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11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 5 - Saúde nas Prisões: Educação, Conhecimento, Direito

11086 - PERCEPÇÕES DOS AGENTES PENITENCIÁRIOS SOBRE AS REPERCUSSÕES DO TRABALHO EM SUAS CONDIÇÕES DE SAÚDE
VITÓRIA RUVIERI PACHECO - UFTM, CRISTIANE PAULIN SIMON - UFTM


Apresentação/Introdução
As condições do sistema carcerário do Brasil atingem todos os sujeitos envolvidos no processo prisional, pelo fato de estarem igualmente inseridos no ambiente penitenciário. A atuação dos agentes penitenciários (APs) no sistema prisional é permeada por condições de trabalho insalubres e estressantes, o que traz consequências graves em várias dimensões de suas vidas, com destaque para suas condições de saúde. As tarefas desenvolvidas por um AP são complexas, exigem preparo físico e psicológico independente da função que execute ou da unidade em que trabalhe. Isso ocorre pelo fato de serem funcionários do Sistema Penitenciário e, estarem encarregados da segurança nestes estabelecimentos. Os trabalhos científicos direcionados ao contexto prisional são escassos e em sua maioria abordam temas referentes às pessoas privadas de liberdade (PPL), pouco se discute sobre a atuação do AP e consequências ligadas à realização deste trabalho. Nesse sentido foi realizada a pesquisa “Concepções e percepções dos agentes penitenciários sobre o trabalho e repercussões nas condições de saúde”, cujo recorte sobre as percepções de suas condições de saúde dos APs são apresentadas neste trabalho.


Objetivos
O objetivo do trabalho foi compreender as percepções dos APs sobre suas condições de saúde em relação ao trabalho.


Metodologia
Trata-se de um estudo do tipo transversal, descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa. Foram convidados a participar da pesquisa os APs que atuavam em uma penitenciária da região do Triângulo Mineiro, em janeiro de 2016, e totalizavam 260 entre homens e mulheres, com mais de 18 anos, independente do nível socioeconômico, de escolaridade e do regime de trabalho, com no mínimo um ano de tempo de serviço na instituição, e trabalhavam no período diurno. Foram realizadas entrevistas individuais após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, utilizando roteiro semi-estruturado com tópicos relacionados à: dados sociodemograficos, regime de trabalho, sistema prisional, condições de saúde e trabalho, e vida social. Após transcrição das entrevistas, para análise dos dados adotamos as seguintes etapas da análise de conteúdo temática: leitura flutuante, identificação de temas, categorização e interpretação dos dados.


Discussão e Resultados
Participaram da pesquisa 18 APs com idade entre 26 e 44 anos, 11 homens e 7 mulheres, que tinham de 1 a 10 anos de tempo de trabalho. Identificamos as seguintes categorias sobre as percepções dos APs em relação a ocorrência de mudanças em suas condições de saúde após a entrada no trabalho: 1) repercussões biopsicossociais do trabalho e 2) dissociação trabalho e condições de saúde. Na primeira categoria foram relatadas como interferências biopsicossociais: dores no corpo; dores de cabeça; alterações no padrão do sono e na rotina alimentar; taquicardia; sentimento de medo devido as ameaças recebidas; ansiedade, estresse, tensão, irritação e nervosismo; pressão emocional advinda do contato com o preso e das obrigações institucionais, bem como das transformações em suas relações familiares e sociais. O trabalho foi percebido nesta categoria como tendo repercussões negativas em todas as dimensões de sua vida, as quais extrapolam o contexto laboral. Na segunda categoria, encontram-se os relatos de APs que negaram as interferências do trabalho em sua saúde sugerindo ambivalência afetiva em relação ao trabalho por meio de um processo de racionalização.


Conclusões/Considerações Finais
As percepções dos APs sobre sua saúde no contexto do trabalho foram permeadas pelas condições precárias de trabalho e pelas relações que se estabelecem com a população privada de liberdade caracterizada, principalmente, pelas frequentes ameaças que se estendem também aos familiares dos APs. O sofrimento cotidiano dos APs transforma sua rotina familiar e social, permeada pelo medo da concretização da ameaça. A racionalização adotada como defesa por alguns dos APs impede que suas angústias, medos e anseios sejam expostos, entretanto, se assim ocorresse não haveria um acolhimento de suas necessidades institucionalmente. Portanto, trata-se de uma população vulnerável no contexto do sistema prisional que tem sido negligenciada na atenção à saúde e especificamente na saúde mental. Sendo assim, espera-se com este trabalho contribuir para subsidiar as políticas de saúde do trabalhador no contexto da saúde prisional e o desenvolvimento de programas de promoção de saúde dos APs.


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