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Grupos Temáticos
12/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 37 - Conceitos de Saúde e Doença: A Alteridade em Questão |
11071 - A PERSPECTIVA CIVILIZATÓRIA DAS AÇÕES COLETIVAS EM SAUDE BUCAL MARIA APARECIDA DE OLIVEIRA - SMS-SÃO PAULO, CARLOS BOTAZZO - FSP-USP
Apresentação/Introdução A Saúde Coletiva tem seu objeto de trabalho – o processo saúde e doença – discutido e posto em reflexão a partir também das relações sociais. Ao discutir diferentes explicações sobre esse processo, busca entender fenômenos, antes exclusivamente biológicos, em seus aspectos sociais, com ênfase em determinação social da saúde e doença, enquanto ressalta aspectos sociais, políticos, de classes, incorpora os sujeitos e seus modos de viver. É, portanto, nesse arcabouço teórico que a Saúde Bucal Coletiva se inscreve e propõe produção de conhecimento – prática que conjuga o conhecimento do processo saúde-doença. Tal processo ultrapassa a visão biológica da doença e busca reescrever suas práticas de assistência e cuidado que a Odontologia, tanto como profissão quanto como prática social, centralizou e ditou também como política pública. Podemos dizer que a saúde bucal coletiva pensa na totalidade das ações e práticas relacionadas à boca, o que busca transcender e até reformular os limites clínicos da sua prática. É nesse contexto que as ações coletivas em saúde bucal foram revistas neste estudo, na perspectiva do processo civilizador do autor Norbert Elias
Objetivos Compreender a perspectiva das ações coletivas em saúde bucal no contexto do processo civilizador proposto por Norbert Elias, em sua obra “ O processo civilizador” volume I e II.
Metodologia O caminho desta investigação tem filiação na metodologia da pesquisa qualitativa No caso do presente estudo realizamos pesquisa de tipo documental, que alguns autores denominam pesquisa bibliográfica.Tal modalidade de pesquisa desenvolve-se a partir do levantamento de leis, decretos e outros documentos oficiais, e pode utilizar também outras fontes, tais como jornais e revistas, publicações de qualquer tipo, imagens fotográficas e documentação visual. Além disso, utilizamos formulações teóricas de autores que se acercaram do tema, e neste sentido incluiremos um conjunto de referências teóricas presentes em livros e capítulos de livro, ensaios e artigos científicos. Genericamente,e numa concepção foucaultiana, serão aqui considerados documentos. O uso da pesquisa documental permite observar o processo de maturação ou evolução de indivíduos, grupos, comportamentos e práticas.
Discussão e Resultados Elias traz a questão do ‘civilizar’ os costumes, como um processo que altera não só o indivíduo, mas a sociedade em que ele vive, numa interdependência de fatores (controle e autocontrole de pulsões e valorização de determinadas atitudes em diferentes modos de viver).O controle dos impulsos pelo indivíduo decorre de processo associado a sentimentos de: vergonha, medo e embaraço de modo que, na mente dos indivíduos, pareçam resultado do seu livre arbítrio. Os documentos oficiais enfatizam uma proposta pedagógica de diálogo com o Outro e a busca da autonomia do sujeito nas práticas coletivas em saúde bucal. A PNSB ressalta a importância de considerar diferenças sociais e culturais para discutir alimentação saudável, manutenção da higiene e autocuidado do corpo, “considerando que a boca é órgão de absorção de nutrientes, expressão de sentimentos e defesa” Reforça que a higiene bucal é componente fundamental da higiene corporal das pessoas, mas que “para realizá-la adequadamente requer aprendizado”.Essa normatização da maneira de propor as ações coletivas, apesar de um discurso que propõe conhecer o outro e respeitar diferenças, ainda está longe de ser realizado na prática dos serviços
Conclusões/Considerações Finais Podemos inferir que, historicamente, a produção do cuidado em saúde bucal, bem como suas práticas clínicas (e mesmo quando elas se embasam pelos pressupostos da saúde coletiva), demonstram íntima e contínua relação de “civilizar” atos e ações da e para a sociedade. Na forma de discurso sem desvincular de um “como proceder na sociedade”, as ações coletivas assumiram destacado papel nas práticas e na política de saúde bucal, desde a década de 1990, e mantêm-se como verdade inexorável, mesmo que evidências não biológicas (ressaltamos aqui os fatores de determinação social para doenças bucais) insistam em desmistificar tais práticas
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