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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 1 - Novos Objetos Etnográficos

11118 - UMA OBSERVAÇÃO ETNOGRÁFICA SOBRE OS ASPECTOS DO “CARE” EM UMA “PRÉ-UPA” CARIOCA
AMANDA NASCIMENTO DE CARVALHO REIS - UFRJ, KARINA KUSCHNIR - UFRJ


Apresentação/Introdução
Compreender a Antropologia como disciplina que permite os estudos da diversidade e complexidade cultural motivou a elaboração da presente pesquisa a partir da observação etnográfica realizada pela aluna Amanda Reis, orientada pela professora de antropologia Karina Kuschnir. O método etnográfico permitiu a observação das diversas formas de interação entre os agentes presentes na “pré-UPA (Unidade de Pronto Atendimento)” – como estamos denominando o local anterior à entrada da parte interna da UPA. Esta é localizada em Botafogo, na Praça Nelson Mandela, na zona sul do Rio de Janeiro. A partir da observação participante, da elaboração do caderno de campo, da escrita de relatórios, produção de registros fotográficos e da utilização das categorias de análise antropológicas necessárias e bibliografia específica do tema e da disciplina, podem-se aprofundar os estudos sobre as dimensões do “princípio da dádiva” (Martins, 2014), relacionada ao “care” (cuidado), do processo saúde-doença e da cacofonia de “vozes autorizadas” (Barth, 2000) que ocupam o espaço pré-UPA.


Objetivos
Através de busca bibliográfica ficou perceptível a importância de realizar pesquisas etnográficas em locais como uma pré-UPA, um espaço pouco estudado, mas onde se dão interações centrais no cotidiano dos atores sociais. A pesquisa tomou a etnografia como um importante método de compreensão da visão de mundo dos agentes observados. Seu objetivo foi identificar os principais agentes no espaço de uma pré-UPA, registrando interações, aspectos visuais e linguísticos, tendo como meta compreender suas complexas noções de cuidado, saúde e doença.


Metodologia
A Antropologia desde seus primórdios entende a etnografia como o método que permite compreender a diversidade cultural e sua complexidade. A partir da orientação da professora Karina, escolhi como lugar de pesquisa a pré-UPA de Botafogo. Durante cerca de 5 meses, todas as semanas, realizei observação participante, fiz um caderno de campo, desenhei e tirei fotografias, a partir destes foram elaborados relatórios, que foram semanalmente discutidos com a orientadora. A partir da escuta minuciosa, fiz uma análise dos discursos presentes no campo para compreender melhor as interações simbólicas observadas. Consecutivamente, elegi categorias de análise que já haviam sido utilizadas por antropólogos, como Barth, Leach, Mitchell, Van Velsen e outros, buscando analisar a partir do referencial teórico antropológico as anotações, relatórios e imagens resultantes do trabalho de campo.


Discussão e Resultados
A partir da observação etnográfica e da seleção das categorias de análise, os resultados da pesquisa apresentaram-se oportunos para a discussão sobre o “care” (cuidado) e o processo saúde-doença, por meio da teoria da dádiva. Através da leitura de Barth, foram analisadas as “vozes autorizadas” presentes na pré-UPA, que foram organizadas em quatro grupos gerais: seguranças, acompanhantes dos usuários, os usuários e os profissionais da UPA. Mediante a leitura de Sahlins, percebeu-se a razão simbólica sempre presente na vida social de cada grupo, como quando o segurança é identificado como o responsável por organizar espacialmente o fluxo de dádivas entre pessoas. Ademais, buscou-se entender como ocorre a interação entre eles e a complexidade da cacofonia de “autoridades”, nos termos do autor. Muitas vezes, como propõe Leach, optou-se por análises situacionais, que permitiram a compreensão das dimensões e formas de organização da dádiva e contra dádiva, estudadas por Caillé e Martins. Os acompanhantes, por exemplo, vivenciam o cuidado materializado na espera que é experimentado através de rituais específicos, enquanto usuários são os principais “alvos” da cacofonia de “autoridades”.


Conclusões/Considerações Finais
Concluiu-se ao analisar a diversidade, heterogeneidade e complexidade das interações entre os personagens na pré-UPA, que há um sistema de prestígio, onde cada autoridade desempenha um papel num ciclo de dádivas entre seguranças, profissionais, usuários e acompanhantes. Assim, podem-se compreender as tensões e alianças que existem entre esses agentes. Estas relações são transpassadas pelas concepções de cuidado, do processo saúde-doença e de cura de cada grupo, quando, por exemplo, a autoridade do profissional entra em conflito ou aliança com a autoridade do acompanhante, que é marcada pela afetividade, hierarquia familiar e vivências. O sistema de prestígio também aparece em outras interações existentes no ciclo da dádiva. A observação etnográfica revelou, então, aspectos que podem ser ainda mais estudados a cerca das dimensões da saúde-doença cuidado, enfatizando a importância da etnografia como método de estudos das Ciências Sociais em Saúde.


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