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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 26 - Emancipação, Educação e Análise Social

11004 - DIÁLOGO E APRENDIZAGEM TRANSDISCIPLINAR: MEMÓRIAS SOBRE O USO E ABUSO DE DROGAS A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS E VIVÊNCIAS NA NEJA
PRISCILA TAMIASSO-MARTINHON - UFRJ, FRANCISCO JOSÉ FIGUEIREDO COELHO - UFF, MÁRCIA ARAÚJO - UFF, PATRÍCIA DE CÁSSIA PORTO - UFF


Apresentação/Introdução
Desde a Segunda Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Adelaide (1988) cresce a necessidade de promover, não só políticas públicas, mas também responsabilidade social em saúde, principalmente no que concerne o uso abusivo de drogas, sejam estas licitas ou não. A relevância dessa temática também é sinalizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que reconhecem a importância de uma abordagem transversal do assunto nos currículos de todos os níveis da educação básica. Apesar da existência de regulamentação para formação continuada de professores na área de prevenção ao uso indevido de drogas (Lei nº 11.343/2006), e de fortes recomendações na implantação de projetos pedagógicos sobre o tema, há visivelmente uma resistência em se desenvolver trabalhos nesse sentido nas salas de aula. Contudo, esse assunto em si permeia toda e qualquer disciplina, e sua discussão pode estimular o raciocínio crítico diante de temas específicos, com base na inserção da realidade social.


Objetivos
A luz de Paulo Freire (1996), Carlini-Cotrim (1998), Minayo (2012), Acselrad (2015), e, partindo das memórias de alunos da turma 201, ensino EJA noturno do CEPAP (Colégio Estadual Professora Antonieta Palmeira), objetivou-se: (i) debater as diferentes experiências e vivências emergidas, (ii) legitimar os diferentes contextos, (iii) refletir sobre as múltiplas possibilidades de abordar o tema sob um viés transdisciplinar, (iv) fomentar e promover não só uma discussão participativa, mas também a autonomia de pensamento na escola, livre de julgamentos e preconceitos.


Metodologia
A pesquisa, cujo contorno é qualitativo, tem por base o entendimento das experiências e vivências dos sujeitos de pesquisa quanto ao tema drogas, a partir da autobiografia das experiências e vivências em relação ao tema, considerando esses fatores como primordiais para o efetivo aprendizado, rodeadas e nutridas de concepções, ideologias e subjetividades. Após o esclarecimento do propósito da pesquisa e da participação voluntária, os alunos foram orientados que teriam o tempo que precisassem para realizar seu registro, limitado pelo período final das aulas do turno. A turma 201, até o início de março de 2016, contava com 29 alunos matriculados, destes 20 são alunos frequentes. A partir da análise técnico dialógica dos dados coletados e dos referenciais teóricos, foi estabelecida uma proposta transdisciplinar e estratégias pedagógicas de abordagem ao tema, no grupo em específico e na escola em geral.


Discussão e Resultados
No universo de 20 alunos, 13 alunos (10 homens e 3 mulheres) registraram suas memórias, ou seja 65 % dos alunos da classe forneceram os dados para análise. Nelas foram identificados 5 núcleos característicos (NC), cada qual englobando categoria; ideias centrais; número de autobiografias (que contém essa ideia); número de auto registro (pessoas que falaram sobre si); número de registro próximo (experiência alheia: amigos). São estes: NC1={apoio familiar, “boa educação familiar é importante para se distanciar do uso”, 9, 2, 7}; NC2={nocividade, “quem usa drogas comete ações nocivas”, 6, 2, 4}; NC3={religiosidade, “a religião ajuda as pessoas a fugir/sair das drogas”, 5, 2, 3}; NC4={vulnerabilidade emocional; “os próximos que usaram passavam por problemas emocionais (psíquicos) em suas vidas”, 6, 3, 3}; NC5={Influências sociais, “a pessoa usa ou usou droga a partir de influências de pessoas próximas, relacionamentos que usavam, amigos ou parentes”, 8, 4, 4}. Apesar das ideias serem resgatadas em mais de uma autobiografia, nenhuma articulou as cinco ideias centrais, contudo encontramos quatro delas distribuídas em quatro registros.


Conclusões/Considerações Finais
A autobiografia se revelou um instrumento de coleta de dados eficiente para apurarmos as memórias discentes quanto ao uso e uso abusivo de drogas pelos estudantes da turma NEJA 201, evidenciando que a criação de espaços dialógicos sobre temas tabus são de grande eficácia, com vistas a construção de um conhecimento sobre drogas, lícitas ou não, mais humanizado e menos proibicionista. Nesse sentido, é sugestivo desmistificar o estigma do usuário como vítima isolada de um contexto, sugerindo aos alunos um exercício de reposicionamento social. Afinal, espera-se que os sujeitos da EJA sejam multiplicadores desse diálogo, criando espaços de discussão e entendimento livres de julgamentos e preconceitos fora da escola. O hábito de realizar grupos de discussão sobre o assunto e fomentar debates em sala de aula, pode instrumentalizar os sujeitos da EJA para práticas menos tímidas de discutir o assunto.


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