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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 41 - Saúde e Violência contra LGBT

10904 - A VIOLÊNCIA COMO ROTINA NA VIDA DAS TRAVESTIS
RAFAELLA CORCINI SANCHOTENE - CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO, MARTHA SOUZA - CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO, DANIELE FELICIANI TASCHETTO - CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO, MARIELLE KULAKOWSKI OBEM - CENTRO UNIVERSÁRIO FRANCISCANO, RAQUEL FRIEDRICH - CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO, PAMELLA SANGOI MARTINS - CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO


Apresentação/Introdução
O tema travestis vem recebendo atenção crescente nos últimos tempos. Ainda na década de 1990 discutiu-se, por meio de uma etnografia, aspectos da vida das travestis, incluindo as questões de gênero, promiscuidade sexual e marginalidade (SILVA, 1993). Também nesta década desenvolveu-se, na Bahia, uma etnografia com travestis, abordando aspectos sobre prostituição, gênero, sexo e cultura (KULLICK, 2008). Na década de 2000 estas discussões se ampliaram, estudos foram realizados sobre: as práticas das travestis para a montagem do corpo (BENEDETTI, 2005); o modelo preventivo DST/aids (PELÚCIO; MISKOLCI, 2009); montagens e desmontagens travestis sob a ótica da Teoria Queer (DUQUE, 2009); exploração dos discursos militantes relativos a diferenciação entre as identidades coletivas de travestis e transexuais brasileiros e sua repercussão nas demandas e proposições de políticas públicas de saúde (CARVALHO, 2011); e, as conexões que se estabelecem entre as várias espacialidades relacionadas entre a prostituição travesti (ORNAT, 2011), entre outros. Os estudos permitiram ampliar o entendimento sobre as travestis, promovendo reflexões sobre questões de gênero e políticas públicas.


Objetivos
O objetivo geral deste trabalho foi compreender como as travestis que se prostituem no município de Santa Maria vivenciam a violência no seu cotidiano. Para tanto, acompanhou-se as diferentes trajetórias percorridas pelas interlocutoras nas suas rotinas diárias. Esses deslocamentos, muitas vezes inusitados, revelaram trajetórias complexas no enfrentamento da vida da travesti e do quanto à violência é uma constante nas suas trajetórias.


Metodologia
É um estudo de natureza qualitativa, descritivo exploratória, realizado com travestis que se prostituem, no município de Santa Maria, RS. Participaram da pesquisa 16 travestis, maiores de 18 anos. Os dados foram coletados no período de maio a agosto de 2014 e foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas. Para a coleta dos dados foram acessados os pontos de prostituição e residências de travestis. Os resultados foram analisados seguindo as orientações metodológicas de Minayo (2003). Após a concretização deste processo, realizou-se uma discussão dos achados, pela aproximação com a literatura já existente e pertinente à temática. A aceitação dos sujeitos foi efetivada com a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a fim de garantir a observação dos princípios éticos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário Franciscano com o número 017.2010.2.


Discussão e Resultados
Percorrer diferentes itinerários exige, por parte das travestis, cuidados nos espaços frequentados para desviarem dos preconceitos. Para alcançar o objetivo de compreender como as travestis que se prostituem no município de Santa Maria vivenciam a violência foram levantadas três Unidades Temáticas.
Os espaços negados: As interlocutoras denunciam que as primeiras rejeições surgem na própria família biológica, o primeiro espaço que se espera receber cuidado.Outro espaço negado para as travestis é o espaço escolar e a única estratégia de cuidado encontrada para desviar o preconceito é abandoná-lo, fator que dificulta o acesso ao mercado de trabalho.
A violência em todo o lugar: A simples presença das travestis em lugares públicos provocam reações contrariadas.As travestis, por não serem do gênero apropriado, são consideradas seres abjetos e têm a sua própria humanidade questionada (BUTLER, 2002), sendo, muitas vezes, discriminadas e agredidas.
Ninguém acredita em travesti: As travestis encontram-se coibidas de denunciar a violência pelo medo de serem criminalizadas. É comum, mesmo sendo vítimas, transformam-se em agressoras nos boletins de notificação.


Conclusões/Considerações Finais
Este estudo evidenciou que todas as entrevistadas já sofreram algum tipo de violência em diferentes espaços. As poucas que procuram delegacias de polícia para denunciarem essas situações, encontram dificuldade na credibilidade de suas histórias. Mesmo que de forma velada, a violência também ocorre nos espaços que deveriam cuidar da sua saúde. Para as travestis, procurar os serviços públicos de saúde torna-se um desafio, pois além da dor física elas se deparam com o preconceito. Portanto, é necessário preparar os profissionais da saúde para que prestem um cuidado efetivo que abranja todas as necessidades das travestis, fazendo com que elas sintam-se acolhidas e respeitadas, e, assim, consigam procurar os serviços de saúde sempre que necessário. Nessa perspectiva, é preciso ampliar os espaços de discussões sobre o tema, na busca por políticas públicas eficazes no combate ao preconceito e pela valorização do exercício pleno da cidadania, minimizando a violência enfrentada pelas travestis.


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