Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 39 - Migração e Saúde 01

10944 - SAÚDE DAS MULHERES BRASILEIRAS E SUAS FAMÍLIAS NO JAPÃO
REGINA Y. MATSUE - UNOCHAPECÓ/UNIFESP


Apresentação/Introdução
O Japão mantém uma política restritiva à entrada de trabalhadores estrangeiros. Entretanto, os descendentes nipônicos são aceitos pelo fato de pertencerem a uma linhagem familiar japonesa, ainda que seja um vínculo distante. No discurso oficial do governo japonês, há uma alusão aos laços de consanguinidade e pertencimento dos filhos e netos de japoneses nascidos no exterior. Desse modo, a entrada desses trabalhadores representou uma forma de aliviar o problema da carência de mão de obra, ao mesmo tempo em que se buscava manter a ideologia da homogeneidade racial. Os nipo-brasileiros são racialmente japoneses, mas “falharam” por serem culturalmente brasileiros e por não possuírem o domínio do idioma e da cultura japonesa, como se esperava. Assim, são discriminados como brasileiros no Japão, caracterizando-se como uma diáspora dual (Linger 2001; Tsuda 2006). Atualmente, há aproximadamente 215 mil brasileiros que vivem e trabalham no Japão. Estima-se que 45 por cento desta população é constituída de mulheres (Yamanaka, 2005). Os brasileiros tendem a viver isolados em suas comunidades, sem muito contato e apoio da sociedade local.


Objetivos
Nesse contexto, são escassos os que abordam a condição da mulher trabalhadora brasileira no Japão. As mulheres brasileiras enfrentam práticas discriminatórias no ambiente de trabalho. O salário pago às brasileiras chega a ser um terço menor do que o dos homens, mesmo que estas realizem as mesmas funções que eles. Nesse cenário, este estudo visa investigar: Como está a condição de saúde da mulher brasileira? E, como é o acesso à atenção à saúde para estas mulheres?


Metodologia
O trabalho é fruto de uma etnografia realizada no Japão. A pesquisa de campo ocorreu de abril de 2003 a março de 2006 e de janeiro a abril de 2008. Esta incluiu visitas periódicas às comunidades de brasileiros em várias localidades da região de Kanto (províncias de Ibaraki, Tochigi, Saitama e Gunma). Nas províncias de Saitama e de Gunma, foram realizadas visitas constantes às cidades com grande concentração de brasileiros, tais como Kumagaya, Ota e Oizumi. Em Tochigi e Ibaraki, visitas semanais foram feitas em Moka, Mitsukaido, Tsuchiura e Ishige, que possuíam pequenas comunidades de brasileiros. Nestes locais, realizou-se observação participante das atividades, celebrações e reuniões informais dos brasileiros e aproximadamente 30 entrevistas-narrativas de história de vidas com brasileiros (15 mulheres e 15 homens). As entrevistas versavam sobre o trabalho, as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros, questões de saúde e bem-estar, perspectivas para o futuro, dentre outros tópicos.


Discussão e Resultados
Os brasileiros são contratados por meio das grandes empreiteiras que terceirizam seu trabalho para pequenas empresas que fornecem peças às grandes indústrias. Nessa situação, empregadores têm se eximido da obrigação de inclusão dos migrantes ao sistema de seguro-saúde e previdência social, o que não ocorre com os trabalhadores japoneses. Neste contexto, desfavorável ao trabalhador migrante, as brasileiras que migraram em idade economicamente ativa acompanhadas de seus cônjuges e filhos enfrentam um ambiente de trabalho ainda mais precário do que os homens. Assim sendo, as dificuldades de acesso à atenção médica pelos migrantes passa pela questão da forma precária do contrato de trabalho, com o predomínio da informalidade e a condição de trabalho temporário. A trabalhadora brasileira representa uma mão de obra descartável de baixo custo; mais barata que seus compatriotas masculinos, contribuindo, assim, para a preservação do modelo de produção que discrimina e explora as mulheres. Esta situação pode exercer, ao longo do tempo, um efeito negativo na qualidade de vida destas mulheres, tornando-as vulneráveis a problemas de saúde variados.


Conclusões/Considerações Finais
A maioria dos brasileiros desconhecem as leis vigentes no Japão de segurança e higiene no trabalho. A possibilidade de seguro-saúde da prefeitura não é generalizado entre os trabalhadores brasileiros devido ao seu alto custo. Desse modo, ficar doente ou sofrer um acidente significaria perder o emprego, ter que retornar a seu país ou permanecer no Japão enfermo e em condições de vida precárias, sem assistência médica (Kawamura, 2008). A natureza do trabalho pesado e sujo em longo período diário facilita a ocorrência de distúrbios de saúde de várias modalidades, desde lesões, contusões, doenças respiratórias e cardiovasculares, alergias até estresse e doenças psíquicas. Assim, a falta de acesso ao sistema médico leva a exclusão do migrante de outras formas de participação social no trabalho e na vida cotidiana, quando não à incapacidade física e mental ou à morte.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação