11/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 17 - Itinerários Terapêuticos nos Diferentes Sistemas de Cuidado e Redes de Apoio |
10886 - GESTÃO DO CUIDADO EM REDE: ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIAS DO SUS COM CÂNCER DE MAMA EM CAMPINAS-SP ANA LUCIA MONTINI RIBEIRO - UNICAMP, MARIA DA GRAÇA GARCIA ANDRADE - UNICAMP
Apresentação/Introdução Dentro da Estratégia de Saúde da Família, a Atenção Básica (AB) aparece como coordenadora do cuidado, ou seja, é responsável pelo usuário mesmo após ele ser encaminhado para outros níveis de atenção. Entretanto, muitas podem ser as dificuldades encontradas pelo usuário ao longo desse percurso. Especialmente quando se trata de usuárias com câncer de mama, podemos pensar na importância de uma rede bem articulada e no quanto é importante haver coordenação do cuidado para evitar sua fragmentação. Além de existir legislação específica que garante os direitos assistenciais do paciente com câncer, esta patologia exige cuidado multidisciplinar, fazendo com que o usuário passe por diversos serviços e profissionais e, frequentemente, perca o vínculo com sua unidade de origem. O município de Campinas-SP conta com uma ampla rede assistencial, que abrange os diversos níveis de atenção. Podemos então questionar o quão amplo é o poder da Atenção Básica em acompanhar o usuário independentemente de qual ponto da rede ele esteja e também como está a comunicação entre os diversos serviços que irão assisti-lo, entendendo que esse também é um ponto determinante na coordenação do cuidado.
Objetivos Objetivo geral: Compreender como está ocorrendo a coordenação do cuidado a usuárias com câncer de mama no município de Campinas/SP e o papel da Atenção Básica nesta coordenação. Objetivos específicos: Reconstituir o itinerário terapêutico de usuárias com câncer de mama, identificando elementos relacionados à coordenação do cuidado; verificar a situação do vínculo entre as usuárias e sua unidade de origem após o encaminhamento para o serviço de referência; analisar a comunicação entre os serviços da rede de saúde envolvidos na atenção às participantes do estudo.
Metodologia Pesquisa qualitativa, envolvendo concepções e práticas acerca do processo de cuidado em saúde. As participantes foram mulheres com câncer de mama, atendidas no SUS Campinas. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e audiogravadas e reconstituídos os itinerários terapêuticos percorridos na busca por assistência. Para isso foram consideradas as percepções das usuárias sobre os atendimentos recebidos, exames e procedimentos realizados, dificuldades enfrentadas e tempo de espera. Foi realizando o mesmo procedimento de entrevista com profissionais e gestores de saúde, abordando questões relativas ao vínculo, coordenação do cuidado e comunicação entre os serviços. Foi realizada análise temática de conteúdo considerando as categorias temáticas: vínculo, gestão do cuidado e comunicação na rede de serviços, triangulando os relatos de usuárias, profissionais e gestores.
Discussão e Resultados Foram reconstituídos os Itinerários Terapêuticos de sete usuárias, das quais cinco foram diagnosticadas com câncer de mama e duas estavam em processo diagnóstico. Observou-se que, de forma geral, as usuárias perderam o contato com a Unidade Básica de origem após o encaminhamento para serviço de referência. Nenhuma delas relatou qualquer contato de sua unidade para saber sobre sua condição de saúde. Ao contrário, algumas delas interromperam o seguimento clínico que faziam e não conheciam mais as pessoas da equipe caso necessitassem ajuda. Na maioria dos casos, houve uma avaliação muito boa do atendimento recebido nos serviços especializados, principalmente em relação à atenção e esclarecimento dados pelos médicos e à rapidez no agendamento da biópsia e início do tratamento. De forma geral, apesar do cuidado recebido na rede ter sido bem avaliado quanto à qualidade e prazos, a comunicação entre os serviços ainda é apenas burocrática, além de pouco frequente, como relataram os profissionais, e a Atenção Básica apresentou baixo protagonismo como coordenadora do cuidado.
Conclusões/Considerações Finais No município do estudo, existem iniciativas para melhoria da qualidade e maior integração entre os serviços de diferentes densidades tecnológicas. Ainda é necessário maior empoderamento da Atenção Básica para que possa assumir a coordenação do cuidado, assim como o apoio do conjunto da rede na construção da atenção integral. O vínculo com a equipe continua sendo a melhor forma de identificar as necessidades e intervir de forma oportuna. Apesar da inegável sobrecarga de tarefas da Atenção Básica, observou-se nela e nos serviços de referência, agilidade e responsabilidade com as usuárias com câncer de mama, num cenário composto por oferta assistencial razoável, assim como iniciativas de trabalhadores da AB que se dispuseram a reinventar seus processos de trabalho no sentido da ampliação do cuidado. A Atenção Básica precisa urgentemente ser valorizada em sua potência para que a mudança desejada no modelo assistencial possa ocorrer de fato nas redes de saúde.
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