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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 14 - Experiência do Viver com HIV-AIDS

11031 - FEMINIZAÇÃO DO HIV/AIDS: A EXPERIÊNCIA DE MULHERES SOROPOSITIVAS
GILCLÉCIA OLIVEIRA LOURENÇO - UNICAP, RICARDO DELGADO MARQUES DE LIMA - UNICAP, MARIA CRISTINA LOPES DE ALMEIDA AMAZONAS - UNICAP


Apresentação/Introdução
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde endossam uma triste realidade: o numero de mulheres que contraem o HIV/aids dentro de relacionamentos estáveis vem aumentando significativamente ao longo dos anos. Este dado epidemiológico não expõe apenas um problema de saúde pública, mas faz emergir uma série de reflexões sobre as relações sociais e históricas em torno do vírus.
O fato é que em uma sociedade machista e patriarcal, fato que remonta a raízes históricas, a exigência do uso de preservativo, por uma mulher, com outra finalidade que não seja a contracepção, implica em riscos que perpassam tanto as questões ligadas a afetividade, como a desconfiança do companheiro, a questões culturais ligadas ao estigma atribuído às mulheres que demonstrem conhecimento ou iniciativa no campo da sexualidade.
Desta maneira, a crescente feminilização da infecção por HIV aponta para a necessidade de se promover uma reflexão que considere as dimensões sócio-históricas relacionadas a esta síndrome, como as questões de gênero, os discursos sobre as sexualidades, os jogos de poder/saber, e os modos de subjetivação do ‘ser mulher’.



Objetivos
Este trabalho objetiva promover uma reflexão sobre as experiências de mulheres que afirmam ter contraído HIV/Aids através de relações sexuais, sem preservativo, com seus cônjuges/companheiros, a fim de problematizar como as dimensões sócio-históricas de gênero e os elementos discursivos das sexualidades se correlacionam com as vivências relativas à Aids por essas pessoas.
Entende-se a experiência como uma dimensão constitutiva da subjetivação, um processo, simultaneamente, de sujeição e resistência às normas constituídas e circulantes nos diferentes discursos sociais.



Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa, cujo projeto de estudo foi aprovado pelo comitê de ética da UNICAP. Participaram três mulheres residentes da Região Metropolitana do Recife, que afirmam ter contraído o HIV dentro de um relacionamento estável. Antes de iniciar as entrevistas, o TCLE foi apresentado e assinado pelas participantes. Fez-se uso da entrevista semi-dirigida, realizada individualmente e em lugar privado. As falas foram gravadas digitalmente e, posteriormente, transcritas.
A análise dos dados se deu através de uma análise das falas dessas mulheres, como uma análise enunciativa, onde o processo de subjetivação é o objeto de estudo, considerado como que agenciado por discursos diversos, mas sem tomá-los como explicação causal, mas condições de possibilidades para a produção de sujeitos. Trata-se de uma análise de inspiração foucaultiana e, desta forma, não se deve falar de método, apenas atitudes metodológicas.


Discussão e Resultados
As mulheres em relações conjugais estáveis, que não fazem uso de preservativo, parece não se perceberem vulneráveis ao HIV, uma vez que essa “doença”, em seus imaginários, ainda estaria ligada à prostituição, promiscuidade e relações extraconjugais.
A negociação do uso do preservativo entre essas mulheres ainda é vista como problemática, visto que, em geral, é considerado um tema constrangedor para o casal e pode propiciar discórdia, principalmente, quando se trata de relações duradouras. Neste estudo o tempo de duração do relacionamento foi apontado como fator preponderante na decisão de abolir o uso do preservativo.
A conjugalidade, como marca de estabilidade nas relações afetivo-sexual pareceu ser uma forma de controle imaginário sobe o risco de infecção. Mulheres casadas não pegam HIV - essa pareceu ser a lógica – apontando para uma maior dificuldade delas na forma de lidar com a descoberta da soropositividade para o HIV e, consequentemente, uma marca na maneira como lidam com a doença.
Entre as mulheres estudadas, a descoberta do HIV/Aids vem acompanhado da evidência de fragilidade da relação conjugal, a desconstrução do amor ideal e sentimentos que vão desde o ódio à compaixão.


Conclusões/Considerações Finais
As temáticas relacionadas ao HIV/Aids comportam tensões que vão além das questões de saúde pública, inserindo-se também em torno das sexualidades e das relações de gênero. O modo de subjetivação dessas mulheres parece ser elemento importante na maneira como construíram suas estratégias afetivo-sexuais, reiterando uma maior vulnerabilidade deste grupo social.
Os sentimentos que emergiram quando da descoberta do HIV/Aids, como ódio e revolta, podem estar ligados à posição de fragilidade e desigualdade de gênero que essas mulheres ainda precisam enfrentar. A assimetria do poder nessas relações põem em questão os ideais do amor romântico que ainda parecem ser referenciais importantes na construção de laços afetivos. A dimensão da fidelidade ou exclusividade entre parceiros permanece como dimensão a ser discutida por casais, principalmente nos arranjos heterossexuais e isso pode ser um dado importante para os profissionais de saúde que trabalham no campo da prevenção e promoção de saúde.


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