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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 1 - Potencialidades das Etnografias da/na Saúde

11080 - A CARTOETNOGRAFIA ENQUANTO PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA: REFLEXÕES INICIAIS ACERCA DE SUAS POSSIBILIDADES E LIMITES NAS CIÊNCIAS SOCIAIS EM SAÚDE
CLARICE MOREIRA PORTUGAL - ISC-UFBA, MÔNICA DE OLIVEIRA NUNES DE TORRENTÉ - ISC-UFBA


Apresentação/Introdução
As abordagens cartográfica e etnográfica têm se mostrado de grande valia no âmbito dos estudos das ciências sociais em saúde (FERIGATO; CARVALHO, 2011; NUNES, 2013). Trazendo semelhanças em diversos aspectos, como a valorização da experiência e o questionamento da pretensa neutralidade científica, as duas vertentes mostram-se potencialmente conjugáveis a fim de enriquecer investigações voltadas para processos socioexistenciais. Nesse sentido, Portugal e Nunes (2015) vêm propor a cartoetnografia como uma nova possibilidade teórico-metodológica para pensar os estudos sobre a aflição e a experiência de adoecimento.


Objetivos
Nosso trabalho visa a apresentar os aspectos teórico-conceituais concernentes à abordagem cartoetnográfica e discutir sua aplicabilidade enquanto metodologia, tomando como base a pesquisa de tese da primeira autora sobre processos de desinstitucionalização em saúde mental perpetrados por adeptos do candomblé em Salvador, Bahia. Pretendemos ainda discutir as possibilidades e limites dessa abordagem no campo das ciências sociais em saúde.


Metodologia
A elaboração da abordagem cartoetnográfica parte de uma revisão bibliográfica acerca das metodologias cartográfica e etnográfica, destacando autores como Bruno Latour, Annemarie Mol, Tim Ingold, Lauren Berlant, Suely Rolnik, Deleuze e Guattari, entre outros. Já em seu modus operandi, a metodologia funda-se em uma triangulação metodológica baseada na realização de entrevistas não-estruturadas e observação participante nos moldes etnográficos nos espaços da vida cotidiana dos atores que se propuseram a participar do estudo. A análise de dados compreende dois movimentos que se entrecruzam: o primeiro envolve uma análise inicial do material empírico a partir de categorias éticas construídas a partir dos objetivos da pesquisa e dos conceitos de atuação (MOL, 2002) e modos de existência (LATOUR, 2013) e em um segundo movimento, a análise é compartilhada em reuniões com os participantes e colegas do grupo de pesquisa.


Discussão e Resultados
Para os fins desse trabalho, reiteramos que a cartoetnografia é uma metodologia que transita entre o global e o local, subvertendo a mal fadada oposição entre agência e estrutura.O caminhar-conjunto com os participantes faz com que esse quórum esteja permanentemente aberto e com engajamento variante no curso do processo, o que permite acessar a fluidez das relações em curso nos circuitos institucionais e no âmbito da vida privada (que se confundem e interpõem frequentemente). Em nosso caso específico, percebemos que o trânsito entre os settings religioso, familiar e dos serviços formais de saúde é alinhavado por outras formas de pertencimento e engajamento no mundo, mesmo nos casos em que essa elaboração cotidiana dá-se de forma muito frágil e problemática. Além disso, observamos que tomar aquele que se propôs a participar como orientador do processo influencia diretamente o curso do empoderamento e o incremento das relações de alteridade, o que faz do pesquisador uma espécie de “novo elemento” que ajuda a pôr em questão as relações sociais e pessoais em curso e ajuda em um processo de autorreflexão acerca deste, o que pode levar à construção de novas possibilidades de atuação.


Conclusões/Considerações Finais
Podemos concluir que a cartoetnografia aparece como uma espécie de híbrido que permite, sem negligenciar a dimensão simbólica, abordar questões pertinentes ao processo saúde-doença em contextos socioculturais particulares quando aspectos relativos à singularidade são de fundamental importância para os objetivos do estudo a se realizar. No nosso caso, a conjugação entre a vida religiosa afro-brasileira e a trajetória de desinstitucionalização em saúde mental mostra-se um campo fértil para esse tipo de abordagem, já que a densidade desses microterritórios na elaboração dos territórios existenciais em questão exige pensar a partir da fruição das afecções, dando visibilidade à construção dessa experiência por meio das práticas que lhe dão forma. Emerge, portanto, como uma interessante ferramenta, pois permite acessar os aspectos mais ímpares e idiossincráticos da experiência (singular e compartilhada) dos atores, sobretudo daqueles em situação de vulnerabilidade e exclusão social.


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