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11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 25 - Epidemias e Endemias na Produção Mídiática (II)

11034 - “UM MAL QUE INSPIRA E MATA”: UMA ANÁLISE DE DISCURSOS SOBRE TUBERCULOSE, NO JORNAL “ESTADO DE MINAS"
CATARINA MENEZES SCHNEIDER - FIOCRUZ, IARA BASTOS CAMPOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA


Apresentação/Introdução
Esta pesquisa corresponde a um mapeamento dos sentidos de tuberculose propagados pelo jornal Estado de Minas, em 2015. Partimos do entendimento de que os meios de comunicação ocupam nas sociedades atuais, fortemente midiatizadas, um papel de destaque quanto à produção e reprodução de discursos sociais. Daí a importância de compreender como se dá a seleção de determinados discursos em detrimento de outros, a partir de reportagens jornalísticas sobre temas de saúde e, neste caso específico, da tuberculose.
Neste trabalho entendemos a tuberculose não só como um “mal” infeccioso, causado pelo bacilo de Koch, mas também como “mito”, que se iguala ao da melancolia, e inspira artistas (SONTAG, 2007) ou como “doença operária”/“flagelo social” (NASCIMENTO, 2005, p.133) ou ainda como a “morte social” antecipada ao sujeito acometido pelo mal dos pulmões (BERTOLLI FILHO, 2001, p.131). Buscamos perceber, a partir dos jornais, como se dá a heterogeneidade de discursos – sejam médicos, sanitaristas, artísticos ou sociais – sobre a “Peste Branca”.



Objetivos
O objetivo geral é mapear os discursos acerca da tuberculose que circulam no principal jornal de Minas Gerais. Como objetivos específicos, temos: 1) compreender como se dá a imagem pública da tuberculose e, consequentemente, a do tuberculoso, a partir da veiculação de discursos materializados pelo jornal; 2) perceber que discursos atravessam o material publicado no jornal, sobre tuberculose; 3) investigar quais são os marcadores textuais que o Estado de Minas utiliza na construção de sentidos acerca da doença e para que sentidos eles apontam.


Metodologia
Para a realização desta pesquisa, foram coletadas, a partir do mecanismo de busca online do site do Estado de Minas, oito textualidades que mencionavam o sintagma “tuberculose”. Em seguida, recorremos à Análise de Discurso (AD), buscando “de-superficializar” os mecanismos sintáticos e linguísticos, ao olhá-los discursivamente, a partir do conceito de “matrizes de sentido”. Para Indursky (2013, p.42), “matrizes de sentido” se identificam a partir do que parafrástico, o que, nas palavras de Alves (2007, p.104), é aquilo que “repete-se ao longo dos enunciados, mas dito de forma retextualizada”. Ainda para a AD, “os processos parafrásticos são aqueles pelos quais em todo dizer há sempre algo que se mantém, [...] isto é, a memória” (ORLANDI, 2005, p. 36). A paráfrase, então, representa o retorno aos mesmos dizeres e atua no sentido da estabilização. Assim, podemos dizer que buscamos, nos enunciados extraídos do jornal, as regularidades de sentido sobre tuberculose.


Discussão e Resultados
Identificamos, a partir da análise, a predominância das seguintes matrizes de sentido: 1- “literária” – corresponde à “romantização” da tuberculose, marcada pela publicação de dizeres de poetas e artistas tísicos. Atribui-se à tuberculose um sentido associado à morte e ao sofrimento, mas de forma romântica, sugerindo que os sinais da doença serviam de inspiração; 2- “médica” – corresponde aos discursos estabilizados pelo saber científico da saúde. Aparece com os sentidos de: a) procedimentos médicos de cura, tratamento e prevenção (vacina); b) associação a outras doenças (Aids e lepra). 3- “arquitetura da saúde” – corresponde ao discurso da tuberculose como mal necessário para o desenvolvimento da estrutura de atenção à saúde de Belo Horizonte; 4- “questão de classe social” – corresponde à visão de que o pobre é mais acometido pela doença e de que a tuberculose é um problema de saúde pública. Uma quinta matriz de sentido aparece atravessando a “literária” e a “médica”. Trata-se do discurso da boemia e da vida “desregrada” (consumo de tabaco, entre outros), ora condenada pelo saber médico, ora romantizada por ser um estilo de vida do artista.


Conclusões/Considerações Finais
Predominam, no Estado de Minas, os sentidos ligados à matriz “médica”, ou seja, advindos da clínica e do saber científico acerca da tuberculose. São práticas institucionalizadas de tratamento – do isolamento nos sanatórios e das cirurgias aos medicamentos utilizados. Ao mesmo tempo, o jornal relembra o “mito” do doente artista que, ao aproximar-se da morte, parece mais inspirado e sensível. Essa variedade de sentidos que parece ser, em alguns momentos, até mesmo contraditória, encontra-se resumida no título da reportagem de 10 de agosto: “um mal que inspira e mata”.
Ressaltamos que, embora a análise aponte para repetições de sentidos, para que seja possível visualizar um mapeamento de discursos sobre a tuberculose, é necessário considerar a heterogeneidade, que é própria do discurso. Dessa forma, não silenciamos sentidos concorrentes àqueles que se destacam no material analisado.


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