nome da segurança e em conflito com narcotraficantes, contribui com as estatísticas de letalidade de jovens, envolvidos com o crime ou confundidos com criminosos. O Mapa da Violência de 2015 denuncia que o perfil do homicídio juvenil é masculino, negro, entre 15 e 29 anos e já é considerado um problema de saúde pública.


Objetivos
Identificar junto aos jovens moradores da Zona Noroeste de Santos/SP significados da violência vivida e presenciada e as possíveis formas de enfrentamento desta para além dos serviços públicos ofertados, com destaque para as produções artísticas e as práticas de lazer criadas, reinventadas ou reapropriadas nos espaços coletivos. Trata-se da identificação, portanto, da intersecção entre violência, juventude da periferia, manifestações artísticas e saúde na confecção da teia de apoio comunitário, segundo as visões e as práticas dos jovens entrevistados e acompanhados em seus trajetos cotidianos.


Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, privilegiando-se o método etnográfico, com o uso da entrevista em profundidade, com roteiro semi-estruturado e observação participante como ferramentas. Essa combinação complementar de entrevista e observação participante foi possível através de um olhar e um ouvir treinados previamente pela teoria antropológica a qual orienta os pesquisadores a se inserirem em uma cultura desconhecida destituídos das posturas objetivista e etnocêntrica situando-se em campo atento à intersubjetividade. A etapa inicial da pesquisa também contou com a revisão bibliográfica sobre os temas das violências urbana e simbólica atuando em conjunto nos casos de homicídio juvenil, assim como os temas das práticas artísticas de jovens da periferia das grandes metrópoles brasileiras em espaços públicos como forma de expressão explicitamente subversiva e implicitamente política tanto pela transposição das fronteiras entre periferia e centro quanto pela ocupação festiva da rua.


Discussão e Resultados
Foram realizadas quatro entrevistas individuais com três meninos e uma menina e um grupo focal com três meninos em uma Organização Não-Governamental chamada Instituto Arte no Dique a qual oferece apoio sociocultural para diversos públicos. Esta instituição está localizada no bairro Rádio Clube, um dos doze bairros que compõem a Zona Noroeste da cidade de Santos/SP e que faz fronteira não só com o centro, mas também com a favela de palafitas. Foi possível fazer um mapeamento dos lugares que os jovens acessam dentro e fora da periferia e o olhar que estes lançam sobre jovens envolvidos em organizações criminosas no seu bairro, assim como a percepção do olhar incriminador de moradores de outros bairros sobre eles. A dificuldade em encontrar participantes do sexo feminino indicou um aspecto a ser analisado entre espaço público e gênero. A arte apareceu para estes participantes como um fenômeno transformador aliada à educação, ao desenvolvimento pessoal e profissional e um distanciamento dos apelos do crime. As ruas no entorno desta instituição ganharam outras denominações e utilizações devido às atividades festivas e lúdicas realizadas, assim como à história compartilhada e vivenciada.


Conclusões/Considerações Finais
Mesmo com resultados parciais, foi possível apreender como os jovens participantes da pesquisa lidam com a vida em meio a um cenário de violência cujas principais vítimas se assemelham a eles tanto no perfil quanto na proximidade espacial. A presença da referida ONG, em especial, tem promovido visibilidade para alguns jovens artistas da região que se identificam com o seu projeto e têm condições de dar continuidade a ele. Os espaços públicos caracterizados pelas ruas, praças e beira de mangue foram os locais elencados para festas, bailes e campeonatos esportivos, demonstrando que a arte e o lazer são produzidos na comunidade de forma autônoma, coletiva e criativa constituindo significativos pontos de encontro e de produção de cultura. As ruas têm horário específico para se transitar com segurança devido ao toque de recolher de narcotraficantes e à presença ostensiva da polícia militar, mas também têm formas de ocupação que resistem e enfrentam essas adversidades.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação