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11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 14 - Experiência do Viver com HIV-AIDS

11066 - SENTIDOS DO PROCESSO "MORRER DE" PARA "VIVER COM" AIDS: EXPERIÊNCIAS À LUZ DA ANÁLISE DE DISCURSO.
CASSIARA BOENO BORGES DE OLIVEIRA - EERP/USP, FILOMENA ELAINE PAIVA ASSOLINI - FFCLRP/USP, MARIA AMÉLIA ZANON PONCE - DAE/SMS SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP, KÁREN MENDES JORGE DE SOUZA - EPE/UNIFESP, ALINE CRISTINA GONÇALVES ANDRADE - EERP/USP, ERIKA APARECIDA CATÓIA - EERP/USP, PEDRO AUGUSTO BOSSONARIO - EERP/USP, ALINE APARECIDA MONROE - EERP/USP


Apresentação/Introdução
A doença é uma experiência comum no curso da vida humana, que se produz no entrecruzamento da dimensão particular do sujeito afetado com a história social, que reflete o contexto sociocultural no qual o adoecimento é produzido e interpretado. No tocante ao adoecimento pelo vírus da imunodeficiência adquirira/síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV/aids), reconhece-se que os progressos científicos têm impactado positivamente no tempo de sobrevida após o diagnóstico. Por conseguinte, a condição crônica que se relaciona ao longo tempo de infecção viral, a presença de comorbidades e aos aspectos psicossociais, simbólicos e experienciais relativos à doença, tornaram-se parte do processo de (con)viver com a aids. Para compreender a produção de sentidos dessa condição crônica enquanto objeto simbólico, assume-se o referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso de matriz francesa, edificada na Linguística (considerando a opacidade da língua), no Marxismo (a partir do materialismo histórico) e na Psicanálise (na relação do inconsciente e da ideologia afetando o sujeito).


Objetivos
A questão norteadora deste estudo é: “que sentidos são atribuídos à experiência de viver com a aids por tempo prolongado?”. Com essa direção investigativa, o objetivo desta pesquisa foi compreender os significados discursivos de (con)viver com a aids em cronicidade.


Metodologia
Estudo qualitativo, cujos dados foram produzidos entre abril e agosto de 2015 no serviço de atendimento especializado em doenças infectocontagiosas de um município de médio porte no interior do estado de São Paulo. Como critério de inclusão amostral, considerou-se sujeitos de ambos os sexos em tratamento da aids desde o ano 2000, excluindo-se os casos de abandono do tratamento. Foram entrevistados 11 sujeitos, por meio da técnica de entrevista semidirigida. Os relatos foram áudio-gravados, transcritos e posteriormente tratados com recursos do software Atlas ti 7.0 (codes, families, memos, reports). O material de linguagem foi analisado à luz dos preceitos teórico-metodológicos da Análise de Discurso de matriz francesa, sendo esta uma disciplina de entremeio que visa compreender como um objeto simbólico produz sentidos, e como está investido de significância por e para os sujeitos.


Discussão e Resultados
O processo de adoecimento suscita nos sujeitos afetados posicionamentos ante as situações de doença, de modo a conferir-lhe significados e desenvolver modos rotineiros de lidar com o evento. Identificou-se discursos convergentes com a tentativa de legitimação da aids enquanto uma experiência normalizada/naturalizada no cotidiano individual e social. Acerca disso, a literatura científica aponta que embora haja uma tentativa mundial de reverberação do HIV/aids como condição crônica e, portanto, naturalizada no contexto social, o estigma ainda persistente fragiliza a concretude desse ideário. Na perspectiva discursiva, sempre haverá a tentativa de estabilização dos sentidos a partir da admissão de um mundo semanticamente normal, em que a língua é transparente, evidente. Desse modo, os sujeitos ideologicamente capturados, incorporam e reverberam os discursos. A partir disso, tem-se debruçado as análises desse estudo no sentido de compreender como essa normalização/naturalização afeta a experiência de (con)viver com a aids em cronicidade, considerando as condições de produção desses discursos e, sobretudo, a posição de sujeito assumida ante a problemática observada.


Conclusões/Considerações Finais
Este estudo traz reflexões acerca da aids enquanto um processo que, ao longo dos anos, tem migrado da noção de morte iminente para a perspectiva de condição crônica. A compreensão dos discursos sobre a experiência de (con)viver com a aids em cronicidade, pode contribuir para a produção de cuidado, haja vista a provocação de novas discussões em relação à promoção e à qualificação da assistência prestada pelos serviços de saúde. Essas reflexões são possíveis tendo em vista que a Análise de Discurso constitui-se a partir da tessitura de conceitos relacionados entre si, os quais permitem ao analista de discurso unir língua/história/sujeito e, assim, suscitar gestos interpretativos que permitem a compreensão dos sentidos circulantes.


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